Pão e circo à volonté

Não consigo entender a política. Abro um dicionário qualquer e leio diversos significados, poderia me contentar com algum? Não sei. O que acham?
Ora, a política pode ser um sistema particular de um governo, um tratado, uma civilidade, mas preferi entender como esperteza, finura e maquiavelismo. Surpresos? Sei que não, pois a política é tão transitória e inusitada em Londrina… que às vezes parece mais um simulacro distante de nós.
Mas por que preferi essa definição? Primeiro porque para assumir um cargo em qualquer profissão é necessário ter qualificação, experiência ou habilidade. Então, não temos um médico, um engenheiro ou um advogado sem qualificação, tampouco um eletricista, um marceneiro ou um cabeleireiro sem experiência alguma.
Embora eu não entenda de política, creio que é algo importante e que pode fazer a diferença na história desta cidade. Só que vejo um cenário de curiosos sem propósitos políticos. Nesses dias, um aluno do Ensino Fundamental II me disse: “- Eu não preciso estudar, vou ser político, ganho 12 mil para ser vereador e quase 20 mil para ser prefeito, e se eu não conseguir ser eleito viro assessor e vou ganhar bem do mesmo jeito”. O mesmo ainda me questionou: “- Professora, pra quê fazer cursos técnicos, de faculdades e de pós? Para quê serve isso? Se não se ganha dinheiro com essa bobagem? Só perde tempo. Não houve lógica, retórica ou dialética que mudasse os argumentos desse adolescente.
 Assim, elejo uma pessoa para me representar na política que não precisou de curso algum para assumir o cargo porque política é esperteza, então suponho que meu candidato é muito esperto para me representar. Mas se eu quisesse um candidato qualificado para assumir o cargo e não por apenas uma experiência bem ou mal sucedida de um cargo anterior ou por um sobrenome político ou por populismo. Imaginem um político que entende de teoria política e de administração, de direito constitucional e administrativo? Como ele entenderia a política? E se dominasse a filosofia política, as teorias da argumentação, da interpretação e de análise do discurso? Como faria um debate, uma campanha política, um discurso no palanque? Se soubesse sobre Economia solidária, Educação fiscal, Planejamento, elaboração e gestão de programas de políticas públicas e sociais, Diplomacia? Como seria a sua gestão nesta cidade? Sim, seria um espetáculo, mas não se assustem. Já temos muitos espetáculos por aqui.
E sonhar com mais espetáculos não é demais? Não, até porque com a loucura política que Londrina vive e revive e ninguém recorda, tudo é provavelmente possível. Sim, meus caros leitores, seria ótimo um político que conhecesse a ciência política que estuda os sistemas políticos, suas organizações e processos políticos do governo. Todavia ficamos apenas com essa política sem fundamento, vejo em Londrina um primeiro turno, um segundo turno, um terceiro turno… Bravo! Bravo! Bravo! Dá-lhe “TSE’, nosso Tribunal Superior Eleitoral, dá-lhe “TCE” nosso Tribunal de Contas do Estado, dá-lhe “TRE” nosso Tribunal Regional Eleitoral e dá-lhe nossos vereadores, pois perdermos tanto tempo com essa “malhação” de atividades políticas de acusação, denúncia, cassação, renúncia, suspensão de direitos políticos, impugnação, retratação e afins, que haja ética e decoro parlamentar, haja ata e relatório… E vem de novo um primeiro prefeito, um segundo prefeito, um terceiro prefeito, um quarto prefeito, um quinto prefeito… Bravo! Bravo! Bravo! Bravo! Bravo! Belinati, Pe. Roque, Barbosa Neto, Ribeiro, Gerson Araújo e quem será o próximo? Essa gestão pública foi espetacular. Espero não ter que votar em um terceiro turno novamente, pois não suporto essa diplomação negada e esses governos meteóricos. Coloco uma peruca, um nariz vermelho e roupas largas para fazer jus ao meu voto e me deslumbrar nesse cenário  espetacular com direito ao pão e circo  à volonté.
Redação

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