Ser neoliberal ou neo-patrimonial, não é ser de direita

Por Ponyo

No Brasil não existe direita, pelo menos não de forma relevante. Infelizmente no Brasil as pessoas acham que ser de direita é não gostar de pessoas das classes mais desprivilegiadas, ser a favor da pena de morte, ser contra o aborto e coisas do tipo. Não tem nada a ver. Isto é uma visão extremamente pobre da realidade do nosso país, assim como da própria direita. O que é chamado de direita feroz é um fenômeno exclusivamente europeu, que defende a ideia de homogeneidade cultural a qualquer custo, de que valores comunitários nacionais formados por longos períodos históricos estão em risco e devem ser recuperados e preservados, assim como a ideia de humilhação dos setores nacionais frente a grupos não-nacionais, tanto internos quanto externos. Em geral, a extrema direita também defende proteção para a classe trabalhadora contra as incertezas do mercado (memso que ela realmente não aniquile totalmente o mercado como fez o socialismo soviético), ainda que esta proteção seja apenas para os trabalhadores nacionais, imersos na cultura nacional.

Em geral a extrema direita enxerga os setores rurais de seu respectivo país como os verdadeiros núcleos culturais da nação, uma vez que, seus habitantes se encontram distantes dos valores cosmopolitas e supostamente desenraizados do mundo urbano, detendo valores oriundos de um longínquo passado, de uma suposta “era dourada”. Na verdade a extrema direita defende uma doutrina anti-liberal, pró-estado, tendo se originado, inclusive, como uma vertente nacional do socialismo internacional, como foi o caso na Alemanha (Partido Nazista), na Itália (Partido Fascista), e na Inglaterra (União dos Fascistas Britânicos), entre outros. O fascismo francês de Henry Dorgéres, foi, inclusive, um movimento articulado por pequenos agricultores pobres do interior da França. 

Este tipo de doutrina não tem nada a ver com os setores neo-liberais ou neo-patrimoniais do que erroneamente é chamado de “direita” no Brasil. Ser neo-liberal ou neo-patrimonial, não é ser de direita. É realmente impressionante a forma leviana como a maioria de nós trata o termo. É quase como se ser contra o PT, automaticamente fosse ser de direita. Tem gente por aí afirmando que o PSOL do Chico de Oliveira é de direita, apenas por criticar o PT. Absurdo.

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador