Presidente do Flamengo cita picos de energia como causa de incêndio

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Picos de energia provocados pelas chuvas que atingiram o Rio de Janeiro provocaram o incêndio no centro de treinamentos

Foto: Reprodução

Da Agência Brasil

Picos de energia provocados pelas chuvas que atingiram o Rio de Janeiro provocaram o incêndio no centro de treinamentos que matou 10 jovens das categorias de base do Flamengo, disse hoje (9) o presidente-executivo (CEO) do clube, Reinaldo Belotti. Em pronunciamento sem perguntas à imprensa, ele minimizou a ausência de alvarás e de licenças como causas para a tragédia e alegou que o clube fez manutenções recentes nos aparelhos de ar-condicionado.

“Aquilo não era um puxadinho que o clube escondia. Era um alojamento confortável, adequado à sua finalidade. A estrutura organizacional do Flamengo fez preventivamente uma manutenção em todos os aparelhos de ar-condicionado e isso pode ser mostrado para quem quiser”, declarou Belotti.

O dirigente rubro-negro também defendeu as instalações do alojamento dos atletas de base do clube e reiterou a cooperação com o Corpo de Bombeiros para o resgate das vítimas. Segundo a prefeitura do Rio, o projeto enviado às autoridades previa um estacionamento no local, e o clube pagou apenas 10 de 31 multasemitidas por infrações.

“Isso não tem nada a ver com o acidente que ocorreu. Temos providências a tomar para o CT ser legalizado. Estamos trabalhando para isso. Precisávamos de nove certificados, já temos oito. Estamos trabalhando com os bombeiros”, acrescentou Belotti.

Segundo o presidente-executivo do Flamengo, os ventos entre 110 e 120 quilômetros por hora que atingiram o Rio de Janeiro na noite de quarta-feira (6) não afetaram as instalações do Centro de Treinamento George Helal, também conhecido como Ninho do Urubu. Ele, no entanto, disse que a região da Vargem Grande foi muito atingida, provocando picos de energia na área que podem ter se refletido nos aparelhos de ar-condicionado do alojamento e ocasionado o incêndio.

“Nós tivemos queda de postes, que atingiram a alimentação e a energia elétrica do CT. As condições do tempo e os picos de energia talvez tenham influenciado no funcionamento regular do ar-condicionado”, declarou.

Apesar dos pedidos para responder aos vários questionamentos dos jornalistas, Belotti saiu sem falar com a imprensa. Ele não respondeu por que o espaço era usado como dormitório sem autorização, nem por que deixou de informar aos órgãos responsáveis a mudança de destinação da área de estacionamento. Ele também não detalhou as infrações que justificaram as 31 autuações da prefeitura do Rio.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. A causa do incêndio pode ser variada, mas a causa para meninos terem alojamentos precários, sem autorização do corpo de bombeiros, é o Flamengo.

    O Flamengo dá vergonha até fora de campo.

    1. Não, o Flamengo, a instituição, não. Os responsáveis, as PESSOAS, tanto do Flamengo quanto da Prefeitura, que não embargos, lavrou o local, é que, comprovadamente culpados, devem ser punidos.

  2. Se foi pico de energia, um raio, curto circuito, cigarro, fogueira, um balão, um asteróide, um míssil, NÃO IMPORTA.
    O que interessa é que o alojamento NÃO tinha segurança, NÃO tinha saída de emergência, NÃO era adequado para dormitório.
    O melhor que esse canalha pode fazer é ficar calado.

  3. Sem ser flamenguista (torço pelo maior rival), discuto aqui eminentemente o comportamento da imprensa:
    Fatos:
    A provável causa do incêndio foi algum problema em ar condicionado, revisados recentemente, conforme documentação apresentada.
    O dormitório não era “precário” (inconfortável, mal equipado, etc.), era inseguro em CASO de incêndio. Há depoimentos de garotos e de pais elogiando as instalações (sem entrar na questão do risco de incêndio).
    O projeto do dormitório temporário pecou em 2 aspectos, não ligados às condições de habitabilidade (tinham inclusive ar …), mas de risco: ter apenas uma saída e (sendo investigado) em utilizar material isolante termo-acústico propagador de incêndios. Aspectos relacionados à empresa que os montou.
    Containers são utilizados pelo mundo como escritórios e alojamentos com mobilidade, montagem e desmontagem rápida. Não significa que são ratoeiras ou armadilhas, depende do projeto, que pode ser modular (como este de 6) e até com vários andares. Tudo depende do projeto e implementação.
    Tendo ficado pronto o novo alojamento, o velho (que foi utilizado pela seleção argentina) seria utilizado para atender os garotos, de acordo com o clube, na semana seguinte.
    O fato de não haver licenças não implica necessariamente em dar causa à tragédia (provavelmente, a maior parte das edificações no Brasil não têm licença/alvará de corpo de bombeiros em dia, o que sempre é noticiado após incêndios). O que se faz necessário é avaliar os relatórios das inspeções e fiscalizações com relação aos riscos. Também o fato de estar num local previsto como estacionamento é administrativamente irregular, mas não é causa da tragédia.
    Portanto, é notável a sanha da imprensa em criar culpa e implícito desprezo do clube em relação aos meninos, o que não parece evidenciado. A única coisa certa é que a responsabilidade (que é diferente de culpa) é do clube.
    A culpa em si, a menos do não atendimento de alguma recomendação feita oficialmente, será fatalmente atribuída a quem causou o incêndio (fabricante, alimentador ou mantenedor dos aparelhos) e ao projeto do alojamento (saídas e material inflável).
    Daí a brumadizar a tragédia e transformar o Flamengo em Vale, vai uma distância grande.
    Reflexo (ou causa?) da atual e crescente briga de torcidas pelas midias e redes.

  4. A idéia de usar containers foi do Luxemburgo qdo ficou sabendo q havia no CT 1 ou 2 campos em boas condições. Mas era para q os jogadores tivessem um lugar de repouso entre um treino e outro e onde pudessem se alimentar tranquilamente. O Flamengo melhorou a condição dos containers mas Flamengo arriscou com a lei de Murphy. Em vez de pagar um hotel barato por perto mas bem intencionado quis manter os jovens perto das boas condições do lugar e espichou o uso dos containers como dormitório, sem contudo avaliar devidamente os riscos envolvidos. Vi vídeos da construção e sei q o Flamengo procura fazer o melhor ali. Todo o cabeamento é abaixo do solo. Existem sprinklers q são aqueles chuveirinho acionados pela fumaça etc Mas Papai do Céu não perdoa o filho mais bem intencionado que tenha deixado furo. O alojamento precisa estar fechado por causa dos insetos da região cheia de água poluida mas tb por causa do bendito do ar condicionado. É sem energia a fumaça não teve por onde sair. Quem tinha o sono pesado nem viu o q ocorria. O treco funcionou como uma verdadeira armadilha. O Flamengo vai alegar q empresa põem funcionários em containers, que presos ficam em containers mas obviamente q insistir com eles não foi boa coisa. Nós temos clubes bem pobres no Brasil, com estruturas bem precárias e nunca tinha acontecido coisa igual, a não ser talvez nos deslocamentos mas aí a responsabilidade era de um 3°, do transportador. Em vez dos containers fosse um varandão, cheio de redes e envolto numa tela contra insetos, estariam todos vivos

  5. Os picos de energia ocorreram apenas onde os jovens e adolescentes estavam alojados?

    Um sujeito começou a sentir dor num dos joelhos e foi consultar um médico. O médico perguntou ao paciente qual era a sua idade. Ele respondeu que tinha 90 anos. O Médico respondeu-lhe que as dores no seu joelho eram por causa da velhice. O Velhinho disse indagou ao médico:
    – Doutor, a causa das dores não é a idade, pois esse joelho tem a mesma idade do outro mas o outros não dói.
    Da mesma forma ocorre com a explicação do Flamengo para o incêndio. Se a causa do incêndio fosse picos de energia, os imóveis de toda a região atingida por tais picos teriam sido incendiados.

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