Internet: Um espaço de pluralidade e emancipação

A cada dia tem aumentado o número de pessoas conectadas na internet. As redes sociais são cada vez mais acessadas. Algumas redes, como por exemplo: Facebook, Orkut, twitter, popularizam a utilização da internet que já é o principal meio de comunicação e de vida social, na qual, grande parte da população já está inserida. Certamente, o ciberespaço dinamiza as relações humanas, jamais encontramos tanta facilidade para interagir. Na rede, podemos compartilhar informações, conhecimentos, expressar nossas ideias, divertir, conhecer pessoas, exercer a cidadania, a solidariedade, configurar amizades e potencializar as existentes, enfim, possibilita uma aproximação das pessoas de todo o mundo, tanto nas ideias como no afeto.

A expansão das redes sociais possibilitou o desenvolvimento de um sistema colaborativo entre os indivíduos separados pelo espaço temporal e pelas condições adversas do mundo contemporâneo, mas virtualmente unificados pelos os mais diversos interesses comuns. Na vida social virtualizada o sujeito é mais interativo, participativo, comunicativo. Antes, os meios de interação interpessoal eram restritos, somente aconteciam presencialmente ou por telefone e as interações não podiam ser compartilhadas na velocidade e na dimensão, nas quais se configuram hoje. A internet pelas redes sociais mudou essa realidade, ela é interativa e, exatamente por isso, diferencia dos outros meios de comunicação de massa. O rádio e a televisão, por exemplo, a comunicação é feita de cima para baixo, transforma a todos igualmente em ouvintes para integrá-los autoritariamente aos programas. Hoje, no mundo virtual, o receptor tende a comentar e refletir sobre as informações recebidas e, quando comentam, refletem, compartilham e trocam ideias. Essa dinâmica produz pessoas mais informadas e críticas. Se as pessoas que utilizam as redes sociais para a informação ainda é uma minoria, na medida em que a educação do país avança, também, se avança o perfil de indivíduos com essas características.

A vida social virtualizada não é separada da vida real, é apenas uma extensão. As interações virtuais são uma expressão da vida real, elas não são uma fantasia, apesar de muitos as fantasiarem, principalmente nos chats ou nas páginas de perfis de identidade duvidosa. No entanto, a maioria das redes sociais permite selecionar os eventuais amigos e, se a identidade é duvidosa, não o aceito ou não o adiciono, como são ditos na linguagem virtual. Se inoportuno, o bloqueio. E, assim, construímos uma rede por afinidades e interesses mais ou menos comuns. Dentro desse contexto a rede permite o exercício da pluralidade, isto é, em um sentido político, correspondem à atitude de aceitação de diversas opiniões, atitudes ou posições diferentes, que, no entanto se respeitam mutuamente.

Por outro lado, há uma curiosa tendência a se dizer que a Internet é a responsável pelo esvaziamento das relações pessoais. Talvez, ela possa ter uma parcela de responsabilidade quando ela é mal utilizada. Por exemplo: o excesso, vício, ou para utilidades fúteis, etc. No entanto, não seria o grande vilão pela separação afetiva entre as pessoas, o individualismo, por exemplo? O modelo de capitalismo em voga? Os modos das relações de trabalho? A competição extrema que vivenciamos no dia-a-dia ou os inúmeros problemas de infraestrutura na sociedade?

A pluralidade é uma especificidade humana, ou seja, o homem não é um ser singular, precisa interagir, agir no mundo, conviver com os outros, como disse Aristóteles, o homem é um ser social. Para Hannah Arendt, “só a ação é prerrogativa do homem e só a ação depende inteiramente da constante presença de outros”. Tudo que os homens fazem, sabem ou experimentam só tem sentido na medida em que pode ser compartilhado, discutido. Nesse sentido, grande parte do que somos, fazemos e pensamos necessita ser revelado para outro na esfera pública, ou melhor, na vida social.

Hannah Arendt, na sua obra “A Condição Humana”, busca por meio de uma verdadeira evolução histórica dialética das esferas pública e privada, desde a Grécia até a modernidade, criar uma imagem bem definida de como o público e o privado que na antiguidade eram fenômenos completamente distintos tornaram-se praticamente unos na modernidade por meio da dita “esfera social”. A autora, recorrendo a diversos clássicos como os antigos: Platão e Aristóteles, os medievais São Tomás de Aquino e Santo Agostinho e os modernos Rousseau e Marx, reconceitua termos e apresenta uma nova teoria demonstrando de maneira factual como o Estado, que em tese representaria o “público”, interfere e até mesmo muda a vida particular de cada indivíduo transformando sua ação e as diversas “unidades produtivas”, que em tese representariam o “privado” na modernidade. A esfera pública e esfera privada perderam quase que por completo seu antigo sentido. Arendt conclui que: hoje, o que chamamos de privado é um círculo de intimidades.

Nesse sentido, o aspecto que chama a atenção no contexto do conceito de espaço público na visão de Hannah Arendt, é a centralidade da comunicação, ou ainda, a postura dialógica em que os atores exercem no espaço público. Na medida em que a ação comunicativa ganha forças, avançamos na superação da inanição intelectual em voga. Para isso, a internet pelas redes sociais é um instrumento poderoso. Na internet, o individuo comum não é apenas um mero receptor – como no rádio e na TV – mas é um emissor e agente efetivo no processo comunicativo. Os blogs, por exemplo, proporcionam o debate entre autor e leitor, favorecendo uma maior paridade comunicativa entre o emissor e receptor. Assim, poderíamos afirmar que a Internet não tem, pelo menos por enquanto, uma característica tão monopolista quanto os meios de comunicação tradicionais, pois além de possibilitar a expressão da individualidade pode unir forças na conquista de ideais. Neste caso, a interatividade da Internet revela, entretanto, um novo paradigma, uma ferramenta de emancipação.

 

Redação

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