“Não é um ato pró-Dilma, nem contra a Dilma”, afirma presidente da CUT-SP

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

Dirigentes sindicais denunciam a tentativa dos jornais de enfraquecer o ato do dia 13 e alertam: “impeachment jamais é saída”
 
 
Jornal GGN – “A imprensa está querendo jogar. Fazer um jogo que nós não vamos entrar nele. Não é um ato pró-Dilma, não é um ato contra a Dilma”, afirmou o presidente da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT-SP), Adir dos Santos Lima, sobre a manifestação do dia 13 de março, ao GGN
 
“O foco dessa manifestação é muito claro. É em defesa do direito dos trabalhadores, em defesa da democracia, em defesa da Petrobras e pela reforma política no Brasil. As entidades de classe e os sindicatos têm também reivindicações que estão paradas no Congresso, por exemplo, os metalúrgicos do ABC, tem uma pauta de renovação de frota que acham importante dar visibilidade para isso, os bancários têm a sua [pauta], o MST pela reforma agrária. Todas as entidades que tiverem palavras de ordem que couberem dentro dessa manifestação são todos bem vindos. Mas os eixos são esses quatro”, explicou o representante da CUT.
 
No Rio de Janeiro, o enfoque será predominantemente “em favor dos trabalhadores da Petrobras” e contra as investidas pelo impeachment. José Carlos de Assis, coordenador da Aliança Pelo Brasil, organização que reúne dirigentes de instituições e centrais sindicais no Rio, é um dos organizadores do ato na cidade carioca e mostra, claramente, que a esquerda está insatisfeita com o governo, mas não enxerga como solução a saída da presidente.
 
“[A saída] jamais seria o impeachment. Aí é que vai embaralhar ainda mais a política brasileira, é uma irresponsabilidade. O nosso objetivo paralelo é evitar o golpe, defender a democracia e o mandato da Dilma até o fim. E, primeiro, não estamos fazendo reivindicações, estamos fazendo propostas, que se depender do governo ele pode decidir em 24 horas. Todas elas razoáveis, inclusive”, explicou José Carlos, ao GGN.
 
Diversas organizações e movimentos marcarão presença no dia 13: a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e centrais sindicais como a CUT, CTB e UGT. 
 
Entre as propostas mais específicas que os levarão às ruas estão a reforma política, com propostas como o fim do financiamento de empresas em campanhas eleitorais; o investimento do pré-sal na educação, bandeira mais defendida pela UNE; a revogação das Medidas Provisórias 664 e 665, contra o projeto de Lei 4330, que libera a terceirização ilimitada, assim como a manutenção da Caixa Econômica Federal 100% pública e a não elevação da taxa de juros e medidas de ajuste de caráter agressivos – pautas concentradas pela CUT.
 
Pela Petrobras, pedirão a defesa dos trabalhadores, ainda que também lutarão pela punição de funcionários de alto escalão envolvidos em atos de corrupção. “Defender a Petrobras é defender a empresa que mais investe no Brasil – são mais de R$ 300 milhões por dia – e que representa 13% do Produto Interno Bruto”, afirmaram os movimentos, sem ausentar a necessidade de ir contra os desvios. “A bandeira contra a corrupção é dos movimentos social e sindical. Nós nunca tivemos medo da verdade”, defenderam.
 
A variedade de reivindicações, somada ao confronto da tentativa de impeachment da presidente Dilma, fez a imprensa se posicionar de duas maneiras nos últimos dias: taxando o ato do dia 13 como pró ou contra Dilma.
 
No dia 9 de março, a Folha divulgou reportagem intitulada “CUT, MST e UNE fazem ato contra o ajuste fiscal“, afirmando que o protesto “está longe de ser uma manifestação de defesa do governo petista”. O material foi endossado em outros jornais e pela colunista Cristiana Lôbo, que chegou a igualar os atos do dia 13 e do 15 como ambos contra a presidente Dilma. 
 
No dia seguinte (10), a Folha de S. Paulo divulgou notícia oposta: “CUT define atos de ‘blindagem’ a Dilma em 24 capitais“. O mesmo viés foi reafirmado no dia 11 de março, em outra reportagem: “Organização de ato pró-governo visa impedir provocações a adversários“. Mas, no mesmo dia, contraditóriamente, matéria da central de Brasília do jornal paulista divulgava que o ato era contra as medidas provisórias e por pautas trabalhistas.
 
Os dirigentes alertaram que o erro da grande imprensa é proposital. 
 
 
“Boa parte da imprensa está convocando a manifestação do dia 15 pelo impeachment, isso está claro. Isso nós não vamos aceitar, não vamos fazer e por mais que eles queiram colar em nós um ato que blinda a Dilma, não vamos aceitar isso. Pelo contrário, nós queremos que a presidenta mude o rumo do governo dela. chame as centrais para dialogar sobre as duas medidas provisórias, que no nosso entender ferem os direitos dos trabalhadores, e que nós possamos retomar nossa agenda de diálogo com o governo”, afirmou, incisivamente, o presidente da CUT-SP.
 
Por outro lado, lembrou que uma das bandeiras será contra o golpismo. “Não enxergamos [o impeachment como saída], não queremos, não vamos defender, somos contra qualquer gesto de impeachment, porque nós vivemos em um país sob o regime democrático, acabamos de sair de uma eleição onde a presidenta Dilma foi vencedora”, afirmou Adir dos Santos Lima. “Se tem erros, não é com o impeachment que vai resolver, acertar os erros. Não é com golpe, não é com impeachment, é com pressão popular, e é assim que nós vamos fazer”, defendeu.
 
Já o coordenador da Aliança Brasil entende que as informações divergentes divulgadas é, na realidade, um reflexo do cenário político atual, gerado pelo desconforto de parte da esquerda brasileria com o governo. “Essa confusão que está sendo sentida na imprensa, na verdade é uma confusão da vida política brasileira hoje. É uma coisa real, estão fazendo ajustes fiscais sem dizer o que vem depois. O governo, a Dilma, não está conseguindo dizer. A fonte da confusão é essa”, opinou José Carlos.
 
O representante da CUT negou que as diferentes pautas poderiam dissipar ou enfraquecer o movimento, afirmando que todas as reivindicações têm um único objetivo: “lutar pela democracia”, o que envolve os trabalhadores buscarem seus direitos, apresentarem suas insatisfações e, ao mesmo tempo, ir contra uma tentativa de rompimento do processo democrático, que seria o impeachment.
 
“A questão da democracia envolve toda a sociedade brasileira, porque, ao nosso entender, existe uma ameaça à democracia. Existe uma ameaça de golpe, existe ameaça de pedido de impeachment dentro de um processo democrático, que foram as eleições do ano passado. Achamos que é dever nosso estar nas ruas para defender a democracia”, concluiu Adir dos Santos Lima.
 
Leia mais: Grande ato do dia 13 de março defende Petrobras e reivindica mudanças

 
O primeiro ato ocorre hoje (12), em Porto Alegre. A concentração ocorre às 12 horas, no Largo Glênio Pires. Confira os horários e locais de concentração das demais capitais para o grande ato do dia 13 de março. 
 
Alagoas
Maceió – Praça Sinimbú – 9h
 
Amazonas
Manaus – Concentração na Praça da Polícia – 15h
 
Amapá
Macapá- Concentração na Praça da Bandeira – 8h
Caminhada até a Praça do Forte – 10h
 
Bahia
Salvador – Itaigara – Em frente ao prédio da Petrobrás – 7h
 
Ceará
Fortaleza – Praça da Imprensa – 8h
 
Distrito Federal
Brasília – Rodoviária – 17h 
 
Espírito Santo
Vitória – Em frente à Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)  – 16h30
 
Goiás
Goiânia – Coreto da Praça Cívica – 10h
 
Maranhão
São Luís – Panfletagem na Praça Deodoro – 7h
Concentração na Praça João Lisboa e passeata na Rua Grande até o final da mesma rua – Canto da Viração – para o Ato Político – 15h
 
Minas Gerais
Belo Horizonte – Praça Afonso Arinos – 16h
 
Mato Grosso do Sul
Campo Grande – Praça do Rádio – 9h 
 
Pará
Belém – Praça da República – 15h
 
Paraíba
João Pessoa – Em frente ao Cassino da Lagoa – 15h
 
Pernambuco
Recife – Parque 13 de Maio, Santo Amaro – 7h
 
Piauí
Teresina – Praça da Liberdade – 15h
 
Paraná
Curitiba – Praça Santos Andrade – 17h
 
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro – Cinelândia – 15h
 
Rio Grande do Norte
Natal – em frente à Catedral – 16h
 
Santa Catarina
Florianópolis – em frente à Catedral – 14h
 
Sergipe
Aracaju – Praça Camerino – 14h
 
São Paulo
São Paulo – Avenida Paulista nº 901 – em frente ao prédio da Petrobrás – 15h
 
Tocantins
Concentração no Posto do Trevo 2, caminhada na Avenida Tocantins, em Taquaralto, até a Praça da Igreja São Jose – 15h30
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

16 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Terrorismo Econômico

    Uma amiga me contou que sua irmã foi avisada a partir de telefonema de brasileiro vivendo nos EUA que, no próximo dia 18, Dilma confiscará/bloqueará a poupança como fez Collor. A mãe de minha amiga, idosa, pediu à filha para sacar toda a sua poupança. Se houver corrida aos bancos, esse terrorismo econômico contra os brasileiros será uma das causas.

    O que não falta são brasileiros inimigos dos brasileiros, aqui e no exterior. Limpar latrina nos EUA torna os brasileiros para lá emigrados amargos e desejosos de espalhar a própria miséria aos que aqui ficaram lutando para sobreviver e melhorar o país.

    A direita é podre.

    1. Não tem vergonha não?
      ta

      Não tem vergonha não?

      ta chamando todo brasileiro honesto que vai para os estados unidos de gente desonesta?

      nao tem noçao do ridiculo não?

       

      1. Não tem vergonha não?
        ta

        Não tem vergonha não?

        ta chamando todo brasileiro honesto que vai para os estados unidos de limpador de latrinas?

        nao tem noçao do ridiculo não?

  2. Então tá…

    “…Não é um ato pró-Dilma, não é um ato contra a Dilma”.

    Com UNE, MST, CUT, FUP, etc.? Então tá… Ou é o “Kassabonete” que já está articulando?

  3. “”Não é um ato pró-Dilma, nem

    “Não é um ato pró-Dilma, nem contra a Dilma”, afirma presidente da CUT-SP

    buenos

    se não é nada disso, caro nilsso!

    e sim, muito pelo contrário!

    entonces é uma daquelas manifestações fortuitas geração espontânea que surgem na massa fermentada do nada…

    tipo as estudantinas contumazes aprazíveis “semana do saco cheio” na facu!

    e vamo nóis pra balada pra rave! tomar todas & catar mulher e morrer na praia…

    parece que doenças da moda ou destes tempos como surto bipolar em rede e síndrome de autismo social que acometem governantes e políticos sem saída sem nexo se alastram contaminantes para infectar as massas teleguiadas nas ruas… como quê, um ensaio sobre a cegueira saramago.

  4. Confundir para conquistar
    Para os poderosos da mídia o negócio é confundir para conquistar. Pra desmotivar manifestações que não são do interesse deles, vale tudo. O que não vale pra eles seria ver pessoas levantando copos de plástico vazios em protesto à Alckmin que mentiu “Não vai faltar água em São Paulo”.

  5. Parem o trem que eu quero descer.

    Não estou entendendo mais nada….

    Na situação que estamos é uma boa hora para apresentar uma pauta de reivindicações?

    Estou entendendo que estão aproveitando a situação para “puxar a brasa para a sua sardinha”. E, dane-se o resto.

    Semelhante ao PMDB, estão desembarcando do governo e não sabem em qual canoa colocarem o pé?

  6. PRUDÊNCIA É INTELIGÊNCIA

    Parece altamente temerária a realização de ato público de movimentos de esquerda na Av. Paulista às 15 horas, em face do acordo firmado com a PM, no qual ficou pactuada a liberação do mesmo espaço para a pantomima de um agressivo grupo direitista a partir das 16 horas. E situações semelhantes podem ocorrer em outras cidades.

    A experiência e o saber popular ensinam que prudência é atributo indispensável para garantia da paz social. E prudência não é sinal de covardia, mas sim de inteligência.

    O que a direita golpista mais deseja é promover conflitos generalizados, com o objetivo de desestabilizar o país através da utilização de táticas fascistas.

    Neste sentido, urge reiterar que todos os que não desejam servir aos interesses deletérios dos golpistas devem evitar o erro crasso de reagir a provocações.

    Vale recordar também que mobilização política em defesa da democracia pode e deve ser feita através de meios institucionais, de modo a evitar a realização de atos públicos tradicionais, pois urge vedar toda e qualquer possibilidade de confronto e violência.

    A coerência e a sobriedade recomendam recordar também que existem inúmeras formas de mobilização eficiente e segura, tais como a divulgação de manifestos, promoção de abaixo-assinados, realização de campanhas de telegramas e emails dirigidos a políticos e organizações representativas, para exigir pronunciamentos formais e providências práticas em defesa da normalidade democrática, entre tantas outras iniciativas criativas, diante das quais as provocações rasteiras são impotentes.

    E, acima de tudo, é indispensável que a militância progressista esteja sempre atenta para a necessidade extrema de não retaliar agressões, através do uso da estratégia pacifista com a qual Gandhi libertou a Índia do imperialismo inglês.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador