Pandemia escancara desigualdade no Brasil, que é pior em governos autoritários

"Os períodos autoritários são mais efetivos para piorar a desigualdade". "O Estado se organiza para garantir a desigualdade".

Foto: Denniz Futalan/Pexels

Jornal GGN – A desigualdade no Brasil, uma das piores do mundo, tem relação direta com regimes autoritários. Para o autor do livro “Uma História da Desigualdade”, Pedro Ferreira de Souza, na reportagem especial de Rodrigo Bertolloto, ao ECOA, “a pandemia deu um novo olhar, e o brasileiro voltou a se chocar com tanta desigualdade”. “Mas não foi uma catástrofe que faça mudar esse quadro como uma guerra.”

Segundo seus estudos, os períodos ditatoriais mostraram uma piora na desigualdade no país. “Os períodos autoritários são mais efetivos para piorar a desigualdade. Isso se vê no Estado Novo, quando há também a influência da Segunda Guerra Mundial, e também nos primeiros anos após o golpe militar de 1964. O efeito das democracias é ambíguo, mas há processos de redução, afinal, são épocas em que as decisões são mais negociadas e há pressões diversas.”

Já para o historiador Sidney Chalhoub, professor da Universidade de Harvard, nos EUA, “o Estado se organiza para garantir a desigualdade” e não são coincidências que períodos históricos autoritários atuarem neste cenário.

“Aboliram a escravidão: um ano depois caiu a monarquia e subiu a república em 1889. O Brasil tem o primeiro plano de reforma agrária e vem o golpe militar de 1964. Criam-se políticas de ajuda aos pobres e vem o impeachment de 2016. As regras que governam o país não foram criadas espontaneamente. E não vão acabar dessa forma também.”

Segundo Souza, a pandemia escancarou a importância das políticas públicas para avançar contra as desigualdades.

“A transferência de renda precisa ser algo maior do que o Bolsa Família, que chegou a usar 0,5% do orçamento nacional. Pode atingir 2%, como nos países ricos. Dá até para chegar a 3%. As pessoas estão mudando suas percepções desses programas. Na pandemia, a renda emergencial aprovada pela Câmara segurou um colapso social que parecia inevitável”, analisou.

Confira a reportagem especial no ECOA.

 

Redação

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