A caixa preta do câmbio

Por André Araújo

Em tempos de crise, o controle do câmbio pelo Banco Central é vital para a economia, controle no sentido de domínio dos regulamentos e normas de operação do mercado, mesmo sendo esse livre.

É livre mas sob supervisão da autoridade monetária, não pode ser tão livre a ponto de bancos particulares poderem MANIPULAR o mercado a seu bel prazer, como recentemente ocorreu em países centrais com pesados processos e multas bilionárias, deixados a solta é da natureza das coisas que os bancos só pensem em seus lucros.

Pela Circular 3.691, de 16 de dezembro de 2013, assinada por Luiz Edson Feltrin, Diretor de Regulação substituto, o Banco Central DELEGOU aos bancos a operação completa do mercado de câmbio, abrindo mão de qualquer poder de supervisão. Já é estanho Circular de tal importância ser assinada por um substituto, sem contra assinatura do Presidente do Banco e do Diretor de Assunstos Internacionais, a quem está afeto o tema CÂMBIO no Banco Central.

Com isso os bancos FAZEM O QUE QUISEREM FAZER com o mercado. O Banco Central fez essa concessão de ABSURDO VALOR sem manter para si uma reserva de poderes para, em casos especiais,  interferir nessa liberdade absoluta, controlar os que os bancos estão fazendo no mercado com aqueles que trazem as divisas.

Os bancos que operam câmbio são meros INTERMEDIÁRIOS, quem traz as divisas não são eles, são pessoas e empresas de todo tipo que necessariamente tem que usar bancos para receber a ordem e transformá-la em Reais.

É algo chocante. Porque o Banco Central fez isso? Delegou o poder sobre o câmbio e não reservou uma a palavra final do Banco Central? Não podemos fazer nada, como me disse o funcionário do BC, o Banco Central ABRIU MÃO do poder de MANDAR no Banco particular, é isso? Sim , é isso mesmo, me diz o funcionário do BC. INACREDITÁVEL.

Para resumir, já tratei aqui deste tema em artigo anterior,  trata-se de uma prova em caso meu MAS que investigando verifiquei que se repete às centenas. Recei uma ordem de pagamento de honorários de pequeno valor em 27 de maio, até hoje não consegui fechar o câmbio no Banco Itaú, tendo entregue TODOS os documentos solicitados, muitos, a resposta e que estão SOB ANÁLISE, SEM PRAZO, pode demorar seis meses, um ano, dois anos, cinco anos. Enquanto isso o Banco ESTÁ COM OS EUROS QUE SÃO MEUS, não os transforma em Reais. Ora, se fazem isso comigo, fazem com muitos, essas divisas estão no Banco, SEM CUSTO, podem ser usadas nesses meses pelo próprio Banco como FLOAT, dinheiro em caixa para operar. Multiplique-se esse procedimento por milhares e o Banco tem aí uma fonte de caixa maravilhosa a CUSTO ZERO, enquanto não fecham câmbio e entregam os Reais, afinal ESTÁ SOB ANÁLISE, documentos simples que qualquer estagiário pode examinar em cinco minutos.

Em duas reclamações ao Banco Central, uma por e-mail e outra pessoalmente, a resposta foi que o BANCO CENTRAL não pode fazer nada porque delegou o mercado aos bancos, MAS NÃO FICOU COM O PODER DE INTERVENÇÃO? Não, foi a resposta. Casos iguais a esse existem às centenas, segundo me disse o atencioso atendente do Banco Central.

É uma ofensa à logica, ao bom senso, a racionalidade que deve presidir os atos de qualquer autoridade. Trata-se de algo inconcebível e inexplicável, entrega-se o cidadão ao ARBÍTRIO de bancos particulares.

Ora, o mercado de câmbio não é um assunto exclusivamente privado. Há nele INTERESSE NACIONAL porque é com as divisas que entram no Pais que se CONSTITUEM AS RESERVAS internacionais do Brasil.. Como então o BC abre mão de supervisionar esse mercado, delegando 100% aos bancos a palavra final sobre qualquer operação?

Como não obrigar o banco a TER PRAZO para fechar o câmbio? Se alguem não pagar dívida com banco NO PRAZO, esse executa a dívida, como então um ativo que está com o banco pode ser retido sem prazo e SEM SATISFAÇÃO do porque da retenção?

Parece que o doíinio dos bancos sobre o BANCO CNETRAL é completo e absoluto. Diretores do BC quando saem do Banco em 96% dos casos vão ser diretores de bancos privados, na famosa porta giratória BC-Mercado e Mercado-BC, algo que não acontece nos EUA, onde os Diretores do Federal Reserve são economistas acadêmicos sem vínculos com o mercado financeiro. O atual Diretor de Assuntos Internacionais do BC do Brasil, Tony Volpon,  tem uma longa lista de empregos em bancos internacionais para onde obviamente deve voltar assim que sair do BC.

Com a delegação do câmbio aos bancos particulares o Brasil se candidata proximamente a uma séria crise cambial.

Se faltar dólares para o comércio, a indústria e o turismo, o BC já tem a resposta: sinto muito, não podemos fazer nada, esse assunto não é nosso, vocês se entendam com os bancos particulares, são eles que mandam no câmbio.

Redação

9 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Não há possibilidade de recorrer à Justiça?

    Se situação que tal redundar em prejuízo, e parece que sim, este deverá ser resarcido por quem o causa.

    Ou também estão imunes ao Código Civil?

    1. Os bancos podem se defender

      Os bancos podem se defender com a Circular do Banco Central, que não dá prazo para a “”analise”” dos documentos

      requeridos pelo banco para o fechamento de cambio, que não estão elencados na Circular, cada Banco pede o que de acordo com seus proprios criterios sem ter que dar explicações da razão pela qual pede.

      Geralmente pedem tantos docuimentos como se fosse para fazer um emprestimo.

      O Banco Central deveria claramente fixar quais documentos o banco pode pedir e não fez isso, deixando ao criterio do banco, que pede o máximo e o absurdo para retardar ao maximo o fechamento de cambio.

      1. É o livre comércio
        E vem mais

        É o livre comércio

        E vem mais liberalização por ai, não se espantem.

        É a política e não o comércio

        Banco Central absoluto é a pregação.

    1. Condordo. E de cultura arrogante!

      Seus funcionários vestem a camisa, talvez se pensando banqueiros.

      Banquinho nefasto metido a elegante.

      Posso dizer, com imensa satisfação, que comigo se deram mal em todas.

      Vão tomar no itaúú´.

       

  2. O capitalismo pode(ria) servir à sociedade como um todo? Sim!

    Num mundo onde dinheiro é mercadoria e não meio de troca, o câmbio é um dos geradores mais inúteis e farsescos de riqueza, um mero negócio (e não um simples processo, que poderia até ser desnecessário).

    Num mundo onde levava-se meses ou anos para atravessar um continente ou oceano, com povos, culturas e economias diversas e pouco relacionadas até poderia fazer sentido.

    Hoje qualquer um pode fazer uma transação instantânea em pontos opostos do globo, seja uma movimentação financeira ou uma compra e venda (Ebay, Alibaba, etc.).

    Por que processos e interesses milenares (ainda são necessários?

    Não são! 

    São mantidos por necessidades particulares de quem (uma pequena fração da humanidade) levou estes milênios para controlá-las, num processo exponencialmente crescente (quanta mais, mais poder).

    Os 3 maiores males do mundo são:

    1) Reserva fracionária, que gera ganhos (e dívidas) do nada. O único caso matemático onde multiplicar por zero, soma zeros à direita. Lembrar que as dívidas são pagas pela sociedade e não pelos “governos”.

    2) Bancos Centrais independentes (ou “privados”), que servem aos bancos e não às sociedades.Quem tem que controlar a moeda são os estados, por emissão SEM dívida e não por endividamento pela emissão.

    3) Câmbio, que gera lucros (taxas de compra e venda, tarifas) e distorce e manipula valores no mundo inteiro.

    Eliminado-se os 2 primeiros, poder-se-ia eliminar o terceiro, que na verdade é o mais antigo.

    Nao se faz porque os que controlam o dinheiro têm um poder desmedido e compram qualquer coisa, de governos, parlamentos e judiciários à exércitos, não importa quanta miséria, desgraça, sofrimento e morte isso custe.

    Alguns dizem que Deus criou o mundo e entregou a gerência ao diabo…

  3. Rapaz, que coisa!!!  ‘Furos’

    Rapaz, que coisa!!!  ‘Furos’ iguais a esse deve haver em muitas áreas. O negocio parece que está correndo frouxo. Qualquer assessor, qualquer ‘zé-mané’ acha que pode tudo, pode até mesmo assinar o que o madam assinar. Afinal, dificilmente será responsabilizado e, enquanto isso, como recompensa, ‘sofre’ todas as benesses e promoções. No caso específico do André, ele não pode ou não pôde escolher o banco.

  4. BACEN: o xerife que fornece armas aos bandidos

    Esta delegação e a procrastinação dos bancos deveria há muito tempo ser denunciada na tribuna do Congresso, cobrando do BACEN esta anomalia. Acredito que milhares de pessoas e empresas estão sendo prejudicadas pelos bancos nestas operações. Espero que algum representate da população no Congresso tome conhecimento deste fato e denunicie esta imoralidade permitida pelo Banco Central.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador