E agora, sem o Pacto Global sobre Migrações?, por Wilson Ribeiro

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Foto Roberto Chiachiri

E agora, sem o Pacto Global sobre Migrações?        

por Wilson Ribeiro

Imigrantes e refugiados venezuelanos, haitianos, palestinos e de outras nacionalidades organizaram um primeiro encontro para discutir seu futuro incerto após o governo brasileiro a saída do país do Pacto Global para uma Migração Segura, Regular e Ordenada.

Realizado na última quarta-feira, dia 16, o evento, que contou com a presença de representantes de diversas instituições da sociedade civil, discutiu a situação dos trabalhadores refugiados e imigrantes e a política do governo brasileiro para eles.

No primeiro momento, os imigrantes e refugiados explicaram a situação difícil em que viviam em seus países de origem, Haiti, Venezuela e Palestina, Peru e Síria. Entre os principais problemas vividos por eles estavam a fome, a guerra e os riscos à vida.

Quando chegaram aqui, sem falar português, eles não tinham ideia de onde morar nem de como encontrar trabalho, mas acreditaram que a vida seria melhor do que em seu país de origem.

Passaram muitas dificuldades, mas, sobretudo, sofreram com a xenofobia e o racismo. Hoje, a maioria dos imigrantes e refugiados vive com medo, e por isso muitos se calam diante de falta de respeito e violência que sofrem. Preferem se esconder, sofrem calados, pois temem o risco de serem deportados de volta ao seu país.

Esse medo é um dos fatores que tornam a organização deles mais difícil, uma vez que não conhecem as leis e não sabem que a eles também estão garantidos direitos, como o de se organizar e reivindicar um tratamento melhor por parte do Estado e mais respeito por parte dos brasileiros.

O evento teve um objetivo bem modesto: discutir a saída do Brasil do Pacto Migratório da ONU e fazer uma campanha para que o governo brasileiro voltasse a adotar o acordo não vinculativo, ou seja, sem força de lei e que, portanto, respeita a soberania do país na condução de uma política migratória, preferencialmente de base humanitária.

Essa ruptura em si pode mudar pouco, no que diz respeito à legislação e aos direitos dos imigrantes e refugiados, mas simboliza uma nova era e forma de lidar com a questão. A aproximação de Bolsonaro com Trump e Netanyahu, que tratam de forma excludente e com indiferença os latino-americanos e os palestinos, revela a preocupação com a ruptura do Pacto.

A luta pela participação do Brasil no Pacto Global sobre Migração pode parecer pouco frente às necessidades dos imigrantes e refugiados. No entanto, essa é uma primeira luta que pode aglutinar e fortalecer um movimento pelos direitos desses trabalhadores.

Esse primeiro encontro discutiu também a necessidade de mais atividades dessa natureza, com o propósito de ampliar o debate com os imigrantes e refugiados, levando a eles mais informações e esclarecimentos sobre seus direitos, inclusive de poder protestar.

Por último, o encontro reforçou a importância da solidariedade, da empatia e do apoio das entidades sociais, dos parlamentares, partidos políticos, artistas, intelectuais e de todos os brasileiros mais sensíveis a essa causa.

Uma nova plenária aberta será realizada no dia 3 de fevereiro, quando os refugiados e imigrantes buscarão formas de fortalecer o movimento e dar novos passos no caminho da busca por direitos, segurança e respeito.

 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. Promessa de Campanha

    Nassif: promessa é promessa. E um governo macho pacas não há de retroceder, nessa dos imigrantes. Se for branco pode até ser aproveitado, depois de um curso de adptação na ColôniaTrinidad, em Goyaz da Baviera. Agora se for negro, mesmo que pese menos de 3,5 arrobas, esse vai ser expluso sumariamente. Pacto, de agora em diante, só com aval da caserna. E os milicos tão nem ai com essa de solidariedade internacional. Dizem que o tempo no momento é de pirão pouco.

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