Cartunista vítima do atentado a Charlie Hebdo retratou violência no Rio

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Enviado por Jns
 
Cartunista morto em Paris retratou violência do Rio em charge
 

Da BBC BRASIL

Uma das vítimas do atentado contra a revista Charlie Hebdo em Paris, o cartunista francês George Wolinski, de 80 anos, retratou a violência urbana e particularidades da vida no Rio de Janeiro em uma charge de 1993.

Wolinski

O desenho, no formato de uma longa tira, foi dado ao guia de turismo carioca Marcelo Armstrong, que criou o ‘Favela Tour’, um passeio que leva turistas a comunidades como a Rocinha, que fez parte do roteiro do cartunista. Ele era parte de um grupo de profissionais no País para a Bienal Internacional de Quadrinhos.

‘A charge retratava impressões sobre sua estada no Rio de Janeiro, que tive o prazer de ajudá-lo a conhecer. Estava ali registrada sua critica à nossa persistente violência urbana. Ontem, a violência de um terrorismo covarde e insano, nunca imaginada naqueles (recentes) tempos de 1993, iria tirar-lhe a vida, na segura e civilizada Paris’, disse Marcelo Armstrong.

No desenho, Wolinski fez observações sobre o poder do tráfico nos morros cariocas, referências a organizações criminosas e à cumplicidade da polícia no comércio da droga.

“Ele se impressionou com nossas discrepâncias”, acrescentou Armstrong. Wolinski chamou as praias do Rio de ‘paraíso californiano’ com seus surfistas e adeptos da corrida.

Ele elogiou a beleza e alegria dos cariocas e, com a ilustração de mulheres de biquini, comentou o que chamou de ‘indecência pudica’ e ‘inocência sem perversão’ vista nas areias.

Cartunista morto em Paris retratou violência do Rio em charge e viu ‘inocência pudica’ nas areias

Wolinski foi assassinado na quinta-feira durante a ação de dois atiradores armados com Kalashnikovs na sede da revista satírica Charlie Hebdo, em Paris, junto com outras 11 pessoas.

Em formato de tira, charge comenta aspectos da violência e da cultura carioca

Marcelo Armstrong

Marcelo Armstrong acompanhou cartunistas em visita ao Rio

Wolin, como era conhecido pelos amigos, era filho de judeus e nasceu na Tunísia. Seu pai foi assassinado em 1936, uma tragédia que, segundo ele, assombrou sua vida como um fantasma.

Ele se mudou para a França em 1940 para estudar Arquitetura, mas acabou se dedicando à atividade de cartunista.

Após receber a notícia da morte do pai, a filha de Wolinski, Elsa, escreveu nas mídias sociais: “Papai se foi. Wolinski não”.

Sobre religiões, certa vez, Wolinski escreveu que o ‘paraíso é cheio de idiotas que acreditam que ele existe’.

 

8 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    1. Idiotas Islâmicos

       

      HEBDO – A Criatividade Contra o Fundamentalismo

      Le film documentaire "C'est dur d'être aimé par des cons", relatant le procès intenté à "Charlie Hebdo" sur les caricatures de Mahomet, est diffusé mardi 13 octobre sur Canal+

      Foi durante esta reunião que surgiu a idéia para a capa do Hebdo com Maomé dizendo: “É duro ser amado por idiotas”

      Uma reunião editorial de Charlie Hebdo filmada em 2006

      [video:http://youtu.be/oNXTZx9j3As width:600 height:450]

  1. Ih, será que ele abusou

    Ih, será que ele abusou também quando veio aqui?

    Afinal, tem que respeitar a cidade, blablabla… nao é assim que funciona?

     

  2. A Sharia Hebdo

     

    As provocações perigosas do Charlie

    Le Point | 01//07/ 2015

    O jornal satírico nunca escondeu a sua cáustica verve humorística, lançadas contra o Islã nos últimos anos, apesar de ter recebido várias ameaças de fundamentalistas muçulmanos.

    Para entender as ameaças à Charlie Hebdo, deve-se voltar para os desenhos (2006) e para a ‘Sharia Hebdo’ (2011).

    "La vie de Mahomet" sortie en 2013 a provoqué une véritable tempête, des journalistes recevant des menaces de mort.

    As caricaturas de Maomé em 2006

    ” Quem foi o autor do terrível ataque a bomba contra o Charlie Hebdo? As autoridades continuam cautelosas. Desde fevereiro de 2006, no entanto,no primeiro caso das caricaturas de Maomé, o Charlie Hebdo foi repetidamente ameaçado e colocado sob proteção policial. Na época, o jornal satírico havia reproduzido as caricaturas do profeta, que foram publicada originalmente no jornal dinamarquês Jyllands-Posten, que premiou o seu autor com uma ameaça de morte.  O Charlie Hebdo reproduziu um desenho de Cabu mostrando Maomé, com a cabeça entre as mãos e dizendo: “É duro ser amado por idiotas .”

    A legenda diz que Maomé é dominado por fundamentalistas.

    No dia 31 de outubro de 2011, dois dias antes da publicação do semanário, a imprensa transmite o que há de vir. Charlie apresenta a edição especial “Sharia Hebdo, cujo editor é “Maomé”, após a chegada ao poder do partido islâmico Ennahda na Tunísia. 

    Na noite de 1 a 2 de outubro, a sede do jornal, então localizado no 20º arrondissement de Paris, foi incendiada. 

    Charb, diretor de publicações, Riss, editor-gerente e o designer Luz, autor do desenho animado, são colocados sob proteção policial.

    Em 2012,  o reincidente Chralie, após a onda de violência causada em todo o mundo pelo filme islamofóbico L’Innocence des musulmans, publicou uma charge imitando uma famosa cena de Mépris de Godard, que foi desenhado por Luz, sob o título “O filme que inflama o mundo muçulmano”, com Maomé mostrando abunda nua, virada para cima e dizendo: “E a minha bunda? Você gosta da minha bunda?”, que incendiou novamente os protestos.

    A edição foi seguida por várias ameaças de morte em sites jihadistas. Um homem que vivia em La Rochelle foi preso depois de lançar uma convocação para decapitar os autores. Em seguida, foi presa uma jovem, que tinha manifestado a sua intenção de viajar para Paris, para “matar todo mundo que encontrasse pela frente” na sede do jornal. As prisões evitaram, então, o ataque ao Charlie.

  3. A Mídia Francesa

     

    As caricaturas de Maomé que foram publicadas pelo Charlie Hebdo

    Charlie, o primeiro nome no título do Charlie Hebdo, é uma referência a Charles de Gaulle.

    TPE | 10/02/2013

    Charlie Hebdo, um semanário satírico francês de esquerda, é um jornal conhecido pelas provocaoes que pratica, de tempos em tempos, pelo o jornalismo investigativo, através de publicação de relatórios sobre áreas de atuação da extrema-direita, da política, da cultura e de diferentes religiões, incluindo o Catolicismo, o Islamismo e o Judaísmo. 

    A seguir são mostradas algumas charges, com um comentário resumido em relação à publicação original.

     

    Depois de uma visita do presidente egípcio Anwar Sadat a Tel Aviv para negociar um acordo de paz permanente, o Charlie Hebdo caricaturou a reunião que, eventualmente, lhe rendeu um julgamento por uma organização anti-racista.

    Maomé e os seguidores idiotas – 30/09/2005

      

    Uma resposta à vitória do partido islâmico Ennahda, nas eleições tunisianas em 23 de outubro de 2011, que anunciou a adoção da sharia na Líbia.

    O profeta, nomeado editor desta edição especial, alerta: “100 chicotadas se você não morrer de rir”, zoando apenas para “celebrar a vitória” do partido islamista Ennahda na Tunísia.

    O site do Charlie (http://www.charliehebdo.fr/) foi hackeados por um grupo de hackers da Turquia, denominado de Akincilar.     

    A sede do Charlie foi incendiada no dia 2 de novembro de 2011

    Charb, diretor editorial do Charlie Hebdo, mostra uma cópia de 2 de Novembro em frente aos escritórios em Paris (AFP PHOTO / ALEXANDER KLEIN)

    Após uma semana de tensões sequela do filme “L’innocence des musulmans”, que causou um escândalo, o Charlie publicou, no dia 19 de setembro de 2012, charges retratando o profeta Maomé em posições ousadas.

     

    Este desenho faz referências ao filme de Godard “Le Mépris” e Maomé é comparado a Brigitte Bardot: “E a minha bunda? Você gosta da minha bunda? “

    A natureza violenta é enfatizada pela posse da arma do personagem muçulmano.

    Este desenho denuncia o que acontece nos países islâmicos, como uma situação mais grave e mais chocante que um curta-metragem criticando Maomé, referindo-se à Sharia, a lei islâmica estrita e muito violenta baseada no Alcorão.

    O Profeta é mostrado nu, em posição de oração, com uma estrela nádegas, que faz referência ao filme sobre os muçulmanos.

    Este desenho mostra islamitas segurando velas em suas mãos. Eles apresentam uma cicatriz na testa, o que significa que os seus cérebros forma removidos e, portanto, a sua única crítica é expressa por meio de violência, que é  disparada pelas armas de fogo, lembrando os campos de islâmicos, onde os jovens muçulmanos sofrem de lavagem cerebral.

    Nesta charge, entende-se que os islâmicos acreditam que todas as representações são um insulto a Maomé, mesmo que elas não tenham nada a ver com o profeta.

    Um desenho com citações dos escândalos de Kate Middleton. A esposa do profeta é associada com a princesa da Inglaterra, que foi fotografada com os peitinhos à mostra em uma praia. No traço do autor da charge, a esposa nua do profeta contradiz as leis de sua religião que exige o uso da “Burqa” pelas mulheres.

    Esta zoação destaca o conflito palestino-israelense, com um muçulmano se declarando judeu, vestido com um turbante muçulmano.

    Todas estas caricaturas são ofensivas ao Profeta Maomé, primeiro porque no Islã é proibido representá-lo. Além disso, todos esses desenhos sujam a sua honra.

    As três grandes religiões monoteístas (islamismo, judaísmo e cristianismo) têm em comum a aceitação de um Deus e a proibição para representá-lo. Mas o Charlie não hesita em representá-los nas suas caricaturas: não é só sobre o Profeta e o Islã que o Charlie Hebdo está atacando, mas todas as outras religiões e outros deuses, pelo que a reação islamita é desproporcionada.

    A imprensa pode o que quiser na França?

    As opiniões estão divididas.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador