De estado minerador a tecnológico

Investimentos de R$ 200 milhões já fazem a diferença em Minas Gerais no setor de tecnologia e inovação, que cresceu mais de 300% em quatro anos
Jornal GGN – Economia e tecnologia se misturam como ingredientes do crescimento sustentável e se alinham à inovação tecnológica, estratégia que amplia a competitividade das organizações, das regiões e dos países. Em Minas Gerais, esse é o desafio que o governo abraçou, e, a despeito das dificuldades financeiras comuns aos estados brasileiros, conseguiu adicionar dose extra de fermento. “Foram R$ 200 milhões em investimentos para fomentar a ciência, tecnologia, inovação e empreendedorismo nos últimos quatro anos”, informa o secretário Vinicius Rezende, da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Sedectes).
Para se ter uma ideia, o número de startups (companhias e empresas em início de atividade que buscam explorar atividades inovadoras no mercado) mineiras cresceu 320% desde 2015, e 556%, tendo como referência 2010.  Estima-se um total de 1.050 startups no estado. Dessas, 439 responderam ao questionário virtual enviado pela Sedectes, de acordo o Censo Mineiro de Startups e demais Empresas de Base Tecnológica (EBT), feito com o apoio da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da Rede Mineira de Inovação (RMI), no ano passado. Dentre elas, 357 se identificaram como startups e 82 como empresas consolidadas. Juntas geram mais de 2.310 empregos de qualidade.

Dentre outros pontos, o levantamento mostra que a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) concentra o maior número de startups (41%), seguido do Sul de Minas (17%) e Triângulo Mineiro (16%). Assim, investimentos foram destinados aos programas de formação empreendedora, incentivo à tecnologia e inovação, qualificação profissional, integração e conexão com o mercado, educação superior e fomento à pesquisa, tais como o Uaitec Lab, com 220 alunos matriculados em 2018.
Todo esse trabalho reforça a sustentabilidade da cultura inovadora mineira.  São 21 incubadoras de empresas distribuídas em 16 cidades: 13 aceleradoras; 31 comunidades e dezenas de espaços de coworking e outros ambientes. Seis parques tecnológicos abrigam empresas de base tecnológica. O ambiente interno do estado é propício ao desenvolvimento de novas receitas de sucesso.
Afinal, Minas Gerais é o maior estado em número de universidades públicas (11 federais e duas estaduais).  Além disso, conceituadas instituições de tecnologia têm sede em Minas Gerais, como Google, IBM, GE, Embraer, Accenture, Infosys, entre outras.
O que se observa é que foi feito um enorme esforço para transformar uma economia que ainda gravita, em grande medida, na exploração do minério de ferro, ouro, e outros metais; e do agronegócio, calcado na produção de leite, café e cana de açúcar entre outros. “Minas Gerais já se destaca como um dos principais ecossistemas empreendedores e de inovação do país”, garante o secretário.
Com a intenção de se tornar um celeiro do empreendedorismo inovador de base tecnológico, com forte potencial de desenvolvimento econômico em plena era do conhecimento, a administração central procurou se organizar. Mesmo ciente de que na área de T&I e inovação os avanços são caros, trabalhosos, há uma demora natural para colher resultados, e que a maioria das empresas não têm recursos para investir, o governo decidiu se empenhar.
Para incrementar a atividade dessas empresas, a Sedectes, ainda segundo o secretário, buscou a conexão entre startups e grandes/médias empresas, incentivou a pesquisa nas universidades, a aceleração das atividades, e o contato entre demanda do mercado e soluções tecnológicas criadas em Minas.
Certo de que inovações tecnológicas provocam crescimento econômico em todos os setores da economia, e que as transformações geradas impactam positivamente as empresas, ele acredita que em termos regionais também agilizam processos que se traduzem em benefícios de custos e produtividade.
Para o secretário, independentemente da atividade, a tecnologia proporciona mudanças sem volta nos hábitos da população, como a maneira de trabalhar. Isso porque reúne contingente considerável de empresas de base tecnológica, e, em especial, startups, que encontram no estado ambiente oportuno para fortalecer e ampliar competências e negócios. Uma atmosfera de conhecimento que acrescenta um sabor especial à cultura inovadora dos mineiros.
Ranking
Minas Gerais responde atualmente pelo 2º lugar no país, com mais empresas de tecnologia da informação e biotecnologia. Reúne também o segundo maior ecossistema de startups do Brasil e abriga o San Pedro Valley, melhor comunidade de startups do país, de acordo com o Spark Awards, da Microsoft, principal premiação do segmento.
O diretor de Ciência e Tecnologia e Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), Paulo Sérgio Lacerda Beirão, explica que para dar suporte a projetos de implantação, ampliação e modernização de ativos fixos, investimentos tangíveis (edifícios, máquinas etc) e capital de giro associado de empresas instaladas em Parques Tecnológicos foi criada uma linha de financiamento: o Programa de Apoio a Empresas em Parques Tecnológicos (Proptec), parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
“O Proptec atende empresas instaladas em parques tecnológicos de Minas Gerais para estimular a cooperação entre empresas a partir do compartilhamento de estrutura física e de projetos e ideias de alto impacto”, completa. Em 2017, das dez propostas de financiamento apresentadas, sete foram aprovadas e totalizam R$ 4,581 milhões. Dentre elas, três tiveram financiamentos contratados e as demais aguardam análise de crédito.
Em 2016, Minas Gerais foi o local escolhido para sediar eventos relacionados à inovação e tecnologia, como o Fórum de Mídias Sociais (Foms), a Campus Party e a Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia (Finit).
Quanto à estrutura para atração e promoção do desenvolvimento tecnológico no estado, vale destacar que o programa oferece crédito de custo reduzido para o financiamento de projetos que pretendem desenvolver novos produtos, processos e serviços que gerem ganhos de produtividade e competitividade.
Neste contexto, “favorece a atração, instalação e retenção de empresas no estado, contribuem para o aumento da competitividade dos produtos e desenvolvimento tecnológico”, avalia Beirão. Entre os parceiros da Fapemig, que renovaram convênio de cooperação técnica e financeira, está a Cemig, que possibilitou a assinatura de quatro projetos, no valor de R$ 3,83 milhões, e parcerias com quatro universidades do estado, no valor de R$ 6,5 milhões.
O Fórum Cidades Digitais, realizado pela Sedectes-MG, nessa quinta-feira, 21 de junho, durante todo o dia em Belo Horizonte, na Praça da Estação, reúne gestores, prefeituras, servidores públicos e empresas na busca de soluções para a prestação de um melhor serviço à população por meio do uso da tecnologia no desenvolvimento das cidades, na gestão e na prestação dos serviços públicos, hoje durante todo o dia em Belo Horizonte, na Praça da Estação.
O agente de inovação da Sedectes-MG, Marcelo Sander  destaca o desempenho da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) no desenvolvimento de projetos na área de eletrificação e captação de energia solar.
Redação

Redação

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  • Sem uma base industrial

    Sem uma base industrial forte, Minas e o Brasil querem pular da produção agropecuária diretamente pra Internet!

    No setor de engenharia, onde trabalho (por enquanto), a coisa está feia. Recuperação econômica é uma ilusão nesse momento. O que mais vi nesses 2 anos foram pequenas e médias empresas fechando as portas. Mas não se preocupem, os aplicativos de celular vão nos salvar!

    É rir pra não chorar... e ano que vem vai ser bem pior.  2019 vai ser o ano em que o brasileiro definitivamente vai acordar de sua ignorância ou vai se suicidar.

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