A epidemia de cólera no Haiti

Do Brasilianas.org

Haiti contabiliza 4 mil mortos por surto de cólera

Por Lilian Milena
Da Agência Dinheiro Vivo

Dados do Ministério de Saúde haitiano (MSPP) apontam que a epidemia de cólera já matou 4 mil pessoas e deixou pelo menos 217 mil doentes em toda a extensão geográfica do país, até fevereiro deste ano.

O surto da doença começou em outubro de 2010, e segundo estudos de epidemiologistas internacionais, está longe de ser controlado dada a falta de infra-estrutura sanitária na região. Há mais de um século não havia registros epidêmicos de cólera no Haiti.

Pesquisas recentes apontam que doença se alastrou a partir de um campo nepalês da Missão das Nações Unidas para estabilização do Haiti (Minustah), ao centro do país. Últimos levantamentos registraram que a doença está se espalhando pela América Central, tendo alcançado o país vizinho, República Dominicana.

AutoAutores do artigo publicado no The New England Journal of Medicine, de 6 de Janeiro de 2011, sobre a origem da epidemia, afirmam, a partir de estudos de duas espécies de cólera isoladas do Haiti e de três de outras regiões do mundo, que o grupo que contaminou os haitianos é de uma variedade que predomina no Sul da Ásia, incluindo Bangladesh. 

“Nossos dados distinguem as estirpes [de cepas epidêmicas de cólera] do Haiti daquelas que circulam na América Latina e nos Estados Unidos (…) portanto, é improvável que os eventos climáticos levaram a epidemia para o Haiti”, completam.

Um artigo mais recente publicado por cientistas no Annals of Internal Medicine, este mês, aponta que a epidemia está longe de ser controlada, apesar dos esforços de vacinação em massa e fornecimento de água potável à população, entre outros fatores, porque os indivíduos que tem acesso à água limpa podem ainda assim serem contaminados por outras vias, como contato direto com outra pessoa já contaminada.

Os autores recomendam um conjunto de ações para combater a cólera, já bastante conhecidas, como vacinação, saneamento básico e educação preventiva. “Um esquema de vacinação para 500 mil pessoas é capaz de reduzir em três por cento o risco de contaminação – cerca de duas vezes mais que o impacto do acesso à água limpa sobre a redução de riscos”, explicam.

Mas são cético quanto à rápida aplicação dessas ações, tendo em vista as condições político-sociais do país. A taxa de letalidade da população contaminada, tanto em ambientes comunitários quanto hospitalares, é de 2%.

Para acessar artigo da The New England Journal of Medicine, clique aqui.
Para acessar artigo do Annals of Internal Medicine, clique aqui.

Luis Nassif

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