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Por MiriamL
Do blog de Cosme Rímoli, no R7
O politizado Neymar desabafa ao blog. “Sinto a mesma coisa que os manifestantes a respeito do meu país. Minha família é humilde, passamos por dificuldades. Há muita coisa errada no Brasil…”
Fortaleza…
Neymar mostrou porque é protegido por Felipão.
Foi adulado por Mano Menezes, Muricy Ramalho.
Cobiçado pelo Corinthians.
Desejado por Guardiola, virou jogador do Barcelona.
Atleta símbolo da Copa do Mundo de 2014.
Campeão da Libertadores, vice mundial.
Campeão da Recopa sul-americana.
Medalha de prata na Olimpíada.
Tricampeão paulista.
Mais de R$ 4 milhões mensais.
Ele é tão precoce que muitas vezes se esquece que tem apenas 21 anos.
Como na sua comemoração após a vitória diante do México.
Mais um jogo que decidiu, marcando um gol e dando passe para Jô.
Foi comemorar nas tribunas do Castelão.
Ficou muito tempo abraçado com a mãe, Nadine.
Foi por dez minutos Juninho.
O orgulho da família.
Jogador que tirou seu pai, mãe e a irmã do cômodo em que viviam em São Vicente.
Dinheiro que veio do seu talento jogando futebol.
Sua namorada Bruna Marquezine também veio ao Ceará para vê-lo.
A noite é deles, depois da vitória contra o México.
Merece.
Foi o responsável pela festa brasileira no Castelão.
Se vingou do time que lhe tirou a medalha de ouro olímpica.
E que adorava anulá-lo com duas linhas de quatro jogadores.
O dia foi de vingança.
Se teve a sorte de escapar dos mexicanos, não escapou minha marcação cerrada.
A zona mista é um corredor onde os jogadores passam pelos jornalistas.
As perguntas costumam ser rápidas e as respostas mais ainda.
Percebi que Neymar estava interessado em falar.
Principalmente dos manifestantes.
Do hino nacional, que adora cantar abraçado com os companheiros.
O acompanhei por todo caminho da zona mista.
Dei e tomei várias cotoveladas dos dezenas de repórteres.
Perguntei e ouvi suas respostas.
Estava bem animado para falar sobre os protestos.
Principalmente sobre a manifestação de 30 mil pessoas no caminho do Castelão.
Sobre o que lutam as dezenas de feridos diante da violenta polícia cearense.
Como você vê esses protestos e a Seleção jogando a Copa das Confederações?
Os torcedores felizes nos estádios e as pessoas brigando com a polícia nas ruas?
Para você futebol é futebol e política é política?
Não sei se você viu o meu instagram? Coloquei tudo o que eu sinto. A hora é de mostrar para o povo que estou junto com eles. Mas dentro de campo, com a camisa do país. Mostrando a nossa seleção para o mundo inteiro. A minha atuação contra o México foi para o povo, para os manifestantes sem violência, sem vandalismo. Sou contra isso. Política e futebol estão sim envolvidos. Estamos representando o nosso país dentro do campo. E isso é muito importante. Estou fazendo a minha parte trabalhando, jogando. Somos todos brasileiros. Todos. Dedico esta vitória diante do México ao povo brasileiro. Eu também sou povo. Minha origem é muito humilde. O que esta torcida de Fortaleza fez na hora do hino foi demais. Cantando sem música. Mexeu comigo. Sinto a mesma coisa que os manifestantes estão sentindo a respeito do meu país. Há muita coisa errada. Minha família é humilde, passou por dificuldades. Joguei por eles, pelo povo brasileiro, que é muito sofrido.
(No Instagram, Neymar foi direto. Como nunca. Mostrou seu lado cidadão. Surpreendeu quem o acreditava alienado, distante da revolta dos brasileiros com os governantes.
“Triste por tudo o que está acontecendo no Brasil. Sempre tive fé que não seria necessário chegarmos ao ponto de ‘ir para as ruas’ para exigir melhores condições de transporte, saúde, educação e segurança, isso tudo é OBRIGAÇÃO do governo.”
“Meus pais trabalharam muito para poder oferecer pra mim e para minha irmã um mínimo de qualidade de vida… Hoje, graças ao sucesso que vocês me proporcionam, poderia parecer demagogia minha – mas não é – levantar a bandeira das manifestações que estão ocorrendo em todo o Brasil. Mas sou BRASILEIRO e amo meu país !! Tenho família e amigos que vivem no Brasil !! Por isso também quero um Brasil mais justo, mais seguro, mais saudável e mais HONESTO !!!!.”
“A única forma que tenho de representar e defender o Brasil é dentro de campo, jogando bola… E a partir deste jogo, contra o México, entro em campo inspirado por essa mobilização… Tamo junto.”
Neymar, afinal de contas, que problema físico você tem?
Tendinite, problema no tornozelo, o que é?
Eu não tenho nada. Nada sério. Depois que acabam os jogos é normal o jogador sentir dores pelo corpo. Não sou diferente. Tomo algumas pancadas. Vou continuar jogando. Não vou sair do time por causas das dores. Não tenho nada sério. As dores são normais para os jogadores de futebol. As dores de pancadas somem. Todos os atletas atuam com dor. A gente aprende a conviver com ela. Quando a partida acaba é hora de tratar. Mas não tenho nada.
Voltando ao futebol, qual foi o segredo para se livrar da marcação mexicana? Das duas linhas de quatro? Elas o tinham anulado inclusive na Olimpíada…
Devo isso à movimentação do ataque. Dos volantes aparecendo, do Marcelo me dando opção. Os outros jogadores me ajudaram. Está vindo o entrosamento, nossa equipe está crescendo. O que falei na minha coletiva. A gente sente que o time está crescendo, ficando entrosado. Era o que a gente precisava: ter um time. E aí as qualidades individuais acabam aparecendo. Estava faltando definir um time. O Brasil está melhorando por isso.
Você está evoluindo taticamente e ainda nem saiu do Brasil?
Sempre fiz questão de aprender algo novo a cada dia. Em cada treino, em cada jogo. E continuo aprendendo. Aprendo por aqui mesmo.
Você marcou dois gols lindos e importantes nestas duas vitórias na Copa das Confederações. Sente o quanto é importante na Seleção Brasileira?
Eu falo a verdade. O importante é o time. Não eu, nem ninguém. Sem os outros dez, mais os reservas, no técnico, não sou nada. Faço parte de um conjunto. Ganhamos todos, perdemos todos. O nosso entrosamento na Seleção é verdadeiro. O trabalho é feito em conjunto. Sou mais uma peça apenas. Podem falar o que quiser. Sou apenas uma peça. O que importa é a Seleção como um todo. Este espírito de time, de união já desenvolvemos.
Neymar, nas suas respostas você sempre insiste que não quer ser mais do que ninguém na Seleção. Por mais que seja a maior estrela do Brasil. Isso você fala para deixar o ambiente leve, melhor na concentração? Por que você é e tem tratamento diferenciado.
Independente do que se ganha, do que se conquista, do que as pessoas falam de você, sou igual a todos. Quero e sou tratado como todo mundo. A pessoa se mostra de verdade depois que conquista alguma coisa no futebol, na vida. Aí aparece de verdade quem você é. Não dá para esconder. E eu conquistei algumas coisas, mas não mudei. Nem vou mudar. Sou igual a todo mundo. Me sinto e sou igual a todos os jogadores da Seleção. Você sabe que venho de família humilde. Gosto da minha família, dos meus amigos, gosto de estar com eles. Sou simples mesmo, de verdade. Quero uma vida simples.
Essa sua postura faz bem para o ambiente da Seleção. Deixa mais leve. Sem estrelismo. Os companheiros de time realmente gostam de você. Se você fosse estrela com eles não seria a mesma coisa.
Isso é bom para os dois lados. Há confiança, amizade. Somos um grupo de jogadores jovens que tem uma grande missão pela frente. Temos a Copa do Mundo. Isso nos aproximou. Confiamos e gostamos um do outro. Estamos juntos de verdade. Parece que nos conhecemos há anos. Por isso que tudo está dando certo. Estamos no caminho. Num longo caminho que mal começou…
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