lotfæn mænu: bebækhsh Iran

lotfæn mænu: bebækhsh Iran
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Minhas sinceras desculpas, República Islâmica do Irã!
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 Um triste revés na agenda positiva da Política Externa do Brasil:

     A) Que trai sua própria conduta de quase um século,

     B) Que joga por terra grandes conquistas dos últimos anos,

     C) Que perde em sintonia com seu bloco continental e

     D) Que sinaliza para a abjeta e derrotada prática comum ao Norte Ocidental da dupla agenda não justificável:

          D1) Não justificável moralmente;

          D2) Não justificável por quaisquer protopseudodefesas de interesses nacionais pois só os ofende visto Irã, Mundo Árabe, Africa, Extremo Oriente, Eurásia e nosso próprio Continente serem vastos campos abertos para promissoras parcerias enquanto os demais dependem mais de nós que nós deles (vide o próprio briefing da Secretária Clinton antes da visita do Presidente Obama ao Brasil – só a cegueira submissa ou uma injustificável covardia sôfrega pós colonial impede a muitos de enxergarem);

          D3) Não justificável por quaisquer protopseudodefesas de direitos humanos pois só os enfraquece na sua defesa quando os relativiza ao relativizar seletivamente responsabilidades e responsáveis;

          D4) Não justificável seja mesmo por quaisquer pragmatismos dogmáticos imorais imediatistas visto nos alinhar cegamente (em vez de balancear complementaridades) a decadentes em crise (que não ajudaremos assim) e nos afastar de emergentes em crescimento (nos atando ao passado e nos ausentando do presente e do futuro);

          D5) Não justificável por apontar para a inviabilização de protagonismos e lideranças brasileiras no teatro global que (exceto quando pelo uso de exacerbadamente superior poder bélico para o estupro continuado de povos e nações) são absolutamente inauferíveis quando se abre mão da coerência, respeito à dignidade, soberania e autodeterminação de povos e nações bem como da igualdade, justiça e equanimidade no tratamento dos parceiros e não-parceiros globais, coisas das quais acabamos de abdicar de todas.

 

Por fim há mais alguns pontos a avaliar:

     I. Essa é mais uma decisão que nada tem a ver com direitos humanos mas tão somente mais uma das incessantes faces da estratégia estadunidense-e-aliados de manter o Irã sob permanente pressão e permanentemente aberta uma eventual brecha para impingir à República Islâmica novas sanções e até justificar diante de um conjunto oportuno de coincidências uma eventual (e enlouquecida) intervenção.

     II. Mesmo que vivêssemos em um mundo mais-que-perfeito e fosse dado ser ético, justo e moral e realmente legal a intromissão – e, neste caso, não seletiva – em outros países para a defesa de conceitos interculturalmente difusos tais como o de direitos humanos, ainda assim haveria uma absurda inversão de prioridades no caso em questão. Pois não há o menor cabimento em monitorar potenciais abusos cometidos por Estados dentro de suas próprias fronteiras sem antes monitorar, condenar, coibir e acabar definitivamente com os infinitos e gigantescos abusos perpetrados incessantemente por uns poucos países em mais de meia centena de outras nações.

     III. Tão vergonhoso quanto o Orientalismo barato, a dupla agenda e agora, da nossa parte, a cumplicidade ajoelhada com tudo isso, é a falta de vergonha em unir nosso telhado de vidro ao telhado nenhum dos EUA, o eterno patrocinador da perseguição ao Irã. Um “paladino” dos direitos humanos que tem um dos sistemas carcerários dos mais vergonhosos do planeta. Que tem sua “própria” definição para tortura para se esquivar do diálogo internacional (além de já ter sido e ser o maior desenvolvedor e exportador da “tecnologia”), sem falar nas aberrações cometidas em camuflados centenas de alhures mundo afora. Um “guardião de integridades físicas e morais” que privatiza sua própria maior população penitenciária do planeta no que já vem sendo denominado por alguns juristas e sociólogos como um processo de reescravização progressiva dos exatos mesmos contingentes de antes de Lincoln ou, melhor, Luther King.

     IV. Por fim, apenas me pergunto, sem tocar em diplomacia ou geopolítica mas indo ao rés do chão até as mais basilares lógicas essenciais da vida que se aplicam, enfim a todas coisas:

          a) Como ensino meu filho a não fumar baforando-lhe minha fumaça à sua face?

          b) Que liderança, cooperação e credibilidade pretendemos desenvolver trocando agendas longamente construídas por caprichos do “chefe” de ocasião?

 

E tudo isso, contra um país no olho do furacão do mundo que, mesmo assim, há 200 anos não agride ninguém.

E tudo isso, fazendo o coro dos desafinados com o país que dias antes declarou mais uma de suas sequenciais abjetas guerras bem de dentro do coração do Palácio do governo do meu país.

 

Saudades de Samuel, Celso, e Luís.
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لطفا منو ببخش ایران

Redação

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