A ciclovia da Avenida Paulista em detalhes

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – A ciclovia da Avenida Paulista precisa ser entendida, conhecida e difundida. Entender o desenho e as funcionalidades pode ajudar a aceitar o inevitável: ela veio para ficar. O site Vá de Bike, em matéria de setembro de 2014, tem uma boa matéria explicativa. Aproveite.

do Vá de Bike

Conheça em detalhes a futura ciclovia da Av. Paulista, em São Paulo

Por Willian Cruz

Canteiro central da Av. Paulista será alargado para 4 metros. Imagem: CET/Reprodução

Canteiro central será alargado para 4 metros, acomodando tanto pedestres quanto ciclistas. Imagem: CET/Reprodução

Detalhe da sinalização que será aplicada junto aos cruzamentos. Imagem: CET/Reprodução

Detalhe da sinalização que será aplicada junto aos cruzamentos. Imagem: CET/Reprodução

A Secretaria de Transportes da cidade de São Paulo (SMT) divulgou nesta terça-feira, 9 de setembro, detalhes do projeto da ciclovia na avenida símbolo da cidade, a Avenida Paulista. Segundo o secretário Jilmar Tatto, a previsão é de que as obras, que iniciam em janeiro, estejam concluídas até junho. ”A expectativa é manter as condições de segurança e fluidez do trânsito com a transferência das bicicletas para uma pista definitiva, garantindo um conforto maior aos usuários da Avenida Paulista, principalmente aos ciclistas e pedestres”, afirmou o secretário.

O projeto também engloba a construção de dutos para fibra óptica e cabeamento sob o canteiro central. Não haverá interferência nos equipamentos do Metrô, que passa sob a avenida. As oito faixas de rolamento da via serão mantidas, com alguns ajustes. Alguns trechos próximos aos semáforos ganharão grades para a proteção dos ciclistas. A sinalização semafórica existente será sincronizada com o fluxo de bicicletas.

A faixa exclusiva de ônibus da Av. Paulista será estendida até a Av. Angélica, cruzando a Rua da Consolação, o que traz como bônus uma melhora na fluidez do transporte coletivo. Essa medida beneficiará 170 mil usuários de linhas do transporte coletivo do eixo Rebouças e Dr. Arnaldo, que hoje fazem o retorno pelas ruas da Consolação e Bela Cintra. A expectativa da SMT é de que a obra diminua em quinze minutos o tempo de viagem nessas linhas.

E a avenida Bernardino de Campos, continuação da Av. Paulista no lado Paraíso, passará por uma requalificação urbanística no “padrão Paulista”, com enterramento da fiação, iluminação reforçada no canteiro central e reforma das calçadas. Nenhuma árvore será retirada. Será feita ligação com a ciclovia já existente na R. Vergueiro.

Durante as obras no canteiro central, as faixas esquerdas de ambos os lados da avenida serão interditadas. A Ciclofaixa de Lazer será desativada durante esse período, que deve durar seis meses.

Concreto pigmentado foi utilizado na Ciclovia Pirajussara, na Av. Eliseu de Almeida. Foto: Willian Cruz

Concreto pigmentado foi utilizado na Ciclovia Pirajussara, na Av. Eliseu de Almeida. Foto: Willian Cruz

Canteiro central e pavimento

Para a construção da ciclovia, haverá alargamento do canteiro central, que ficará com 4 metros, com as faixas de rolamento sendo “rebalizadas”, para que não precisem ser eliminadas: as faixas dos automóveis passarão de 3,0 m para 2,8 m; a dos ônibus, de 3,5 para 3,3 m. O canteiro central ficará a uma altura de 18 cm em relação às faixas de rolamento ao seu lado.

O pavimento não será pintado, mas construído em concreto pigmentado. Por esse método, um pigmento em pó é acrescentado ao concreto, sendo misturado ainda dentro do caminhão, de forma que seja aplicado já na coloração desejada. Isso é positivo em dois aspectos: manutenção, já que não há tinta a se desgastar, e aderência, que será a do concreto e não a da tinta. Solução semelhante foi adotada nas ciclovias das avenidasFaria Lima e Eliseu de Almeida.

Imagem: CET/Reprodução

Imagem: CET/Reprodução

Pedestres

A prioridade dos pedestres será respeitada pelo projeto. De acordo com a apresentação disponibilizada pela CET, o ciclo semafórico permitirá a travessia das duas pistas, mas ainda assim haverá uma área para acomodação de pedestres que não consigam atravessar no ciclo. A ciclovia passa aos lados dessa área, com sinalização de solo que aumenta a atenção dos ciclistas para a área de pedestres e um estreitamento do espaço de circulação que estimula uma redução na velocidade. Será mantida a acessibilidade universal da travessia. Veja fotos abaixo.

Praça do Ciclista

Na esquina com a Haddock Lobo, onde o canteiro central termina para dar lugar à entrada do Túnel José Roberto Fanganiello Melhem, a ciclovia se torna bidirecional na faixa esquerda da avenida, na pista Consolação-Paraíso. Dali, o traçado contorna a Praça do Ciclista e cruza a Consolação, seguindo em direção ao Pacaembu.

Imagem: CET/Reprodução

Imagem: CET/Reprodução

Ciclovias adicionais

Ciclovias serão construídas no entorno da Av. Paulista, ligando-a ao Centro, Pacaembu, Itaim Bibi e região do Ibirapuera. Veja no mapa.

Muitos ciclistas usam a calçada, por serem ameaçados pelos motoristas quando tentam usar a via. Foto: Willian Cruz

Muitos ciclistas usam as calçadas da Paulista, por serem ameaçados pelos motoristas quando tentam usar a via. A proteção de uma ciclovia é a medida mais eficaz para que deixem de utilizar a área dos pedestres. Foto: Willian Cruz

Ciclovia é necessária na avenida

A Paulista é um dos melhores caminhos quando se está de bicicleta por ser o mais curto e mais plano, dando acesso a várias regiões da cidade. O eixo do “espigão”, que vai do Jabaquara a Perdizes, é relativamente plano, com desnível irrisório e bem distribuído ao longo de seus mais de 13km de extensão. Qualquer rota alternativa implica em muitas subidas e, geralmente, aumento da distância percorrida – o que todo ciclista que está realizando um deslocamento sem intenção de treino costuma evitar.

Devido a essas características, muitos cidadãos utilizam a avenida diariamente em seus deslocamentos de bicicleta.  É o que mostra, por exemplo, a contagem fotográfica realizada pela Ciclocidade em 2010. Naquela ocasião foram fotografados 733 ciclistas em um espaço de 16 horas, com uma média de 52 ciclistas por hora – equivalente a cerca de uma bicicleta por minuto. Entre as 17 e 18 horas a frequência atingiu seu pico, com 86 ciclistas em uma hora. E isso sem estrutura específica para sua circulação, com boa parte dessas pessoas utilizando o mesmo espaço onde circulam os ônibus – ou até mesmo as calçadas.

Ao avaliar esses números, deve-se considerar também o aumento inegável no uso da bicicleta nos últimos cinco anos. Certamente uma ciclovia na avenida terá alta utilização, como vem acontecendo com a ciclovia da Av. Faria Lima, um local onde quase não passavam ciclistas e hoje circulam cerca de dois mil por dia (ou mais).

Hoje, muitas pessoas que teriam a Paulista como parte do trajeto ou mesmo como destino deixam de utilizar a avenida ou mesmo de circular em bicicleta, por receio da baixa aceitação de ciclistas na via por parte dos motoristas que ali trafegam. Essa situação fez a Paulista se tornar a via com mais acidentes com ciclistas por quilômetro, segundo dados divulgados pela CET em 2012. Não é um título do qual a avenida símbolo da cidade deva se orgulhar.

Saiba aqui por que os ciclistas continuam (e continuarão) utilizando a Av. Paulista, por mais que se incentive sua circulação nas vias paralelas. E entenda neste artigo por que as ciclovias são tão importantes para a cidade, seja na Paulista ou na Belmira Marin.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

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  1. É um excelente projeto

    Quem está indo contra o faz por puro proselitismo partidário.

    É uma pena que um projeto que deveria ser uma unanimidade na cidade, seja combatido por mesquinharia e picuinha partidária.

  2. O Juiz reconheceu que existe

    O Juiz reconheceu que existe o projeto na Av. Paulista e liberou as obras.

    No entanto, segundo o mesmo Juiz, as DEMAIS ciclovias nas outras ruas não possuem o projeto e orçamento. 

    É isso o que parece que o Juiz paralisou: as obras de ciclovias nas demais ruas! 

    A Prefeitura teve prazo de 60 dias para apresentá-los, pois até então, mesmo com pedido da Promotoria, não haviam sido apresentados.

    1. Pelo que eu entendi, foi

      Pelo que eu entendi, foi isso. A ciclovia da Paulista não foi questionada porque há um projeto, com estudos de impacto viário, etc. Quanto às outras, basta apresentar os orçamentos e projetos, é isso ? Se for, não parece tão dramático, o mínimo que se espera é que essas coisas sejam programadas.

      Gostar de desfiar algodão pra ver crescer.

      1. É isso, Nira!

        Pelo que eu li, o Juiz deu 60 dias para a prefeitura apresentar esses dados. 
        A promotora queria paralisar também a Av. Paulista, mas como havia projeto e outros estudos, o Juiz não aceitou. Portanto, as obras da Pulista, parece que tão continuando normalmente.

        As demais ruas é que estão pendentes, e talvez realmente não possuam projetos, já que estes não foram apresentados ao Juiz. Aí que foi o “deslize” da prefeitura.

        Penso que isso pode ser resolvido em breve por Haddad diretamente com o Juiz, apresentando os projetos faltantes o mais rápido possível, e se comprometendo a solucionar rapidamente o desgaste que possa ter ocorrido (segundo observou o Juiz).

         

  3. O mais importante não são as imagens, mas as plantas.

    Pena que não esteja disponibilizado o projeto completo com as plantas como o Detalhe 09/a, mas pela numeração e titulação desta planta, certamente o projeto deve estar bem detalhado, bem diferente de centenas de obras que estão sendo feitas neste país com dinheiro público e sem projeto básico exigido por lei.

    A senhora Procuradora, ou é alguém que não sabe nada sobre o que é um projeto, algo que é até possível, ou está com uma má vontade galopante que vai virar num fracasso fulgurante (rimou?).

  4. Ciclovia & Enchentes

    Segundo o jornalista Marcelo Resende, a ciclovia paulistana está custando 670 mil por Km. 

    Diante de tantas regiões na cidade precisando urgentemente de obras  contra enchentes, não posso concordar com a prioridade dada às ciclovias. Desculpem.

     

  5. Uma armadilha para ciclistas inexperientes

    Sou técnico de segurança e ciclista a mais de 50 anos, minha percepção para acidentes é acima da média. Vão tirar os postes que ficaram na ciclovia? Já coloquei 2 bikes lado a lado junto a um poste e o que se vi é que passam, mas passam bem apertadas, isso ainda sem o gradil lateral e interno, não consideraram que a ciclovia da paulista é 90% de lazer, pais e filhos em muitos finais de semana andam juntos, é óbvio que o pessoal da velocidade vai acabar causando acidentes em excesso. Não consideraram que a ciclovia da Av. Paulista é um caso diferente e bem mais movimentada que a Faria Lima por exemplo…

  6. Uma armadilha para ciclistas inexperientes

    Sou técnico de segurança e ciclista a mais de 50 anos, minha percepção para acidentes é acima da média. Vão tirar os postes que ficaram na ciclovia? Já coloquei 2 bikes lado a lado junto a um poste e o que se vi é que passam, mas passam bem apertadas, isso ainda sem o gradil lateral e interno, não consideraram que a ciclovia da paulista é 90% de lazer, pais e filhos em muitos finais de semana andam juntos, é óbvio que o pessoal da velocidade vai acabar causando acidentes em excesso. Não consideraram que a ciclovia da Av. Paulista é um caso diferente e bem mais movimentada que a Faria Lima por exemplo…

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