Muita gente critica o chamado ativismo de sofá, que usa as redes sociais em vez de ira para as ruas, reivindicar essa ou aquela causa. Dizem que mais vale apoiar uma causa, mesmo que virtualmente, do que não apoiar.
Você faz ativismo pelo Facebook ou pelo Twitter? Concorda que é melhor ativismo virtual do que nenhum?
Veja a reportagem da BBC abaixo:
Graças à velocidade e ao alcance com que as causas se espalham pela internet, a rede se tornou o meio mais usado por criadores de abaixo-assinados para divulgar suas campanhas.
Duas das principais plataformas de petições online do mundo, a Avaaz e a Change, já têm versões em português e, juntas, contam com mais de 4,5 milhões de membros.
Na Avaaz, o Brasil já é o país com o maior número de usuários, à frente da França e dos Estados Unidos. No Brasil, ao todo, 3,7 milhões de pessoas apoiam as causas do site norte-americano.
A BBC Brasil ouviu três brasileiros que tiveram suas propostas atendidas após criarem abaixo-assinados virtuais.
Em 2006, depois de acompanhar a batalha diária de três familiares contra o câncer de mama, a jornalista Vera Golik e o fotógrafo Hugo Lenzi decidiram lançar o projeto De peito aberto, voltado para a autoestima de mulheres que se submeteram à mastectomia.
Mas foi em março deste ano que o casal se pediu às oito principais fabricantes de roupas íntimas femininas do Brasil para produzirem um sutiã – lindo, confortável e a preços acessíveis – adaptado a mulheres que tiveram suas mamas retiradas por causa da doença.
Até agora, com 13 mil assinaturas, duas das oito empresas já entraram em contato com o casal. Uma delas já confirmou o compromisso de começar a produção dos sutiãs.
Magrelas
Natural de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, a estudante de arquitetura Charline Carelli, de 22 anos, ficou estupefata quando soube de um projeto de lei de um vereador que queria limitar o uso da bicicleta nas ruas de sua cidade.
Usuária assídua das ‘magrelas’, Carelli decidiu criar, em janeiro deste ano, um abaixo-assinado online para protestar. Em poucas semanas, para sua surpresa, a petição virtual amealhou cerca de 9 mil assinaturas, provocando mudanças no projeto de lei original.
‘Como tivemos bastante apoio popular, o vereador nos chamou para conversar. Inicialmente, ele chegou a relutar em alterar o projeto, que excluiria a bicicleta das vias públicas’, contou ela.
‘Mas à medida em que a causa cresceu e recebemos assinaturas até de estrangeiros, ele anunciou que apenas limitaria o uso das bicicletas em praças e calçadas, o que já é previsto em lei’, completou.
‘A iniciativa não foi arquivada, mas agora é inócua’, acrescentou.
O produtor multimídia e especialista em cultura digital Artur de Leos, de 30 anos, estava a ponto de desistir de usar os serviços do site de comparação de preços Buscapé, o maior do gênero no Brasil e na América Latina, quando teve a ideia de montar uma petição virtual, em dezembro do ano passado.
O objetivo da campanha era alertar os donos da página e outros usuários sobre o número excessivo de lojas virtuais não
recomendadas pelo Procon que apareciam constantemente nos resultados das pesquisas feitas por de Leos no site.
Ao todo, a lista negra do órgão de defesa do consumidor era composta por 200 lojas.
Para potencializar sua campanha, de Leos diz ter sido contatado pela Change, que o ajudou a melhorar a redação do abaixo-assinado, bem como identificar a quem seria melhor endereçá-lo.
Em janeiro deste ano, veio a vitória. ‘Chegamos a mais de 6 mil assinaturas e a Buscapé decidiu tirar as 200 lojas não recomendadas do seu site’.
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