Fazendeiros usam agrotóxicos como armas químicas contra aldeias indígenas no Mato Grosso do Sul

"A gente vive no meio do veneno. Respira, come, bebe e veste o veneno que eles jogam", narrou a líder indígena Erileide Domingues,

Dona Miguela, em visita da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em 2018, na Terra Indígena Guyraroká, Caarapó (MS) – Foto: Christian Braga/CIDH

Fazendeiros estão utilizando agrotóxicos como armas químicas para matar indígenas e destruir aldeiras no Mato Grosso do Sul. É o que mostra reportagem de Rodrigo Bertolotto, do TAB, nesta segunda (21).

“A gente vive no meio do veneno. Respira, come, bebe e veste o veneno que eles jogam”, narrou a líder indígena Erileide Domingues, da aldeia de Guyraroká, na cidade de Caarapó, Mato Grosso do Sul.

Segundo a reportagem, os fazendeiros jogam os agrotóxicos pulverizados com aviões, à noite, diretamente nas terras guaranis-kaiowás no estado.

O cenário é o mesmo em diversas cidades do Mato Grosso do Sul, em locais onde aldeias se situam em meio às grandes propriedades de terras dos ruralistas. “Uma arma que mata aos poucos”, descreveu o líder da aldeia Guyra Kambi’y, Exequiel João, em Douradina.

“É como uma guerra. Eles começaram com tiros para intimidar e tratores empurrando nossas ocas. Depois passaram a atacar a gente com veneno, que é uma arma que mata aos poucos. Eles querem correr com a gente daqui, mas nós vamos resistir”, disse.

Com a intenção disfarçada, de pulverizar agrotóxicos em suas plantações, os fazendeiros jogam a arma química diretamente nas ocas indígenas.

A legislação proíbe que os venenos sejam jogados a menos de 500 metros de distância de áreas habitadas, o que é ignorado por eles.

Em 2019, um episódio trouxe a luz esta prática, quando 4 crianças e 2 adolescentes tiveram que ser hospitalizados, com dores no peito, estômago e cabeça, falta de ar, vômitos, diarreia, após a escola da aldeia Guyraroká ser pulverizada com calcário e agrotóxico.

Diversas denúncias já foram protocoladas pelo Ministério Público Federal (MPF) e cobranças e inspeções da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da ONU também pressionam o Estado brasileiro.

A área de Guyraroká depende ainda de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a demarcação de terra, em um processo paralisado desde 2014.

Leia os relatos na reportagem do TAB.

Redação

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