Os problemas e dilemas da área dos transportes

Comentário ao post “Temos de encarar o projeto de estatização do transporte

Se há uma área no setor público em que entra governo e sai governo e que permanece com os mesmos problemas, os recorrentes dilemas, é a dos transportes urbanos. Todas as capitais do país, umas mais outras menos (Curitiba), sofrem horrores com os três “is” relacionados com esse insumo (o maior, porque permeia todas as atividades – públicas e privadas – dentre os demais): incompetência, indiferença e insalubridade. As primeiras da lavra do Estado e a última a consequência para o distinto usuário(a).

Sim, porque haverá um serviço tão mal prestado à população do que os relacionados com os transportes públicos? Talvez só as carências na Segurança Pública. Dá pena e dó se ver cidadãos e cidadãs sujeitas a tão degradantes condições nos ônibus e metrôs. O tempo interminável de espera. A comparação com sardinhas em latas é até desigual, tal são os apertos em conduções lotadas e não raro sob a responsabilidade de motoristas estressados.

Mas fizemos muito para chegar a esse ponto. Todo a origem desse gargalo vem lá atrás, quando da própria escolha do modelo econômico-social para o nosso desenvolvimento, no qual a prioridade absoluta na área de transportes foi para o modal rodoviário tendo em vista as exigência por mercados de uma matriz industrial alicerçada na fabricação de veículos automotores.  

O problema não é só financeiro, de custos de passagens; nem só relativo à escolha entre ser estatizado ou privado. A coisa vai mais fundo. Nossas grandes cidades não cresceram: incharam. Ou seja, nunca os serviços públicos básicos acompanharam, nem de longe, a expansão da urbanização desenfreada a partir das décadas de 70 e 80. 

Para exemplicar esse desiderato, basta a constatação de que os metrôs das grandes cidades no mundo Londres, Nova Iorque, Paris, Moscou etc) foram construídos já no final do século XIX e início do século XX. Idem para os elevados e redes de esgotos, água e gás. Aqui, além da questão econômica, temos agudos problemas técnicos dada a disfunção apontada, qual seja, se fazer obras tardiamente quando as urbes são verdadeiras metrópoles. Fortaleza hoje passa por um verdadeiro inferno em função disso. O trânsito já caótico vira caso de polícia. 

Parafraseando os motes desse último movimento de rua, podemos afirmar com relação a esse entrave: “não é só pelos recursos, não”.

Luis Nassif

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