O 1º Barrilzinho a Gente Nunca Esquece

O 1º Barrilzinho a Gente Nunca Esquece

Pela coragem de brasileiros que sonhavam um Brasil com um amor próprio à altura de sua gente.

Pela bala que um Presidente da República foi capaz de cravar no próprio peito.

Pelos milhares de brasileiros que foram às ruas.

Pelas tintas roubadas do Pica-Pau verde e Amarelo pelo escritor que sonhava com esperança de criança o futuro de seu país.

Pelos peões, puxas-de-sonda, técnicos, pelo pessoal administrativo e de apoio e engenheiros do gênio brasileiro que tiveram sim que reinventar a roda porque nada funcionava como nos livros e o mundo se fechava em nos ajudar torcendo para nada funcionar.

Por meu pai – Profº Engº Euvaldo Baptista Pereira, pioneiro fundador do CNP, Petrobrás e CENPES – que egoisticamente faço aqui representante de todos os seus irmãos e colegas, mestres e alunos, de políticos brasileiros verdadeiros, miltares patriotas, jornalistas, militantes, estudantes e cidadãos engajados que fizeram esse sonho jorrar, não do fundo mar, mas de dentro de suas próprias veias sempre saltadas pelo trabalho duro.

Somente quem já viu seu Pai sair de casa alegre, corado e saudável e voltar uma quinzena depois morto-vivo, trêmulo, esquálido, para passar uma semana inteira entre a inanição e a depressão até se recuperar, sabe do que estou falando.

Ou ainda, quem viu seu Pai voltar do Campo em prantos porque perdeu seu novo melhor amigo – qua já estava quase substituíndo seu melhor amigo anterior falecido pela exata mesma causa – depois de uma faísca, um brevísimo quase imperceptível clarão e um simultâneo e também brevíssimo som de forte sôpro, suficientes para queimaduras em mais de 70% do corpo de quem se descuidou da proteção por um único instante e pagou com a vida. Ou por causa de um outro amigo caído da “cêsta” e perdido em alto-mar… para sempre.

Quantas vezes ouvi você, Pai, você dizer que vocês sabiam que ele estava aqui e era muito, que vocês quase já sabiam onde estava a melhor parte e que a Natureza tinha apenas nos resolvido colocar à prova e feito tudo mais difícil para nos testar e acordar nossa auto-estima.

Mas, ao contrário do côro serviçal dos negadores de si mesmos, você sempre dizia que a Natureza, a mãe gentil, “podia esperar para se orgulhar de seus filhos mestiços dos trópicos porque só a gente junto tem teimosia de índio, força e destemor de africano e espírito aventureiro, de navegador, de descobridor lusitano”.

Quantas vezes, Pai, doeu mais em mim que em você – que nem ligava – o descaso de tanto que li ou ouvi de tantos Lacerdas, Kaisheks, Bobs Campos e, mais recentemente, de Casoys, FHs, Serras, Guerras e outros tantos.

E os olhares e insinuações – que você fingia que nem via mas sei o quanto doíam – que rotulavam a vocês todos como loucos e obcecados.

Louco – aliás muito canalha e sínico – é quem olha o mapa-mundi, enxerga nossa pequena imensidão no mapa e tem a desfaçatez de dizer que papai-do-céu resolveu secar tão vasto subsolo e abolir a bilenar transformação orgânica exata, específica e tão “somentemente” deste florão da América iluminado ao sol do Novo Mundo.

Que o óleo verde escuro do nosso Brasil jorre vigoroso por nosso futuro adiante e inunde seu túmulo de merecido orgulho e amarele o sorriso subalterno desses outros, amantes do alheio.

Posso, hoje, gritar o orgulho de ser criança e ver meu pai ser convidado para ganhar o quíntuplo no Texas e na Holanda, disneylândias que fazem babar a babacada geral, e colocá-los a todos para fora de nossa casa a gentis e educados pontapés.

Posso hoje livrar-me da mágoa da perseguição implacável da Ditadura que acusava de Comunista a um homem que nunca pensou em política porque só pensava em rochas, tubos e brocas. Tudo em nome do interesse de outras nações.

Mas eles conseguiram. Conseguiram fabricar no seu filho um Comunista.

Que bom! Serviu para algo positivo.

Lembra do MegaCampo Majnoon descoberto pela BrasPetro no Iraque? Pela equipe comandada pelo Engº Kachan que, com muita ombridade, reputou publicamente a descorbeta ao uso das teorias desenvolvidas pela equipe comandada por você? E que quase vai preso por isso?

Pois é Pai, os Estados Unidos destruíram o Iraque mas o campo continua lá e eles o deram de “presente” para a Shell explorar. Começa a operar em definitivo, quase 30 anos depois, em 2011. Quase desmaio quando vi a notícia.

Mas o que valeram foram, assim, sem nem dar tempo de respirar, a notícia da autossuficiência (a palavra que acho que mais ouvi em toda a minha vida) seguida da notícia do Pré-sal.

Todas me trouxeram lágrimas alegres de recordação de você.

Lágrimas, contudo, que rolaram sobre algumas rugas de preocupação quanto aos abutres que por certo começariam a rondar – e começaram – a carniça.

Mas a solução desse “contudo” já tinha um nome.

E nossa mãe Natureza – como prêmio diante de tanto esforço, brilho e superação – mandou seu filho Tempo nos ofertar esse presente.

E acho que até mandou um sinal para nossos mergulhadores lá pelas águas de Campos e Macaé.

Devem ter passado, aliás, vários sinais por eles mas eles não poderiam advinhar.

Lula!

O nome da solução era Lula.

E, para alívio ainda maior, o nome ganhou sobrenome.

Dilma!

O sobrenome era Dilma, que agora passa a ser o primeiro nome.

Mas Lula continua também.

Dilma, Lula, muitos outros e a maioria de nós!

É Pai, podem até existir vários pré-sais por ai mundo afora.

Mas, graças a vocês, somente nós somos capazes de ir tão longe e tão fundo.

O Petróleo É Nosso Pai!

A luta, entretanto, continua.

Os abutres continurão a pairar sobre nossas cabeças.

Alguns andam disfarçados. Resolveram se apropriar e usar o nome de outras aves.

Mas fique tranquilo, Pai, que O Desafio é a Nossa Energia.

Saberemos honrar seus nomes e nossos Pais e nosso País.

Mesmo que seja preciso que ofereçamos nosso sangue, suor e lágrimas como vocês o fizeram.

O Petróleo É Nosso Pai!

Viva Nós!

Viva o Brasil!

Redação

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