Para Patrícia Acioli e Tânia Maria Salles Moreira – Por uma comissão da verdade


Temos um passivo criminoso que enquanto não for tocado nos fará viver situações como esta. Os grupos de extermínios no Brasil têm raízes antigas, que se constituem, se encontram e se reforçam na ditadura militar. Neste sentido, sem uma comissão da verdade, que revolva todo este passado nebuloso de torturas e assassinatos veremos os troncos desta árvore maldita continuando a crescer como um câncer maléfico e insidioso a destruir e infectar os esforços para a construção de uma sociedade mais justa e magnânima.

Este melanoma está espalhado pelo Estado e pela sociedade civil a exigir um tratamento. Está nas palavras de Bolsonaro ao insinuar que a vítima seria a principal responsável por sua morte. Está na ação de políticos que se elegem através da defesa da pena capital, e que, em alguns casos, estão mancomunados com grupos paramilitares. Está nos comentários racistas e preconceituosos dos fóruns dos jornais da mídia conservadora. Está na tortura que mantém-se sendo praticada nos porões dos organismos de segurança brasileiros. Está nos solitários e infindáveis corredores da Justiça, tão implacáveis com os pobres, mas tão negligentes e compassivos com os ricos. Está na campanha eleitoral de Serra para presidente da república. E por conta disso, sua origem continua intocada, vigorosa a se robustecer e evoluir.
A atuação da juíza Patrícia Acioli tem semelhanças com a da promotora pública de Duque de Caxias,  Tânia Maria Salles Moreira, uma guerreira, filha de Iansã, já falecida, autora do livro “Chacina e Falcatruas”, que durante sua vida funcional enfrentou os mesmos desafios ao combater os grupos de extermínios da Baixada Fluminense. Ambas se inscrevem em um grupo seleto de profissionais da justiça compromissados com a justiça social.
Não haverá mudança neste estado de coisas, enquanto não compreendermos a atuação destas falanges assassinas como um rebotalho do autoritarismo militar. Elas se constituem não só como um exército voraz e desumano, mas também alimentam suas entranhas na ideologia da segurança nacional. Muitos destes homens que hoje pertencem às milícias fizeram parte das forças que atuaram nos organismos de repressão da ditadura, por conseguinte, esta semente ainda viceja e só poderá ser combatida por uma ação a favor dos direitos humanos, por uma comissão da verdade.
Para quem quiser compreender um pouco melhor este mundo:
Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador