Governo Doria: 100 dias de cinzas, por vereador Reis

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Leon Rodrigues / ASCOM- PMSP

Por Vereador Reis (PT/SP)

Após 100 dias, precisamos avaliar a gestão de um homem que se diz um gestor, mas que, na verdade, é um político ambicioso. Mal entrou no jogo político e já sonha com a presidência da República. Doria demonstra a convicção que trabalhar é uma atividade permanente de autopromoção.

Com um patrimônio estimado de mais de 180 milhões, durante 15 anos deu um calote de R$ 90 mil no IPTU, relativo à sua mansão dos Jardins. Apoia Temer e sua agenda econômica do desemprego, do fim dos direitos trabalhista e da aposentadoria. Atuando na mesma linha do governo federal, em São Paulo, Doria mudou o Leve Leite para pior. De 916,2 mil estudantes que recebiam esse benefício que, inclusive, tem efeitos na alimentação familiar, restaram no programa apenas 223 mil. Uma redução de custo de R$ 331 milhões para R$ 150 milhões, ação da cartilha neoliberal que recomenda cortar gastos com políticas sociais.  

O Corujão da Saúde tão propagandeado serviu para demonstrar ao Tribunal de Contas do Município (TCM) que na rede pública se faz 273,4 mil atendimentos por R$ 8 milhões e nos hospitais privados apenas 69,3 mil por R$ 9 milhões.

Nesses 100 dias de governo, Doria ainda colocou em seu currículo de “gestor”, 916,2 mil uniformes e kits de material escolar que não foram entregues aos estudantes, 4 mil alunos que ficaram sem atividades culturais de música, dança, teatro e artes plásticas nos CEUs, desenvolvidas há 11 anos e a cobertura com tinta cinza do maior painel de grafite da América Latina. E prometeu, também, retirar a distribuição de remédios das farmácias das AMAs e UBSs para entregar às farmácias privadas, em uma dotação orçamentária de R$ 50 milhões.

Doria tem como lema “acelera”, mas no que tange ao transporte público, ameaçou a gratuidade para estudantes de baixa renda e das pessoas com idades acima de 60 anos. Aumentou em 35,7%, o valor bilhete único integrado com o metrô e a CPTM, aumento esse sustado por uma liminar. Anunciou que vai privatizar a gestão do bilhete único e, assim, colocar na mão de empresas privadas, 5,6 milhões de pessoas que movimentam cerca de R$ 40 milhões diariamente. Acelerou, sim, as marginais e com isso tivemos o aumento em 130% nos acidentes, com 106 vítimas, entre 25 de janeiro e 23 de fevereiro.

O atual prefeito se diz amigo de Alckmin, mas não vimos nenhum resultado prático de convênios entre estado e município, que sirvam para resolver os problemas da população.

Anunciou o fim da Cracolândia, mas até agora o que se viu foram bombas de gás lacrimogênio contra aqueles que já se veem no limite máximo da exclusão. Desconsiderou o trabalho paciente que o então prefeito Haddad vinha realizando, com diversos resultados promissores. Na realidade, colocou fim ao Programa de Braços Abertos que já atendia 800 usuários em tratamento de saúde e psicológico, inseridos em dez frentes de trabalho, além de atividades como jardinagem e limpeza de ruas.

Carro chefe de sua gestão, o Programa Cidade Linda é a repetição dos contratos de limpeza urbana que tiveram início em 2011 e encontram-se em vigor com cláusula resolutiva, no seu sexto e último ano. Ou seja: 2017 deveria ser um ano de menos demagogia, para que fosse elaborado um novo modelo de limpeza urbana. Anualmente, São Paulo gasta R$ 2,4 bi com essa área e, para além do desejo de termos um centro da cidade limpa, é preciso levar às favelas e bairros distantes, mais investimentos na área, para prevenir doenças como o vírus aedes aegypti, por exemplo. Por outro lado, considerar o lixo como fonte de riqueza, geração de trabalho e renda, colocando a todo vapor as duas Centrais Mecanizadas de Triagem para reciclar 200 toneladas por dia e os cinco pátios de compostagem, para transformar em adubo 400 toneladas por mês dos resíduos das feiras e podas de árvores, evitando que sejam pagos R$ 65,00 por tonelada de lixo nos aterros sanitários. Não foi com bravatas que o Japão se tornou exemplo e hoje recicla 77% do plástico, por exemplo.

A Cidade de São Paulo saiu do foco de um novo projeto de desenvolvimento, com igualdade social e paz, para discutir a carreira de um político que vai deixar a Prefeitura para mais uma candidatura, embora tenha assinado um compromisso público de permanecer no cargo pelos quatro anos de mandato. Ambicioso por dinheiro, mostra-se também ambicioso pelo poder e já articula a candidatura à presidência. Tudo isso, sem nada ter realizado de relevante como gestor público na Secretária Estadual de Turismo, EMBRATUR e, atualmente, na Prefeitura de São Paulo. 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. A verdade cristalina é que o

    A verdade cristalina é que o PT está apavorado, desesperado, com Dória Junior. Simplesmente 7 em cada 10 paulistanos aprovam a gestão do prefeito tucano, e está levando o PT a cometer loucuras, como diz a música.

    E como desculpa não adianta vir dizer que o eleitor paulistano é coxinha, conservador, fascista e isso e aquilo, o eleitorado paulista é o mesmo que elegeu duas mulheres petistas Luíza Erundina e Marta Suplicy, um negro malufista Celso Pitta e um petista coxinha Fernando Haddad.

    A tentativa de desconstruir Dória fica evidente, só que está difícil, se apegar na dívida de 90 mil reais de IPTU, p.ex., é ridículo, ele já explicou direitinho do que se trata. Dinheiro de troco para ele, quando ele falou que como cidadão acha que não deve e contestou a dívida na justiça ele só fez o povo acreditar que é um homem justo, não é por causa de “20 centavos” que ele vai aceitar uma dívida injusta. Ganhou pontos. O vereador petista ainda tenta demonizar o empresário, a pessoa rica (parece que não aprendeu nada com a pesquisa da Fundação Perseu Abramo?) e associá-lo ao presidente Michel Temer eleito como vice de Dilma em duas eleições e que herdou da política econômica nacional-desenvolvimentista de Guido Mantega 12 milhões de desempregados e as contas públicas no lixo. Vereador cara de pau.

     

  2. Eleito em primeiríssimo

    Eleito em primeiríssimo turno, deu uma surra em candidatos tradicionalíssimos. Presidenciável com apenas 100 dias na política, Doria tem fortíssimo respaldo de maioria esmagadora de Sampa, o que sugere e até exige uma avaliação à altura, de primeiríssima grandeza, legitimidade, equilíbrio e bom senso. 

  3. .

    O país está sendo preparado para eleger, futuramente, mais um presidente, à moda globo!

    Color está de volta!

    Novinho em folha…

    Arrebanahndo admiradores pelo seu pessoal fake perfil Merchandising.

     

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