Paes tenta se descolar dos problemas do Rio, por Bernardo Mello Franco

Jornal GGN – Bernardo Mello Franco, colunista da Folha, comenta a fala de Eduardo Paes (PMDB), prefeito do Rio de Janeiro, que afirmou que o governo estadual do RJ fez um “trabalho terrível na segurança”. Paes omite o detalhe de que o Estado fluminense está há mais de uma década sob o comando do seu próprio partido, o PMDB. Para Mello Franco, a estratégia do prefeito carioca é tentar de descolar do noticiário negativo sobre o Rio, olhando para as eleições municipais deste ano.

O colunista aponta que Paes separa os fatos em duas categorias: as boas notícias são obra da prefeitura, e os problemas são de responsabilidade do governo estadual. “A separação é fajuta e ignora mazelas 100% municipais, como o desabamento da ciclovia e a poluição da lagoa Rodrigo de Freitas, que receberá as competições de remo”, aponta Bernardo. 

Além do “fiasco olímpico” ter o potencial de frustar as ambições de Paes, outro problema para o prefeito é a revitalização da zona portuária, chamada de Porto Maravilha, que aparece nas investigações da Operação Lava Jato. O suposto pagamento de propina teria beneficiado o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), “outro aliado que o prefeito preferia exilar em Maricá”.

Do Folha

A descoberta de Paes
 
Bernardo Mello Franco
 
O prefeito Eduardo Paes descobriu que o governo do Rio não tem “o mínimo de comando”, carece de “vergonha na cara” e faz um “trabalho terrível” na segurança. É tudo verdade, mas ele omite um detalhe: o Estado está há 13 anos sob controle do seu partido, o PMDB.

A descoberta tardia tem motivo. Faltam 31 dias para a abertura da Olimpíada e três meses para a eleição municipal. Paes esperava dois cruzeiros em águas calmas, mas o vento mudou e ele agora enfrenta a ameaça de um duplo naufrágio.

O peemedebista tenta se descolar do noticiário negativo sobre o Rio. Como não é possível negar os fatos, ele passou a dividi-los em duas categorias. Numa, as boas notícias são obra da prefeitura. Noutra, os problemas são culpa do governo estadual.

A separação é fajuta e ignora mazelas 100% municipais, como o desabamento da ciclovia e a poluição da lagoa Rodrigo de Freitas, que receberá as competições de remo.

O prefeito sabe que um fiasco olímpico frustraria o plano de eleger o sucessor e alçar voos maiores em 2018. Por isso passou a criticar o descalabro no Estado como se não fosse ligado a quem o causou. A pirueta faria inveja à pequena Flávia Saraiva, esperança de ouro na ginástica.

Há outro obstáculo às ambições de Paes. Ele planejava usar a revitalização da zona portuária como principal vitrine de sua gestão. Agora o projeto, batizado de Porto Maravilha, passou a frequentar o noticiário policial da Lava Jato.

O caso envolve Eduardo Cunha, outro aliado que o prefeito preferia exilar em Maricá. Há poucos meses, o deputado se referia a Paes como seu próximo candidato à Presidência.

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Gilmar Mendes participou de um jantar festivo em torno do presidente interino. O ministro comanda o TSE e julgará a ação do PSDB que pede a cassação da chapa Dilma-Temer. Os tucanos José Serra e Aécio Neves também estavam à mesa. 

 

Redação

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