Em São Paulo, mulheres fazem dois grandes atos e protestam contra reforma e Doria

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Da Rede Brasil Atual

Mulheres terminam ato em SP com manifestação contra o prefeito Doria
 
Depois de mulheres e professores das redes públicas se encontrarem em caminhada, manifestantes mudaram trajeto e seguiram para a sede da prefeitura
 
O ato realizado nesta quarta-feira (8) em São Paulo pelo Dia Internacional da Mulher e contra a reforma da Previdência se encontrou com o movimento de professores das redes públicas estadual e municipal no cruzamento da Avenida Brigadeiro Luís Antônio com o Viaduto Maria Paula, na região central. O trajeto mudou depois que o movimento decidiu seguir para o Viaduto do Chá no sentido da prefeitura de São Paulo. Na frente do prédio, as mulheres gritaram palavras de ordem contra o prefeito João Doria (PSDB).


As manifestantes ocuparam as duas mãos do Viaduto do Chá e sentaram em frente à sede da prefeitura. Com as fanfarras fizeram muito barulho, gritando: “Doria, pode tremer, a mulherada vai te por para correr” e “Fora Doria”. A sede da prefeitura foi escolhida como loca da dispersão.

Pouco antes, na Rua Xavier de Toledo, em frente ao prédio da Previdência Social, os manifestantes se abaixaram e fizeram um jogral dizendo: “E 74% das pensionistas são mulheres, a maioria recebe um salário mínimo e com a reforma os benefícios poderão ser pagos em valor inferior ao mínimo. Além disso, quem tem a pensão terá que escolher entre receber ela ou receber sua própria aposentadoria”.

“A proposta atual do governo Michel Temer é aumentar a idade de aposentadoria de homens e mulheres para 65 anos. Mas vamos fazer as contas se a proposta de Temer passar quem vai poder se aposentar realmente?”, disseram ainda.

A aposentada Ana Chieffi, 62 anos, disse que participa dos atos de 8 de Março há 30 anos, “mas este está especialmente diversificado colorido e alegre. A pauta contra a reforma da Previdência uniu”.

Cristiane Gomes, jornalista, 38 anos destacou a importância da luta das mulheres negras. “A luta da mulher negra muitas vezes é inviabilizada no movimento feminista como um tópico de um manifesto. No entanto, são as mulheres negras as que mais sofrem com a opressão. Nós seremos as mais atingidas pela reforma da Previdência, somos as mais atingidas pelo genocídio da população negra e pela violência contra a mulher.”

Girrana Rodrigues, jornalista, 21 anos, também questionou a proposta. “A reforma da Previdência não reconhece que as mulheres já trabalham diariamente mais do que os homens e a diferença de idade para aposentadoria era para compensar essa diferença. Se não somos iguais nos deveres por que temos que ser iguais nos direitos?”

Na linha de frente do ato, durante a tarde, esteve o movimento negro, pedindo o fim do genocídio contra as mulheres negras; o movimento indígena se posicionou contra o agronegócio, enquanto as mulheres trabalhadoras exigiam o fim da reforma da Previdência. Também estiveram representados os militantes de movimentos de moradia.

As principais palavras de ordem foram “Fora Temer”, “também quero me aposentar”, “demarcação já”, “não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da Polícia Militar”, “nem recatada e nem do lar, a mulherada está na rua para lutar”, “se empurrar o Temer cai”.

A presença foi quase total de mulheres, com os homens dando apoio. Muitas crianças também, acompanhando mães, mulheres mais jovens, estudantes secundaristas, também mulheres mais velhas, todas juntas.

As militantes levaram cartazes com dizeres como “meus corpo, minhas regras”, “a moradia é a porta de entrada para todos os outros direitos”, “machismo mata”.

Com reportagem de Sarah Fernandes

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Redação

2 Comentários

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  1. Ontem quase não consegui

    Ontem quase não consegui acessar a Internet. Procurava matérias sobre as manifestações do Dia da Mulher e nada. Nem mesmo no facebook estava atualizado. Boicotes sutis da nova ‘informação’. Talvez hoje apareça alguma coisa nas páginas. Temos que convocar um batalhão de fotógrafos como Sebastião Salgado para repercutir as imagens que nos são negadas para continuarmos a existir. A cesura atual reduz tudo a uma Serra Pelada, que veio à tona quando filmes, documentários e fotografias a tornaram pública.

  2. Num dos episódios do seriado

    Num dos episódios do seriado The good wife, o candidato a presidente Peter Florrick percorre o estado de Iowa em campanha e não consegue participação popular. Quando a chefe de campanha é questionada sobre o fracasso da caravana responde que cuidou disso convidando um jornalista para dar cobertura mentindo em rede nacional sobre o sucesso da participação popular. 

    Évergonhoso que jornalistas mulheres sejam tão canalhas e sem caráter ao dar cobertura nas manifestações do movimento feminista no Brasil.Nem sempre os inimigos das nossas lutas são os homens, mulheres sem caráter no poder tem atuação por vezes mais nociva do que os homens. As mais famosas jornalistas brasileiras trabalharam para derrubar a presidente Dilma Roussef inflando inicialmente as manifestações de rua e apoiam um governo misógino e ultrapassado que em todos os projetos de reforma social retira direitos das mulheres. As coberturas vão desde a indiferença de uma Mônica Bérgamo, à canalhice de Lo Prete e Cristiana Lobo até a militância ardorosa de uma Miriam Leitão. O que lhes importa é o cargo que ocupam, como podem servir melhor o patrão e subir na carreira e dane-se a opressão sobre o sexo feminino. Para essas profissionais dinheiro e prestígio valem mais do que a luta eterna que nós, mulheres, temos travado contra um sistema que nos oprime desde o machismo nos relacionamentos pessoais passando pelo  reconhecimento intelectual e profissional até o direito ao corpo na questão da maternidade e aborto. 

    Não é a toa que denúncias de envolvimento pessoal de jornalistas com políticos corruptos são comuns. Tem o caso do FHC, do Renan, do Cunha, do Temer, do Serra. Que ética tem essas mulheres na profissão para, sabendo do comportamento criminoso desses homens, se envolverem emocionalmente com eles? É vergonhoso que em quase todos os casos terem se envolvido com homens casados não se importando com a opressão e o sofrimento causado a outras mulheres. 

    Joseph Pulitzer afirmou que jornalista não tem amigo. Numa representação cruel do que é o jornalismo do nosso país, no Brasil jornalistas mulheres de importantes veículos de comunicação tem amantes.

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