Partido Comunista da China aprova resolução histórica e pavimenta terceiro mandato de Xi Jinping
por Filipe Porto
Depois de Mao Zedong e Deng Xiaoping, Xi Jinping se tornou o terceiro líder na história do Partido Comunista Chinês (PCCh) a ter aprovada uma resolução histórica que consolida o seu poder, e deve ser reeleito para um terceiro mandato de cinco anos como secretário-geral do PCCh.
O documento foi aprovado no dia 12 de novembro, após o término da sexta sessão plenária do Comitê Central do PCCh – grupo de aproximadamente 370 membros, incumbidos de escolher seus novos líderes a cada cinco anos. Trata-se de uma reunião de quatro dias a portas fechadas dos líderes mais poderosos do PCCh. A mudança marca oficialmente o fim da era Deng e o início da “nova era” sob o governo de Xi Jinping.
A resolução aprovada serve como base para Xi se destacar em relação aos seus predecessores e traçar sua própria visão e direção para a China. O comunicado publicado no último dia do plenário ressaltou o papel central de Xi para a execução de uma série de ideias e estratégias inovadoras . A mídia estatal e os porta-vozes do Partido Comunista também elogiaram Xi, chamando-o de um homem que “ousa inovar” e com uma “visão de futuro”.
A resolução histórica é um documento extremamente importante para o PCCh, uma vez que é redigida e finalizada por consenso. Será uma ferramenta importante para Xi se defender de possíveis críticas e quaisquer possíveis oponentes que possam questionar sua autoridade política. Em outras palavras, a resolução consolida o poder de Xi no auge do PCCh e prepara o terreno para que ele busque um terceiro mandato como secretário-geral do partido no 20º Congresso do partido, em outubro de 2022.
Desde a fundação do PCCh, há cem anos, esta foi apenas a terceira vez que o Partido aprovou a “resolução histórica”, tendo como predecessores somente Mao Zedong e Deng Xiaoping. Ambos os predecessores de Xi utilizaram a resolução para a garantia e defesa de seus projetos políticos e partidários até serem substituídos, após suas mortes.
Ao final da sexta plenária, Xi sinaliza a projeção de um líder forte, com bases substanciais para sua continuidade no poder, já que passou pela aprovação dos quase 400 membros que compõem a elite política da República Popular da China, incluindo chefes militares, líderes provinciais e acadêmicos de destaque.
Filipe Porto é mestrando em Relações Internacionais pela Universidade Federal do ABC e membro do grupo de trabalho sobre China no Observatório de Política Externa e Inserção Internacional do Brasil da mesma instituição (OPEB/UFABC). Analista editorial da Observa China 观中国
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O país em que o Estado não terceirou a administração aos banqueiros. Xi é parte dessa engrenagem: o Estado tem ser que ser o Estado.