Coerência é um prato que se come frio

Coerência é um assunto bem interessante quando o associamos a política. Político adora usar esta palavra pra justificar seus atos. É coerência pra votar, coerência pra acompanhar as decisões do partido, é coerência pra emitir opinião, é coerência pra definir lados, entre muitos, mas muitos outros assuntos.

A fidelidade partidária é um desses temas interessantes quando associados com coerência. Quando favorece, é a favor, afinal o mandato é do partido. Quando prejudica, é contra, afinal o cidadão vota no candidato, não no partido. É a famosa coerência dos interesses.

Outro dia estava conversando sobre a forma como o PSD foi criado. Um dos focos do partido seria “atacar” os políticos insatisfeitos com suas legendas atuais. Aqui no Amazonas o que se viu foram políticos atendendo ao convite do Governador, onde até pessoas que não teriam motivo algum para reclamar de sua situação, migraram para esta nova alternativa. Fidelidade partidária? Como a lei permite este tipo de manobra, o discurso muda, e neste caso o mandato não pertence mais aos partidos.

Ainda sobre fidelidade partidária, outro caso interessante é o do Vereador Paulo De Carli. Entrou no PDT em 2003, mudou para o PRTB em 2007, voltou ao PDT em 2009 e Janeiro do ano passado retornou, de novo, novamente, outra vez ao PRTB. Um vai e volta que enche a cabeça das pessoas de porquês.

Nesta última mudança (PDT -> PRTB), De Carli fez uma jogada de “mestre”. O PRTB tinha uma vaga na CMM com Fausto Souza, que foi eleito Deputado Estadual. Fabrício Lima era o 1º suplente, mas preferia conitnuar como Secretário de Esportes. Com a 2ª suplência conquistada no pleito de 2008, a vaga cairia em seu colo, desde que retornasse ao partido. E foi o que fez. Voltou ao partido em Janeiro e assumiu a vaga em Fevereiro/2011. Coerência mantida, afinal o mandato pertence ao partido.

Mas não para por aí. Depois de meses de namoro, Paulo De Carli finalmente arruma um novo lar. Não, ele não voltou para o PDT. Agora ele é tucano, onde junto com o Senador Arthur Neto e outras personalidades da política preparam um grande projeto para o Estado, começando com as eleições municipais de 2012.

Com seu ingresso no PSDB a pergunta vem de novo à tona: a quem pertence o mandato? O Vereador Paulo De Carli vem falando desde Novembro que entregaria o cargo. A renúncia não ocorreu até agora. Ouvi rumores de um processo que poderia impedir a renúncia, sob risco de comprometer a legitimidade do Vereador para o pleito de 2012. Consultei o TRE e não foi encontrado nenhum processo ativo. O que mais intriga é que em Março, muito provavelmente Fabrício Lima vai retornar a CMM, visando também a eleição. Diante disso, e pela proximidade, parece que não vai dar tempo pro outro suplente sequer esquentar a cadeira, e o que está se desenhando é: o Vereador Paulo De Carli conseguiu trocar de partido a tempo de disputar as próximas eleições, sem perder o mandato de Vereador, “burlando” de forma legal a legislação eleitoral.

A coerência parece que só vale quando favorece.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador