O 7º Fórum Brasilianas.org – 2

SOBEET: Resistência à crise favorece internacionalização na AL

Por Bruno de Pierro
Do Brasilianas.org 

O primeiro painel do 07º Fórum de Debates Brasilianas.org também contou com a participação do diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (SOBEET), Luís Afonso Lima, que aprofundou as questões sobre internacionalização, fluxos globais e investimento direto estrangeiro (IDE).

De acordo com as informações da SOBEET, os fluxos globais de IDE recuaram em 2009 em 37%, comparando-se com o ano anterior. Frente ao pico histórico de fluxos de IDE, de US$ 2,1 tri em 2007, os fluxos de IDE de 2009 representam apenas 53%.

LimaLima afirmou que a crise econômica de 2008 acentuou a tendência de descentralização de origem e destino de IDE em prol de economias em desenvolvimento. Em termos de destino, economias em desenvolvimento já responderam por 49,2% de fluxos de IDE, porcentagem que pode ultrapassar 50% em 2010.

Em relação às transnacionais de países em desenvolvimento, verificou-se que elas respondem por 10% das exportações e dos ativos das 5 mil maiores transnacionais do mundo, contra menos de 2% em 1995. No caso específico das empresas latinas, o favorecimento se deveu pelo baixo endividamento, pela baixa sensibilidade a ciclos e pela maior resistência à crise. De acordo com Lima, destacam-se, com isso, não apenas as saídas de IDE de empresas latinas, como a compra de filiais estrangeiras na América Latina de empresas locais, como nos setores de finanças, metalurgia, petróleo, mineração e serviços de energia elétrica.

Lima ainda afirmou que os fluxos de IDE para o Brasil recuaram em 42%, mais do que a América Latina (-36%) e no mundo (-37%). Dessa forma, o país caiu para a 14ª posição entre os principais destinos de IDE no mundo, com relação à 10ª posição no ano anterior.

Os resultados de um estudo realizado pela SOBEET, em parceria com o jornal Valor Econômico, com as principais multinacionais brasileiras, também foram divulgados durante a apresentação do diretor-presidente. Quando questionadas sobre qual a tendência do investimento da empresa voltar-se para a internacionalização em 2010-11, frente a 2009, 46% respondeu “permanecer igual”; 36% responderam “aumento de até 30%” e apenas 12% sinalizaram aumento de mais de 30%.

Entre os principais motivos que as levaram à internacionalização, destaca-se “competitividade internacional da empresa” (25%), “demanda mundial” (19%) e “busca de economias de escala” (15%). Quanto às principais formas de financiamento das atividades da empresa no exterior, 57% afirmou provir de capital próprio; 17%, de dívidas no exterior; 13% citaram bancos no exterior e apenas 9,5% disse ser proveniente do BNDES.

Em relação às principais barreiras internas para o processo de internacionalização, destaca-se a tributação elevada, a flutuação da moeda, a concorrência com projetos no Brasil, o custo do crédito e a falta de pessoal com competências elevadas. Quando levadas em conta as barreiras externas, as empresas apontaram a alta competitividade dos mercados maduros, o ambiente regulatório dos países e as dificuldades de gestão das operações internacionais. 

Luis Nassif

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