Defesa de Cameron por gás de xisto enfrenta resistência

O Reino Unido perfurará até 40 poços de exploração de xisto nos próximos dois anos e no começo do ano que vem fará licitações dentro do território nacional.

A cada vez mais furiosa oposição dos britânicos ao xisto não ficará sem alvos para atacar: o governo está tentando acelerar o ritmo de perfuração e prepara a abertura de mais áreas para exploração.

O Reino Unido perfurará até 40 poços de exploração de xisto nos próximos dois anos e no começo do ano que vem fará licitações dentro do território nacional pela primeira vez desde 2008, anunciou o Ministro daEnergia, Michael Fallon, em uma entrevista. A licitação será a primeira ocasião em que se permitirá às companhias fazer ofertas no território britânico desde que o boom na produção de gás de xisto transformou a indústria energética americana.

O Primeiro-Ministro David Cameron apoia o xisto para potenciar a economia e reduzir as contas de eletricidade dos consumidores. Mas por causa disso, ele enfrenta a oposição nos bastiões rurais do seu Partido Conservador.

“Espero que o governo mantenha sua posição”, disse Tim Pugh, sócio no escritório de advocacia Berwin Leighton Paisner LLP, em entrevista por telefone de Londres. “O mercado precisa confiar em que o governo apóie o projeto antes da próxima rodada de licitações. Espero que os maiores operadores multinacionais mostrem um interesse real”.

Contas de eletricidade

A campanha de Cameron é uma reação à estagnação dos salários e à aceleração da inflação, que estão exercendo a maior pressão em mais de meio século sobre os padrões de vida, paralisando uma economia que ainda não reverteu a perda de produção causada pela crise financeira. Segundo dados oficiais, os preços da eletricidade ao consumidor elevaram-se 28 por cento desde que a coalizão conservadora, liderada por Cameron, chegou ao poder em maio de 2010.

O gás de xisto também poderia ajudar o país a crescer reduzindo sua dependência das importações energéticas e aumentando a arrecadação fiscal.

A produção britânica de gás e petróleo, que foi uma bênção para a antiga Primeira-Ministra Margaret Thatcher, caiu 66 por cento desde seu pico em 1999 e agora representa menos de 2 por cento do PIB.

“Se não aplicarmos essa tecnologia, vamos perder uma grande oportunidade de ajudar às famílias com suas contas e tornar nosso país mais competitivo. Sem isso, nós poderíamos perder terreno na difícil corrida global”, disse Cameron.

Em dezembro, o Reino Unido suspendeu uma moratória de 18 meses no processo de perfuração conhecido como fratura hidráulica ou fracking e ofereceu isenções impositivas aos perfuradores para reduzir os custos de exploração. O governo também propôs simplificar as regulações de planejamento para poços e realizar pagamentos às comunidades locais onde sejam feitas perfurações de xisto.

“O governo está mostrando ao eleitorado que entende muito pouco sobre extrações de gás de xisto e que somente está preocupado em aumentar a receita. Na busca do gás, eles estão ignorando brutalmente os temores dessas comunidades”, disse Pam Foster, cofundadora da Ação dos Moradores contra o Fracking em Fylde, um grupo em Lancashire, na região de Bowland.

Cuadrilla, centrica

A CuadrillaResources Ltd., uma perfuradora com sede em Lichfield, Inglaterra, que está encabeçando a exploração apoiada pela investidora em private equity Riverstone Holdings LLC, teve que adiar os trabalhos em Bowland até o ano próximo para realizar estimações de impacto ambiental em resposta aos lobistas.

Eles temem pela poluição ambiental, especificamente a sonora e da água, e a industrialização da região rural.

Em junho, a Centrica Plc, maior fornecedora energética das famílias britânicas, comprou uma participação no sítio da Cuadrilla e sua parceira australiana AJ Lucas Group Ltd em Bowland.

“O governo está comprometido a ir em frente com a exploração do xisto”, disse Hamish McArdle, sócio no escritório de advocacia Baker Botts LLP. Em resposta, o lobby antifracking está tornando-se “mais visível, audível e organizado”.

Redação

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