Sobre o Criança Feliz, por Wagner Iglecias

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Sobre o Criança Feliz

por Wagner Iglecias

“Cada dia que conversamos com nossos filhos pequenos, carregamos nos braços e cantamos uma canção de ninar, estamos ajudando em seu desenvolvimento.” Marcela Temer, durante o lançamento do programa “Criança Feliz”.

Desde o governo FHC a figura da Primeira-Dama foi aposentada. No passado, desde a Dona Darcy Vargas até Rosane Collor, passando pelas esposas dos generais da ditadura, a esposa do presidente da república cuidava da famigerada Legião Brasileira da Assistência (LBA), responsável pela distribuição de cestas básicas a pessoas pobres. A assistência social durante décadas foi tida, por diversos governantes, como coisa menor, quase próxima a chás beneficentes organizados por senhoras da alta sociedade, e portanto era relegada às primeiras damas, a partir da premissa de que a mulher é mais sensível para questões sociais.

Foi com a Profa. Ruth Cardoso, a partir de 1995, que esse papel menor relegado às primeiras damas foi mudado. Com o Comunidade Solidária Ruth Cardoso mobilizou uma extensa rede de atores sociais voltados à criação de ações e programas de combate à pobreza extrema.

Depois veio o governo Lula. Dona Marisa não tinha esse perfil e recolheu-se a uma posição discreta durante os oito anos em que morou no Palácio do Alvorada. Mas assistência social, que virou Desenvolvimento Social, tornou-se Política Pública ampla, abrangente, perene, com orçamento de peso. Como resultado os índices de pobreza extrema e de mortalidade infantil caíram significativamente no Brasil, como atestam os números da ONU, do Banco Mundial, da CEPAL e de diversos outros organismos internacionais.

Nesse sentido, esse papel que o atual ocupante do Palácio do Planalto relega à esposa dele me lembra a velha LBA e o velho assistencialismo com o qual o Estado brasileiro contemplava os “pequeninos”, os “pés descalços” e os “descamisados”.

Num país que figura ao lado de Honduras, Paraguai, Zâmbia, Moçambique, Suazilândia, Papua Nova Guiné, Suriname etc. como um dos campeões mundiais de má distribuição de renda, e onde milhões de crianças ainda convivem com uma infância de pobreza material e educação e saúde de baixa qualidade, é dificil acreditar que a reinvenção do papel de primeira dama surtirá algum efeito positivo.

Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor da USP

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

19 Comentários

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  1. Nada representa mais o fundo do poço onde o Brasil

     se meteu do que este casal que se auto-proclamou presidente/primeira-dama. Carlos magno e Maria Antonieta, que tristeza… Pesadelo com cara de 1910 e sem limites para causar vergonha alheia.

  2. Lastimavel eh que brasileiro

    Lastimavel eh que brasileiro pensa que “Primeira Dama” tem papel que nao seja o de ser esposa DO PRESIDENTE QUE RECEBEU OS VOTOS.

    Eu?  Tou la me lixando pra primeira dama de golpista agora?

    A situacao me lembra muito do contraste entre Joao Nogueira e Zeca Pagodinho.  Nogueira foi brilhante fazendo papel do cara que vai cantar na igreja ou bar da esquina pra conseguir namorada ou cerveja gratis.  Nogueira foi o chato que foi cantar no bar da esquina pra cerveja gratis.

    A “primeira dama” do Brasil vai ser tao raza quanto.  Se depender de mim ela morre de sede pois eu nao dou cerveja gratis facil assim.

  3. Fatos e fotos

    Essa é a segunda foto com segundas intenções que vejo.

    Esses blogues sujos heim..

    Hoje o golpista não dorme, só pensando por que a primadona está toda faceira enquanto padilha xaveca.

    Na primeira foto no DCM, a primadona discursa de costas para o ministério de machos. Nisso o golpista e seu ministro da justiça estão com os oslhos fixados na região glútea da palstrante enquanto se vê um padilha compenetrado.

    O olhar naquela direção, se direito é, deve ser do golpista e não de seu ministro, mesmo sendo da justiça.

  4. Criança Feliz, é isso?
    Criança Feliz, é isso? Notaram semelhança com o “programa” da globo, o “Criança Esperança”? Ou são coisas de minha cabeça?

  5. A imagem da primeira dama é

    A imagem da primeira dama é apropriada para ilustrar  o programa :” Primeira Dama Feliz”, com direito a jingle extraído daquela  velha  e marcante  canção interpretada por Francisco Alves.Sei, é  anacrônico, justamente como o programa e todos os personagens,sem prejuízo  de nenhum.

  6. A Dona Darcy Vargas,  mulher

    A Dona Darcy Vargas,  mulher de Getúlio,  dirigiu a Casa Do Pequeno Jornaleiro, que fez um bom trabalho no Rio de Janeiro.

  7. Um update..

    …na extensão “Temer Golpista” do meu navegador expressa a irrelevância. A dita aparece como “Bela, Recatada e do Lar”. Não fosse a capacidade do Usurpador de fazer estragos, seria um Governo irrelevante. Patético. Muito bem adjetivado pela imensa capacidade de causar vergonha alheia.

  8. Mais um retrocesso dentro dos

    Mais um retrocesso dentro dos muitos da lavra desse governo usurpador. A reativação de um anacronismo, além do mais afeito mais a dimensão do simbólico, como é esse “ressuscitamento” da figura da primeira-dama com atribuições de assistente social, aliada ao rebaixamento em termos de prioridade das Políticas Sociais, são indicadores que configuram um modelo nitidamente liberal de gestão. 

    Talvez, mesmo porque aí seria demais, não chegue ao ponto de regredir e tornar o Social uma questão de Polícia, coisa bem comum no começo do século. Entretanto, é certo que perderá a centralidade adquirida nos governos petistas. 

  9. Como disse a Senadora Regina Souza: O Primeiro Damismo voltou!

    E com ele suas verbas direcionadas e roubadas. Vidas vilipendiadas.Programa pra tirar proveito da fome que as  políticas do Des   Governo criará.

     

    Voltará os saques, as cestas básicas (latinhas de sardinhas e almôndegas podres e arros e feijão vencidos a preços de arroz japonês )

  10. Mulher objeto.

    O temer bota a loira falsa dele para desfilar, assim como faz a lucianta gimenez com os desfiles de modelos em roupas intimas.

    Os marmanjos agradecem michelzinho, sua mãe é uma mulher recatada e do lar, na minha época ela seria classificada como

    MULHER OBJETO

  11. prato cheio…

    para os que não conhecem a diferença entre política e politicagem

    respectivamente, assistência social e assistencialismo ou relações públicas com a miséria da nossa gente

  12. Se ela puder dar  para as

    Se ela puder dar  para as crianças do Brasil o que o papai e mamãe dão para o Michelzinho, seria demais, né? Vixe! Como ajudaria no desenvolvimento infantil. Pena que está no condicional do impossível com esse povo usurpador. Se Michel Temer não fosse um traíra, as crianças brasileiras continuariam a ter futuro.

  13. O componente político do assistencialismo

    Essa galera que tá aí não dá ponto sem nó na volta aos anos 50. (mais a esterilização das próximas duas décadas para garantir que o Brasil continuará nos anos 50)

    O assistencialismo primeiro-damista tem um forte viés político: é não apenas a piedade católica de “dar aos pobres” o mínimo para que não morram de fome, mas também o coronelismo na escolha de quem receberá “obras contra as secas” e outras melhorias, ficando a cargo dos estados. (observem que o MDS da era Lula/Dilma conversava diretamente com os municípios)

  14. Será que eles acreditam

    Será que eles acreditam nisso?

    E chegamos um dia a ser a 6ª economia do MUNDO!

    Segundo algumas pesquisas chegamos a ser um dos povos mais felizes do mundo…

    Daqui uns dias estarão jogando pão e sorteando cestas básicas em animados encontros!

    Quem te viu e quem te vê…

  15. Surreal

    Marcela Temer é a Mãe da criança mais feliz($) do Brasil. E esposa do Pai do golpe,que deixou orfã a Democracia.

    Quanta contradição!!!

     

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