Caminhoneiros continuam paralisação e chamam governo Temer de “irresponsável”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Da Reuters

Por Mateus Maia e Lisandra Paraguassu

Caminhoneiros continuarão de braços cruzados na quinta-feira depois do fracasso de uma reunião da categoria com representantes do governo federal mais cedo, que não conseguiu atender a reivindicação dos motoristas para redução dos custos do óleo diesel.

Tanto a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) quanto a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) saíram da reunião afirmando que o governo não apresentou propostas para o fim da paralisação, que reúne cerca de 450 mil motoristas e já afeta uma série de setores da economia.

“O governo foi irresponsável com a situação que está o país hoje. O governo foi avisado com antecedência e nem mesmo abriu negociação”, afirmou o presidente da CNTA, Diumar Bueno, após o fim da reunião que contou com presença do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e dos Transportes, Valter Casimiro.

Ele se referiu a tentativas de negociações com o governo desde que a Petrobras (PETR4.SA) adotou em meados do ano passado política de preços que permite reajustes diários nos preços dos combustíveis, algo que reduziu a previsibilidade dos autônomos na cobrança dos fretes.

Uma das soluções apontadas pelo governo, zerar Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), depende de aprovação no Congresso de projeto para reoneração da folha de pagamentos, disse Padilha a jornalistas após a reunião. Entretanto, para os caminhoneiros essa solução é insuficiente porque o tributo representa cerca de apenas 1 por cento do custo total do diesel.

Já sobre a incidência de PIS/Cofins sobre o combustível, o ministro comentou que o governo está estudando como fazer uma redução.

Segundo o presidente da Abcam, que representa cerca de 600 mil caminhoneiros dos 1 milhão que existem no país, José da Fonseca Lopes, a categoria concordou em dar um prazo até sexta-feira para o governo chegar a uma saída para redução efetiva no custo dos combustíveis. O prazo se refere ao livre trânsito de caminhões que transportam produtos essenciais como medicamentos e alimentos que precisam de refrigeração.

“Vai continuar tudo (a paralisação). A única coisa que nós concordamos é a liberação de carga viva, alimentos perecíveis, medicamentos e oxigênio, é só isso. Só isso que vai estar liberado, agora, depois de sexta-feira, aí não vai estar nada liberado, vai parar tudo”, disse Lopes a jornalistas.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. Há um FMI no fim do túnel…

    Só o Temer?

    As instituições estão irresponsáveis!

    Vem ai um efeito Orloff?

    O preço de certos produtos começam a subir – isso tem um nome que eu detesto falar: Inflação!

    Na primeira onda ganhou o sistema financeiro…

    Arrancou os cabelos do povo e das micros, pequenas e chegou até as médias…

    A inflação vai arrancar os cabelos dos trabalhadores e com a PEC 55 vai pressionar o governo…

    Ai vem a segunda onda e lambe nossas reservas…

    Será que eles vão deixar chegar até aqui?

    Será?

  2. Greve de caminhoneiros, prenúncio da nova fase do golpe?

    Não gosto de greves de caminhoneiros. Não são empregados, mas donos de caminhões. Geralmente são instrumentalizadas pela direita. Ajudaram a derrubar Allende. E também a Dilma. Tem poder de desestabilizar toda a economia. Podem paralisar aeroportos. Tem impacto inflacionário. Belo pretexto pra um novo golpe e cancelamento das eleições. Tudo que a direita quer.

  3. O estrago feito pelo Aécio

    Aécio derrubou o PSDB, talvez em forma definitiva.

    Tirando os seus defeitos, que não são poucos (políticos e pessoais), o Aécio arrastou as decisões tucanas para caminhos equivocados. Tanto é assim que nos dias de hoje o PSDB devia estar com as maiores intenções de voto e com as eleições de 2018 na sua mão. Os tucanos poderiam ter mantido e capitalizado esse ativo eleitoral de quase 50% obtido em 2014, se tivessem evitado o golpe.

    Vejamos os dois equívocos principais:

    Equivoco 1: Ao invés de apoiar o golpe contra Dilma, os tucanos deviam ter evitado este e aguardado os frutos da impopularidade da Dilma, fazendo-a sangrar aos poucos e colher os frutos agora, em 2018. Mas, Aécio levou os tucanos para o golpe com medo de ser “o primeiro a ser comido”, pela lava jato. Ainda, os tucanos acharam que a indicação do “careca” para o STF seria um prêmio suficiente e uma garantia para defender de denuncias aos tucanos de alta plumagem de São Paulo. Até agora a cúpula do PSDB tem fugido da lava-jato, de modo que a estratégia de não fazer o golpe poderia ter funcionado melhor para os tucanos e hoje estariam em melhor pé.

    Equivoco 2: Já no golpe, os tucanos deviam ter aproveitado a ação da Globo contra Temer em 2017 (a delação dos “Joesley”) e tomado uma posição central, entre o PT e o Temer. Hoje estariam capitalizando tanto a lembrança anti-Dilma como também captando para sim a extrema impopularidade do Temer. Mas não, apesar de algum momento de lucidez do Tasso Jereissati e dos “cabeças pretas” da câmara nesse assunto, Aécio conseguiu manter o grupo tucano dentro do golpe e agora não adianta se tentar descolar do Meirelles (candidato coringa), colocado como candidato apenas para tentar tirar pressão da impopularidade do Temer e blindar tardiamente os prejuízos do golpe de cima das costas tucanas.

    Perdeu playboy! Perderam tucanos!

    Hoje os tucanos amargam uma grande derrota, que tentarão reverter com a eterna ajuda da rede Globo e do PIG, mas é muito tarde para isso. A não ser que consigam um jeito de suspender as eleições e retomar uma posição de salvadores da pátria mais adiante, num momento mais favorável.

    1. Ditadura a caminho.

        O PSDB perdeu a chance de ganhar o Poder, via Democracia, através de uma eleição. 

        Más existem outras forams de se chegar ao Poder, ou de mante-lo. 

  4. à despeito da legitimidade do

    à despeito da legitimidade do movimento, por parte, provavelmente, da maioria dos motoristas, parece haver uma grave instrumentalização aí..

    .. não é razoável em 48 horas faltar combustível e alimento por conta da greve..

    .. durante o governo Dilma também teve greve de caminhoneiros e não causou o transtorno que está causando hoje..

    .. eu acho que aí por trás tem alguma coisa, algum candidato ou até mesmo uma intenção de golpe (militar)..

    .. vamos ver.. seja como for, acho que a esquerda precisa ter cuidado ao embarcar num movimento desses..

  5. Foi para isto que lutamos tanto para atingir a autosuficiência?

    No início da década de 1970, o Brasil importava quase 100% do petróleo que consumia. Ai vieram os choques do preço do petróleo, com as consequências nefastas na economia nacional. Criamos então o projeto nacional da autosuficiência, para não ficarmos a mercê de variações bruscas no preço internacional do petróleo.

    Quase 50 anos depois somos autosuficientes, graças a enormes investimentos em sistemas de produção, que demandaram grandes esforços tecnológicos.  Hoje, mais de 40% da gasolina e do diesel que compramos no posto da esquina vem de óleo produzido em plataformas flutuantes de grande porte, ancoradas no oceano em profundidades de mais de 2.000 metros, com poços que atravessam 4 a 5 quilômetros da camada de sal. E a um custo de produção de aproximadamente US$ 7 a 8, segundo notícia de Reuters de 10/8/2017.

    Um enorme esforço de 50 anos para ficarmos novamente a mercê da especulação internacional no preço do óleo!

  6. De a eles o que eles querem!

    E só fazer um passeio nas redes sociais para ver quem organiza essa ‘greve sem sindicato, sem assembléia e sem aviso de 48 hs’: apoiadores de Bolsonaro, apoiadores da intervenção militar – tem até general golpista apoiando a ‘greve’ dos caminhoneiros no Twitter – e pasmem apoiadores do livre mercado.

    Se eles querem intervençao militar deem a eles: façam como fazem com professores e funcionários públicos, mande as forças de repressão ‘intervir’ na ‘greve’ deles. 

    Os caminhoneiros querem livre mercado? de a eles: a poetrobrás pratica preços de mercado, se os caminhoneiros não tem como pagar o diesel, que quebrem. O mercado se auto-organiza se concentrado em poucas empresas e joga pessoas no lixo. Querem livre mercado? acostumem-se.

    A classe mérdia quer livre merecado? se não podem pagar o combustivel do seu carro, compre uma bicicleta, andem a pé, diminuam suas saídas. O mercado ‘se ajusta’. Parece que na prática a teoria é outra….

    Querem atiçar uma ‘revolta’ popular? esperem o povo ficar sem comida e sem transporte: vai ter revolta popular, mas não  é contra o governo, contra os ‘comunistas’ ou pelo livre mercado: é contra eles mesmo. Ontem mesmo  na fila do supermercado já tinha gente reclamando dos ‘vagabundos’ que ‘atrapalham o Brasil’.

    De a eles o que eles querem!

  7. Greve dos Camioneiros e a incompetência do gov. Golpista

    Seria plausível atribuir o desastre que resulta do aumento do preço dos combustíveis apenas a uma fase do Golpe extremamente planejada?

    Só se for numa fábula surrealista ; tal é a incompetência deste governo de araque, governo picareta e antes de mais nada, Golpista. – Plano para dar um tiro arrancando a própria perna…

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