Cofecon critica falas de Temer no Dia da Mulher

Conselho Federal lamenta falta de reconhecimento do presidente sobre real contribuição da mulher na economia 

 
Jornal GGN – O Conselho Federal de Economia (Cofecon) divulgou uma nota criticando a afirmação do presidente Michel Temer, divulgada em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, onde o peemedebista fez a triste declaração de que a “grande participação” da mulher na economia é indicar os ajustes de preços nos supermercados.
 
“A afirmação de Michel Temer, limitando a relação das mulheres com a economia à identificação de possíveis desajustes nos preços praticados nos supermercados desrespeita todas as mulheres brasileiras, certamente capazes de compreender as interações das diversas variáveis econômicas com seu cotidiano, mas notadamente às 86 mil mulheres economistas existentes no Brasil”, rebate o Conselho.
 
A entidade completa, que Temer poderia ter aproveitado a oportunidade para “ter reconhecido os preconceitos que as mulheres sofrem no País”, elencando uma lista de dados que comprovam a desigualdade de gênero como a salarial, lembrando que as mulheres recebem em média 70% dos salários dos homens. 
 
Segundo a Cofecon, o presidente também perdeu o time para exaltar os avanços conquistados pela luta e perseverança das mulheres, destacando que, nos últimos 25 anos, a porcentagem de mulheres chefiando os lares passou de 20% para 40%. Leia a seguir a nota na íntegra.
 
NOTA DA PRESIDÊNCIA DO COFECON SOBRE A PARTICIPAÇÃO DA MULHER NA ECONOMIA
 
Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Conselho Federal de Economia reitera o reconhecimento a todas as mulheres economistas, profissionais presentes, atuantes e relevantes em todas as áreas da atividade econômica, governamental e privada, que contribuem com suas capacidades e habilidades intelectuais para o avanço da Ciência Econômica e para o progresso econômico e social de nossa sociedade.
 
Mas na data dedicada a celebrar as lutas e as conquistas das mulheres em todo o mundo, causou enorme estupefação a afirmação do presidente da República Michel Temer relativa ao papel da mulher na sociedade brasileira, em particular a referente à sua relação com a economia: “Na economia, também a mulher tem grande participação. Ninguém mais é capaz de indicar os desajustes de preços no supermercado do que a mulher”.
 
A afirmação de Michel Temer, limitando a relação das mulheres com a economia à identificação de possíveis desajustes nos preços praticados nos supermercados desrespeita todas as mulheres brasileiras, certamente capazes de compreender as interações das diversas variáveis econômicas com seu cotidiano, mas notadamente às 86 mil mulheres economistas existentes no Brasil (37% do total de 240 mil graduados em Economia), mulheres que se capacitaram à análise crítica e formulação de políticas no campo da macroeconomia ou à maior eficiência na gestão econômica das empresas, para ficar em apenas dois exemplos.
 
Michel Temer poderia ter reconhecido os preconceitos que as mulheres sofrem no País: que embora tenham maior escolaridade média que os homens, recebem pouco mais que 70% dos salários desses; que sua jornada de trabalho excede em 7 horas semanais à dos homens; que a taxa de desemprego entre as mulheres é de 13,8%, 30% superior à dos homens (10,7%); e que ocupam apenas 13% dos cargos diretivos de instituições públicas e privadas e pouco mais de 10% das cadeiras no Congresso Nacional.
 
Michel Temer poderia também ter exaltado a perseverança das mulheres, que fez com que, em 25 anos, sua participação na chefia de domicílios brasileiros passasse de 20% para 40%. Poderia ainda ter pedido perdão, em nome do Estado, às mais de 500 mil mulheres brasileiras (70% crianças e adolescentes) que anualmente sofrem violência sexual em nosso País, assim como às famílias das 5,7 mil mulheres que foram assassinadas em 2016.
 
Mas Michel Temer preferiu apenas destacar o papel da mulher de “dona do lar” e “cuidadora dos filhos”, atribuições essas, diga-se de passagem, que as mulheres fazem com excelência. Várias foram as conquistas sociais das mulheres ao longo da história, deixando evidente que a mulher não possui capacidade intelectual inferior à do homem, ao contrário, a mulher é intelectualmente capaz de assumir responsabilidades cívicas e sociais, tomar decisões relevantes e desenvolver atividades criativas em todas as áreas de atuação.
 
É próprio das mentes conservadoras e reacionárias não reconhecer que, na sociedade atual, a mulher tem participação cada vez mais ampla nos debates e construções sociais, inclusive exercendo influência relevante e determinante em suas áreas de atuação, com tomadas de decisão que determinam e direcionam instituições, governos e a sociedade.
 
Nossa solidariedade e homenagem às mulheres brasileiras, especialmente às economistas.
 
PRESIDÊNCIA DO CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA

https://www.youtube.com/watch?v=s8YbfTWmJhU ]

Em comparação:

[video:https://www.youtube.com/watch?v=ifMipJYk5sQ

 

Redação

2 Comentários

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  1. mi$hell, o paspalho, e o intestino do (des)interino

    Uma nova, alarmante, e devastadora epidemia está deixando atônita a comunidade médica: o trânsito intestinal dos milhares de infectados inverteu por completo o seu curso natural, há uma inversão de 180° na direção do fluxo da matéria putrefata, sobretudo dos gases.

    As áreas mais afetadas são Curitiba, São Paulo e Brasília.

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