Enviado por Mara L. Baraúna
Conheça os jornalistas mortos no ataque ao «Charlie Hebdo»
Da TVI 24
Quatro dos maiores cartoonistas franceses, jornalistas da publicação satírica atacada esta quarta-feira, e um cronista morreram no atentado. Entre eles, estava o diretor do jornal
Eram considerados quatro dos maiores cartoonistas franceses. Lápis afiado e crítica contundente caraterizavam o seu trabalho. Charb, diretor do jornal, Tignous e os veteranos Cabu e Wolinski perderam a vida às mãos de homens armados, que dispararam durante vários minutos dentro das instalações do semanário «Charlie Hebdo».
Charb: «Prefiro morrer de pé a viver de joelhos»
Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, era o diretor do «Charlie Hebdo» e tinha 43 anos. Numa entrevista dada há dois anos e agora recuperada pelo jornal «Le Monde», Charb dizia que considerava a sua caneta como uma arma e era contundente:
«Pode ser um pouco pomposo que eu digo, mas prefiro morrer de pé do que viver de joelhos», sublinhou na altura.
Charb fez carreira nas publicações «L’Echo des Savanes», «Télérama», «Fluide Glacial» e «L’Humanité», antes de ingressar no «Charlie Hebdo».
Esta semana, tinha publicado no «Charlie Hebdo» um cartoon altamente premonitório:
Cabu, considerado um dos maiores cartoonistas de França
John Cabut, ou Cabu, caricaturou políticos e homens de negócios. Ninguém escapava ao seu lápis satírico. O trabalho de Cabu começou a ganhar notoriedade ainda na década de 1960.
De acordo com o «Le Monde», Cabu completaria 77 anos. Jean Cabut publicou as primeiras ilustrações quando tinha apenas 16 anos, depois de estudar arte em Paris, na «École Estienne».
Um dos personagens mais icónicos de Cabu foi «Mon Beauf», um herói cómico, com um comportamento altamente irritante, que apaixonou os franceses.
Cabu trabalhou em alguns dos mais populares e conceituados jornais franceses. «Ici Paris», «Le Figaro», «Le Nouvel Observateur» e «Le Monde» são apenas alguns exemplos.
Trabalhou também em televisão, ilustrou diversas capas de discos e escreveu livros.
Era o pai do cantor e ilustrador Mano Solo, que morreu em 2010, aos 46 anos, em resultado de vários aneurismas.
Wolinski, um pessimista bem humorado
Georges Wolinski tinha 80 anos. Nasceu no seio de uma família judaica e emigrou com a família para França em 1946.
Estudou arte e começou a carreira na revista satírica «Hara-Kiri».
Nunca abandonou as raízes judaicas e, em 1965, ilustrou o livro «Comment devenir une mère juive en dix leçons» («Como tornar-se uma mãe judia em 10 lições», numa tradução livre).
Em 2007, Wolinski colaborou com o advogado francês argelino nascido Pierre-Philippe Barkats no livro «Obrigado, Hanukkah Harry», em que o herói enfrenta as alterações climáticas e outras crises ecológicas.
No perfil que o jornal «Le Monde» lhe dedica esta quarta-feira, recorda uma resposta dada por Georges Wolinski, quando questionado sobre a própria morte: «Quero ser cremado. Disse para minha esposa “jogas as minhas cinzas na sanita. Assim, eu posso ver o teu rabo todos os dias”».
Simplesmente Tignous
Nascido em 1957, em Paris, Bernard Verlhac, conhecido como Tignous, era colaborador regular de publicações como «Charlie Hebdo», «Marianne», «Fluide Glacial», «L’Express» e «Télérama».
Em 2008, apresentou-se no palco do Festival de Cannes, com «C’est dur d’être aimé par des cons» («É difícil ser amado por idiotas», numa tradução livre), acompanhado Wolinski, Cabu e Cavanna. O Documentário de Daniel Leconte retratava as ameaças de morte de que tinham sido alvo.
No blogue «Zepworld», o «Le Monde» publica um cartoon de homenagem aos quatro jornalistas.
Oncle Bernard, o candidato
O cronista Bernard Maris escrevia sob o pseudónimo Oncle Bernard. Economista de formação, colaborava com diversos órgãos de informação além do «Charlie Hebdo», incluindo a France Inter e a i-Télé.
Em 2002, foi candidato às eleições legislativa pelo partido «Os Verdes».
Phillipe Honoré
Ao final da tarde foi divulgado o nome do quinto cartoonista morto durante o ataque contra a redação de Charlie Hebdo: Phillipe Honoré. A identificação de «Honoré» – como era conhecido na sua profissão – foi possível graças a uma testemunha que assistiu ao ataque.
Honoré é o autor do mais recente desenho twittado pelo jornal, momentos antes do ataque.
De acordo com o jornal Le Progrés, Honoré era autodidata e publicou o seu primeiro cartoon aos 16 anos no jornal Sud-Ouest, um dos muitos meios de comunicação que se cruzou com os seus desenhos a preto e branco.
Nascido em 1941, trabalhava com o «Charlie Hebdo» desde o seu reaparecimento, em 1992. O seu trabalho participou em inúmeras exposições coletivas.
Links para aprofundar no tema, indicados por Mara L. Baraúna:
O Museu Nacional da Imprensa, organizador do Porto Cartoon, decretou quarta-feira uma semana de luto pela morte de Wolinski e seus colegas
As 6 charges mais polêmicas do Charlie Hebdo
20 cartuns em resposta ao massacre de Paris
Cartunistas lamentam a morte de George Wolinski, vitima de atentado
Conheça os jornalistas mortos no ataque ao «Charlie Hebdo»
Diretor de jornal francês dizia que ‘não abaixaria sua caneta’
A indignação pelo ataque ao Charlie Hebdo está a cobrir a Internet de negro, por Cláudia Bancaleiro
‘Je suis Charlie’ vira frase símbolo de ataque a jornal em Paris
Wolinski, Cabu, Charb,Tignous: mortes choradas com lápis que sangram
Wolinski, lenda do cartum francês, é uma das vítimas de ataque em Paris
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Título e outros links
Atenção para o título: Charlie HEBDO (com E)
Não vai usar os outros links para informações complementares? e as charges?
Abraços
Falha nossa! Já corrigimos.
Falha nossa! Já corrigimos. Incluímos também os links e charges complementares. Obrigado pela contribuição de sempre.
Mara Baraúuuunaa, homem gol, Mara Baraúuuuunaa, homem gol
https://www.youtube.com/watch?v=lp9uZKy6H7Y
Umbabarauma!!! homem gol!!
kkkkkkkkkkkk Saiba que todos pensam que a música fala em Baraúna porque o som é similar.
[video:https://www.youtube.com/watch?v=GEo27HLd79Q%5D
Abraços e obrigada pela correção.
Marabarauna, umbabarauma
Hahahahahahahahaha. O som é muito similar. Eu sou fã de Jorge, então já sabia que era Umbabarauma. Mas é nossa singela homenagem do GGN pra você rsrs. Eu canto essa versãozinha aqui na redação toda vez que estou fazendo alguma notícia por sugestão sua.
Abraços!
Adorei!!
Hahahahahahahahaha. Adorei a singela homenagem!! Gostei de saber do detalhe que você canta quando chega sugestão minha. Vou continuar te dando muito trabalho e, assim, muita cantoria.
Abraços
Com prazer
Hahahahahaha, por favor. É sempre um prazer!
Tradução
Não encontrei atá agora nenhuma tradução para o português da expressão CHARLIE HEBDO
A que me parece mais próxima seria CARLITOS SEMANARIO ou ainda CARLINHOS SEMANAL.
Nada importante, mas o título pode ser ele também uma gozação, como o Carlitos, que era chamado pelos franceses de
CHARLOT…
é Charlie de Cralie
é Charlie de Cralie Brown.
Hebdo porque de mensal virtou semanário.
Liberdade de expressão tem limites
A Europa, grosso modo, usou e abusou da mão de obra de trabalhadores que, após a segunda guerra, vieram da África arabe , Turquia e outros e ajudaram a reconstruir a Europa. Sem esses imigrantes (muitos agora cidadãos europeus) a Europa não teria se reerguido economicamente. Cumprida a tarefa, esses imigrantes, muitos deles mulçulmanos, são agora persona non grata e, não raro, as autoridades politicas européias querem expulsá-los da Europa. Sobretudo, os culpam pelo desemprego e outros.
Na França, a comunidade de imigrantes da argélia, negros e os muculmanos moram nas periferias e guetos das cidades francesas – são os primeiros na lista de desempregados, sofrem com o preconceito e racismo e, quando em vez, com a violência policial.
Liberdade de expressão tem limites e ofensas pessoais gratuitas , via de regra racistas, são inadimissíveis em uma democracia. Os artistas da revista de charges foram racistas e xenófobos. Por seu lado, o governo francês não ouviu os reclamos da comunidade islâmica, sobretudo, tratando-os como cidadãos de segunda classe – inclusive proibiu uma passeata de protesto da comunidade islâmica. Ademais, recentemente, o governo francês proibiu a mulheres muculmanas de expressarem sua cultura religiosa, o governo frances as proibiu de usar a burca. Ou seja, liberdade de expressão, na França, parece que só os franceses tem direito – imigrantes com cidadania nem pensar.
Toda essa tragédia poderia ser evitada se o governo frances não tratasse os imigrantes como cidadãos menores e, acima de tudo, não separasse a França em franceses e imigrantes com cidadania francesa.
Totalmente absurdo chamar
Totalmente absurdo chamar eses chartgistas de racistas e xenófobos.
Um dos mortos, trabalhador do Charlie Hebdo, havia conseguido sua cidadania francesa há uma semana.
Eles eram de uma esqueda libertária à moda 68… Charb participava com seu trabalho de campanhas e lutas antirracistas.
Absurdo o que dizes.
Pelo jeito se eu criticar o Papa vão dizer agora que sou racista, que não gosto de argentinos, ou de italianos, onde fica o Vaticano.
Eram comunistas libertários que lutavam contra as opressões e exploração, sejam de onde viessem: religião, economia, política… de partidos de ‘esquerda’ ou de direita. Um mundo sem fronteiras e sem raças…
Leo
Liberdade de expressão
Leo
Liberdade de expressão tem limites…, sobretudo, não pode ser usada para vilipendiar culturas, religiões e povos, não raro, gratuitamente.
Na França, a comunidade de imigrantes com cidadania, em especial muculmanos, são vitimas e não vilões. Acima de tudo, suas histórias e tradições não podem ser tratadas como se fossem la merde ou être dans la merde jusqu’auau cou
A atitude do governo, e cartunistas, franceses só fez criar factóides para que os extremistas islâmicos ou terroristas agissem em nome de um radicalismo xiita e idiota que não tem nada a ver com os imgrantes com cidadania franceses.
Vc está misturando duas coisas diferentes
Uma é a super justa denúncia da exploraçao dos muçulmanos na França. Outra, muito diferente, é a defesa da censura à liberdade de expressao. Qualquer religiao pode ser satirizada, as religioes nao têm o direito de se impor sobre os nao crentes, e nem até sobre os crentes a nao ser na medida em que estes assim o permitam. A liberdade de pensamento é uma tradiçao na França. Godard, por ex., satirizou a religiao católica em Je Vous Salue Marie. Deveria ter sido proibido?
Sou contra a “liberdade de expressao” realmente indevida. Fabricar fichas falsas de presidentas do país, por ex., é um absurdo. Debochar de minorias como fazem “humoristas” tipo Gentilli também. Mas Charlie nao era islamofóbico, era anti-racista e anti-clerical. É diferente. E nao debochava só da religiao muçulmana, debochava de todas. Nao debochava dos mais fracos, debochava dos poderosos. Essa é uma senhora diferença.
Você parece justificar o atentado, Orlando.
A liberdade de expressão na França não é limitada para a crítica das religiões, vide o episódio do lançamento do filme “Je vous salue, Marie”; criticado pelo papa e banido em alguns países considerados católicos, não foi proibido na França, onde a maioria se declara católica. A França é uma república laica, lá não existe o crime de blasfêmia. A separação entre igreja e estado não nasceu na França, teve origem na Revolução Americana em fins do século XVIII. Assim como “Je vous salue, Marie” aconteceu na França, “A vida de Brian” rolou solto no EUA. Quem migra para esses países e solicita sua cidadania tem de estar consciente sobre isto, de que a crítica às religiões é permitida; se quer ficar imune às críticas, é muito simples: não leia as publicações, não assista os filmes, ou não migre para lá, enfim, não encha o saco.
Operários são vítimas de
Operários são vítimas de exploração no mundo todo, então vc vai conrodar com eles aderirem ao nazismo ou ao fascismo?
O que tem a ver ser oprimido com matar quem denuncia opressões?
Eram fundamentalistas religiosos.
Por que será que os lideres muçulmanos condenaram os aassassinatos e muitos disseram que numa charge não os ofende mas esse assassinato sim?
Você quer que voltemos às trevas? Em que religiões se impõem sobre a liberdade de pensamento e expressão?
Vamos vaoltar para antes do Iluminismo? É isso que vc defende.
Triste ver algupem aqui defendendo a barbárie e utilizando para isso uma condição de classe trabalhadora discriminada que não tem nada a ver com isso e nem defende tal coisa.
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Lamentável, pelas circunstâncias, a morte dos jornalistas da revista CHARLIE HEBDO ocorrida em 07/01/2015. A França está colhendo os frutos do seu neocolonialismo: a invasão ao Mali e o patrocínio da baderna na já desestruturada Líbia ambas com o objetivo de proteger a Europa dos “infiéis”. Francois Holande, que se diz socialista, é um dos presidentes mais incompetentes da História recente da França. O ex-presidente Sarkozy, outro politico medíocre, adorou o episódio e veio à público pedir “medidas fortes contra o terrorismo”. A islamofobia, que usa uma lorota chamada multiculturalismo para se esconder, vai finalmente decolar.
Posso não concordar com o que diz…
O brasileiro ficou tão conservador – ou tera sempre sido assim ? – que tem dificuldade de entender o estilo do Charlie Hebdo ou de um Cannard Enchainé. Acho que se o Pasquim voltasse, jogariam pedras.
Charb, Cabu, todos eles eram pacifistas, humanistas, sonhadores de outro mundo. E tal qual Voltarie, que la no século XVII estava mais avançado que muitos hoje, acreditavam que a liberdade de expressão era um direito indissoluvel a todos e o respeito a conquista de cada um.
O politicamente incorreto do Charlie Hebdo e do Gentile
A diferença entre o politicamente incorreto do Charlie Hebdo e o politicamente incorreto de Gentili e derivados, por Paulo Nogueira
Colocando o ótimo texto aqui
O texto, que é realmente ótimo, nao saiu, Mara. Vou colocá-lo aqui.
Link: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-diferenca-entre-o-politicamente-incorreto-do-charlie-hebdo-e-o-politicamente-incorreto-de-gentili-e-derivados/
Existem dois tipos de humor politicamente incorreto.
Um é destemido, porque enfrenta perigos reais. O outro é covarde, porque pisa nos fracos.
Os cartunistas do jornal francês Charlie Hebdo pertenciam ao primeiro grupo. Humoristas como Danilo Gentili e derivados estão no segundo.
Stéphane Charbonnier, o Charb, editor do Charlie Hebdo, disse uma frase sublime pela bravura e pela lucidez quando lhe perguntaram, algum tempo atrás, se não temia a vingança do fundamentalismo islâmico, depois de tantas charges sobre Maomé e de tantas ameaças.
“Prefiro morrer de pé a viver como um rato”, afirmou ele.
Charb tinha um ponto: num país laico, liberto há muito tempo do que Rushdie definiu como “irracionalidade religiosa”, era e é um absurdo não poder fazer sátiras sobre religião, qualquer delas.
Charb poderia recuar diante dos riscos. Mas, para ele e seus companheiros, isso equivaleria a viver como um rato.
Charb não conseguiria mais olhar para o espelho. Não se reconheceria, não se respeitaria.
Muitos absurdos são cometidos em nome da liberdade de expressão. Canalhas frequentemente a invocam com propósitos malignos e torpes.
Mas Charb verdadeiramente viveu — e morreu — pela liberdade de expressão. É justo tratá-lo como um mártir da liberdade de expressão, e reverenciá-lo enquanto existir alguma coisa parecida com jornalismo.
Os caricaturistas mortos não espezinharam minorias impotentes. O problema deles era com algo – o fundamentalismo islâmico – que os impedia de se expressar no mesmo tom que usaram tantas vezes para debochar de outras religiões.
Compare com a versão do humor “politicamente incorreto” de Danilo Gentili. Gentili é capaz de chamar uma mulata de “Zé Pequeno”, e de oferecer bananas a um internauta negro cansado de suas piadas racistas.
Ele provoca e estimula o que existe de pior no seu público, e não surpreende que seja seguido por pessoas como ele – preconceituosas, analfabetas políticas, estúpidas.
A coragem do humor “politicamente incorreto” de Gentili seria testada na França, desafiando coisas como o fundamentalismo islâmico, a exemplo do que fizeram Charb e companheiros.
Alguém consegue imaginá-lo neste papel?
Nem ele mesmo provavelmente, porque a essência de seu “humor” é a covardia. Chute quem não tem chance de devolver.
O que pôde fazer a mulata chamada de “Zé Pequeno”? Sequer a Justiça no Brasil coíbe esse tipo de agressão racista.
Um juiz conseguiu não ver racismo, numa sentença que entrará para a história da infâmia jurídica nacional, quando Gentili ofereceu bananas a um negro.
Gentili também se especializou em fazer humor contra o governo do PT. É um exercício interessando pensar como ele usaria sua “criatividade” se a presidência estivesse sob Pinochet, por exemplo.
Quando você vê gigantes do humor politicamente incorreto como os cartunistas franceses assassinados hoje por fanáticos, reconhece também pigmeus como Gentili.
Uma revista deu a seguinte chamada de capa quando Lennon foi assassinado: “O dia em que a música morreu.”
Você pode dizer agora, depois do fuzilamento bárbaro de Charb e companheiros: “O dia em que a charge morreu”.
a
Obrigada!
Anarquista
Devo ter esquecido do link. Obrigada pela atenção.
Abraços
Charlie Hebdo é símbolo da importância da liberdade de expressão
Se todo mundo é Charlie Hebdo, a revista ou jornal francês alvo de um atentado terrorista que matou 12 pessoas em Paris, na data de ontem, 07/01/2015, como dizem os cartazes, deveriam todos fazer mais charges ironizando Maomé, por exemplo, lembrando que eles não faziam apenas charges ironizando símbolos do Islã. Alguém se habilita?
Antes de ser uma pergunta irônica, é uma pergunta séria. Se mais pessoas fizessem as charges, os fundamentalistas terroristas teriam muito mais gente para matar, o que evidencia o absurdo da situação intolerante. A posição de exceção da Charlie Hebdo, em sua ousadia e coragem, reflexo do medo que intimida muitas pessoas, é o que ajuda a abrir espaços para atentados como o que aconteceu em Paris. Mais pessoas deveriam ter a coragem para dizer e expressar o que pensam, sem qualquer medo, como o pessoal do Charlie Hebdo tinha. Para mim, eles são um exemplo a ser seguido. Quem não tem coragem para expressar o que pensa não é digno da liberdade de expressão.
Nem todo mundo sente necessidade de fazer charges ironizando a crença dos outros. Isso é certo e está dentro do direito de liberdade de cada um. No entanto, a questão passa a ser a defesa da liberdade de expressão, mostrar solidariedade em relação ao direito que cada um tem de exercitar a liberdade de exprimir suas ideias, ainda que sejam contrárias a alguns valores políticos, culturais ou religiosos, sem que venham a ser vítimas da violência intolerante.
As vidas das pessoas são maiores do que qualquer grande ideia, diz uma famosa canção do U2 (“Peace on Earth”), que revelava um lado pacifista insatisfeito com o estado de apatia generalizado, onde se fala muito sobre paz sem que os efeitos concretos dela sejam sentidos pelas pessoas. A postura correta, numa democracia que consagra a liberdade de expressão, é confrontar uma ideia com outra ideia e não com tiros de AK-47. Quem individualmente se sente ofendido com uma charge numa democracia tem meios de fazer valer a sua revolta sem precisar aderir à violência.
Se desistirmos desses valores, é a violência quem vencerá. O atentado ao jornal Charlie Hebdo exibe uma postura incompatível com uma sociedade que consagra a liberdade de expressão como um direito fundamental das pessoas. As vítimas não estavam erradas. Errados estão os que perpetraram o ataque, que acreditam na inválida ideia de que a força da violência é uma opção na defesa do que eles acreditam ser o mais certo. Se alguém acredita nisso, há algo de errado no que ele defende.
Olhando apenas as charges
Olhando apenas as charges publicas na nossa mídia sobre esses caras, tenho a convicção de que o brasileiro é muito, mas muito melhor chargista. Eram muito ruins ( com base nas charges que tenho visto, claro)
Eles foram o modelo do Pasquim
Como é facilmente reconhecível para quem conhece as duas publicaçoes.