Em ato, lideranças dizem que Dilma precisa governar com movimentos sociais

Da Agência Brasil

A presidenta Dilma Rousseff, após superar o processo de impeachment, deverá governar dando mais importância aos movimentos sociais. A tese foi defendida na noite desta segunda-feira (4) por diversas lideranças políticas, artísticas e religiosas, reunidas em um ato contra o impeachment intitulado Brasil Pela Democracia. O encontro ocorreu no Teatro Casa Grande, tradicional palco de lutas e resistência histórica contra a ditadura militar, na zona sul do Rio.
 
O teólogo e escritor Leonardo Boff disse que Dilma deve fazer uma coalizão com os movimentos sociais, em sintonia com as demandas que vêm das ruas, por avanços no campo popular.

“A Dilma terá que mudar e governar com os seus aliados que estão aí, que são uma rede imensa de comunidades, o que será uma chance de organizarmos um futuro diferente para o nosso país. É possível [o fortalecimento do governo] se ela fizer outro tipo de coalizão, não a partidária, pois essa ela vai ter que fazer, para funcionar minimamente o governo. Mas a grande coalizão tem que ser com os movimentos sociais, que apoiam as mudanças para responder aos gritos da população, que não quer mais saber de uma política de negociatas, mas a refundação do Brasil em novos valores, que colocam o bem comum no centro e não a macroeconomia capitalista”, disse Boff.

Rio de Janeiro - Leonardo Boff participa do ato Brasil pela Democracia, no Teatro Casa Grande, contra o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (Fernando Frazão/Agência Brasil)

O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, disse que o Brasil vive uma grave crise econômica, política, social e ambiental, mas que o governo é apenas uma peça neste processo. “Os capitalistas brasileiros e internacionais querem sair da crise aumentando suas taxas de lucro e para isso precisam tirar direitos dos trabalhadores e voltar com o processo de privatização das elétricas e do pré-sal, rasgando a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho]”.

Segundo o líder do MST, não será aceito nenhum tipo de golpe político. “Não podemos aceitar nenhum golpe no país, mas ao mesmo tempo achamos que as forças de esquerda têm que discutir um projeto. Não basta defender a democracia e evitar o golpe. A esquerda e os movimentos populares precisam apresentar propostas de como sair da crise. E tudo isso tem que ser feito nas ruas.”

Stédile disse que, caso a direita consiga consolidar o impeachment, os movimentos sociais irão imediatamente ocupar as ruas. “O MST e todos os movimentos populares vão para as ruas, ficar em vigília permanente para inviabilizar o golpe. Não basta eles tirarem a Dilma e colocarem o Temer. Isso não é solução para nada. Nós estaremos mobilizados para que não haja ruptura da democracia no Brasil.”

Rio de Janeiro - A cantora Beth Carvalho participa do ato Brasil pela Democracia, no Teatro Casa Grande, contra o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (Fernando Frazão/Agência Brasil)

A cantora Beth Carvalho foi um dos artistas que participaram do ato Brasil pela DemocraciaFernando Frazão/Agência Brasil

Presente ao ato, o ex-governador gaúcho Tarso Genro, que ocupou vários cargos no governo Lula, inclusive o de ministro da Justiça, disse que o momento atual é de resistência democrática e defesa do estado de direito. “O Brasil vai ser outro, não se sabe qual, depois da votação do impedimento da presidenta. Se nós superarmos esta etapa, temos que reconstruir politicamente o campo democrático, popular e da esquerda, para dar sustentação ao que deve ser um novo governo. Esta é a expectativa dos movimentos sociais e do campo político da esquerda: que o governo mude e para melhor”.

Também participaram do ato as atrizes Bete Mendes e Teresa Seiblitz, a cantora Beth Carvalho, o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, o presidente estadual do PT e prefeito de Maricá, Washington Quaquá, a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, o babalorixá Ivanir dos Santos, entre outros.

 

Redação

8 Comentários

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  1. Caro Nassif
    Tá mais do que na

    Caro Nassif

    Tá mais do que na hora da Dilma governar com os  movimentos sociais.

    Só assim ela se sustenta.

    Há gentes de outros partidos, até mesmo do PMDB, que topa essa caminhada.

    Mas por favor, manda logo embora o Temer e demais traidores.

    O novo Brasil está se chocando com o velho.

    Saudações

  2. Um projeto

    claro, com metas e responsabilidades. Uma esquerda unida, atuante nas críticas e, principalmente, na formulação de soluções concretas… é possível? Passada a crise, que não hajam apenas cobranças, que haja um esforço das partes (governo e movimentos sociais) para conciliar os interesses. Não adianta pedir que não construam mais hidroelétricas se não houver uma alternativa técnica e economicamente viável para produção de energia capaz de atender a demanda!

    O Projeto é do país, e deve contemplar também os setores produtivos, que geram riqueza. Sem essa de inimigo capitalista, o movimento é de criar parceiros e não ficar preso a conceitos da esquerda antiga, o novo tem que ser criado.

    Mas o ganho de produtividade não pode vir associado a perda de direitos. Mais participação nos lucros para incentivar a produtividade dos trabalhadores, a “fórmula” tem que ser boa para patrões e empregados.

    Precisamos de cooperação. E por falar nisso, de cooperativas de crédito, na construção civil e tudo mais que favoreça a distribuição de renda.

  3. Ontem o Roda Morta mostrou a

    Ontem o Roda Morta mostrou a face mais feia de todas que já vi, pelo menos desde Sérgio Conti, passando por Marília Gabriella, e ese outro imbecil de agora, augusto Leite. 

    Leva para o meio da roda um Ministro do STF que diferente de Gilmar Mendes tem conseguido pautar-se apenas pela constituição embora, para tanto, ser forçado a de vez em quando demonstrar-se arrepiado com os arrepios que a Lei Maior vem sofrendo em com ações impróprias, incoveniente, e estúpidas de alguns juízes, como ele mesmo declara.

    Considerando os jornalistas presentes para questionarem o ministro, todos eles da imprensa golpista, como Isto É Lixo; Falha; Época (nebulosa); Falha; etc., e, como que pra causar espanto, José Newmann da Tv Gazeta. Esse sujeito impressionou muiito Marco Aurélio com seu tom agressivo, desrespeitoso, ao ponto de incomodar até Augusto Leite, que sempre adorou quem ataca o PT.

    Mas, de que mais serve um progama como Roda Viva, se mudou completamente para um quadro triste, em que nada se informa, a não ser para fazer política de direita.

     

    De fato, há que se perguntar e se tentar encontrar algma resposta para o after day, caso Dilma permaneça no seu cargo até 2018. Composição com o PMDB ela nunca mais deveria fazer. Por certo vai carecer, sim, do congresso, porque isso é parte d sistema presicencialista, mas por que não ousar, e sair dessa encuzilhada por direções distintas? Não vejo tanta impossibilidade nese sentido. É claro que as dores de parto dos trambolhos serão mais agudas, como as da mulher que espera óctuplos, mas Dilma já disse que não tem medo de cara feia, isso desde aquela ditadura envergonhada, quando ela sentada, de cuca erguida via no alto os meganhas encobrindo seus rostos, até hoje com as fotos à mostra para quem quiser ver.

    Mas, vai ter muita confusão, muita disputa, muita luta, até porque a Lava Jato não para de fuçar a vida dos petistas, e não nos admiraremos se até o dia da votação, talvez na véspera ou anti-véspera Globo e Moro, com pitadas de Gilmar, (talvez na ordem inversa) criem mais um factoide-bomba contra Dilma e Lula.

  4.  Presidencia da Republica

     Presidencia da Republica precisa governar para a totalidade da população, movimentos sociais não chegam a meio por cento dessa população, o que está sendo dito é que a Presidente deve governar com os DIRIGENTES de movimentos sociais, dando-lhes poder e verbas, o caminho mais curto para liquidar com seu governo, uma especie de “”RECEITA MADURO”.

  5. Coisa que deveria ter feito

    Coisa que deveria ter feito desde seu primeiro governo.

    Não teria havido as manifestações de 2013.

    As equipes dos dois governos de Dilma erraram muito, e por muito tempo. Não há dúvida sobre sua ingenuidade e seu descaso políticos. Achavam que bastava negociar “por cima”, agradando às oligarquias agrário-empresariais, financeiras e a alguns de seu representantes partidários, como os do PMDB, etc. Desconsiderou os movimentos sociais de juventude, as mídias alternativas, o MST, os ecologistas, as organizações sindicais, e ignorou minorias fundamentais como as indígenas. Estas não têm poder algum de fato, mas no plano simbólico-político têm potência, que não pode ser desprezada, ainda mais pelo PT que veio dos movimentos sociais, entre outras forças.

    Deu no que deu.

  6. emocionante este encontro

    emocionante este encontro histórico….

    memoráveis os pronunciamentos, prova de que os movimentos

    sociais devem mesmo defender seus interesses, independentemente de governos…

    mantêm assim a chama viva da sociedade.;…

    isto é o que importa….

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