Perdemos o Rio de Janeiro para a violência por egoísmo, por Mário Lima Jr.

Foto Jornal do Brasil

Perdemos o Rio de Janeiro para a violência por egoísmo

por Mário Lima Jr.

O Rio de Janeiro caiu. É como dizem no jargão militar diante da perda de um território para o inimigo. O controle da lei e da ordem está nas mãos de bandidos. Governantes do Estado roubaram milhões de reais e gastaram em artigos de luxo, viagens internacionais e joias para as esposas e não cuidaram da segurança estadual. A sociedade fluminense, com suas ilhas de riqueza, não se preocupa em expandir o desenvolvimento social, nem com os fuzis saindo das favelas e batendo à sua porta.

Quatro crianças foram baleadas entre os dias 6 e 9 desse mês. Cento e trinta e quatro policiais foram assassinados ano passado (em 2018 esse número tende a ser maior). Seguindo sua própria vontade, criminosos interrompem o tráfego em via expressas importantes, assaltam motoristas e passageiros e aterrorizam a população.

Perto da Cidade de Deus, favela histórica, gigantesca, de onde saíram os homens armados que dominaram a Linha Amarela nas últimas semanas, estão construindo prédios de apartamentos para a classe média. A favela continua na lama, sem saneamento básico ou espaços culturais.

Não funciona a desculpa de que um empreendimento privado não tem relação com a Cidade de Deus. A violência atinge os moradores dos dois lados e infraestrutura, lazer e educação, em conjunto com medidas de segurança, afastam a violência.

O Rio não foi invadido, o inimigo nasce dentro dele, nasce como qualquer pessoa. A chance de um adolescente suíço virar estagiário de vigia de boca de fumo é menor não por diferenças de caráter, mas de desenvolvimento humano. Esperar que jovens vivam acuados pela violência e não sejam violentos é bastante contraditório. E a maioria deles resiste ao aliciamento imposto por traficantes até dentro das escolas públicas. Nomes de facções criminosas estão pichados nas paredes das salas de aula. Tiroteios prejudicaram 146 mil estudantes no ano letivo de 2017 até o mês de agosto, somente na cidade do Rio de Janeiro.

Cada favela é um fracasso do povo e do Governo do Estado. Mais de 2 milhões de pessoas vivem nelas (G1). Traficantes, assaltantes e milicianos decidem quem vive e quem morre, cobram impostos. Em breve suas armas atingirão os filhos dos ricos dentro do carro, de casa ou na barriga da mãe, como acontece há tempos com os filhos dos pobres.

As Forças Armadas apenas temporariamente expulsam a violência para outro lugar. A polícia não consegue servir e proteger a si mesma. O salário é insuficiente, o treinamento também. A profissão ainda fascina crianças e atrai jovens idealistas e àqueles que pretendem extorquir cobrando propina. Heróis e inescrupulosos querem ser policiais.

Quanto mais pobres ficamos, pobres de preocupação pelo outro, mais violento o Estado se torna. Em países decentes, a paz é conquistada através da saúde da sociedade e os casos de transgressão, estes sim, são tratados pela polícia. Justiça social e segurança pública primeiro, depois a força.

Onde dormem os homens que aterrorizam as vias expressas, que saqueiam caminhões de carga e assaltam pedestres? No isolamento dos lugares em que eles crescem, o Rio de Janeiro começou a morrer.

 

Redação

12 Comentários

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  1. PERDEMOS O RIO… E DESDE QUANDO TIVEMOS ALGO?

    Só uma pergunta: vocês concordam com a frase do Lula, “crime organizado se combate gerando mais emprego”?

    Por mais edificante que pareça, eu não concordo. Nem um pouco. Tanto bandido empregado ganhando salário de juiz… Ademais, a constatação do texto de que bandidos desejam se tornar policiais pra poder extorquir não deixa dúvida do quão demagógica e evasiva é a frase do ex-presidente.

    Crime organizado se combate investigando com inteligência suas raízes fincadas no poder público, em primeiro lugar. Os governos de Lula – e, sobretudo, a própria esquerda – jamais pautaram a questão da criminalidade. O medo era de ter de romper o pacto com governantes estaduais do quilate de Alckmin e Aécio (há quem diga que não houve, tal pacto). Aí, não haveria Copa, nem Olimpíada e o Lula teria de enfrentar um caos social irresistível de um gigantesco “salve-geral” com apoio institucional das polícias, dos governos e de parte da população que foi cooptada. Seu governo teria de resisitir primeiramente e sacrificar-se, se preciso fosse, para manter as referências éticas no país. Esta é uma guerra que o conciliador Lula e os pragmáticos do PT jamais abraçariam. O problema é que sem o enfrentamento, a coisa só fez crescer.

    Me lembro de uma pesquisa – apontada em pé de página, como sempre fazem com este assunto – que até 2006 o crime organizado movimentava um PIB do tamanho do da Argentina. De lá pra cá, receio que o PCC tenha virado a maior franquia da Amércia Latina. Nem a JBS, nem a Petrobrás e nem as empreiteiras cresceram tanto durante o período dos governos de esquerda.

    O empurra-empurra tenta acobertar as responsabilidades: o PT associa com total justiça a atuação das administrações estaduais, com especial ênfase aos tucanatos e o crescimento do crime organizado. Os tucanos e a direita apontam, também com igual razão, a negligência do poder federal sobre a questão. A hipocrisia de ambos os lados da política nacional resulta na morte de milhares por ano e no desaparecimento de outros tantos de milhares enterrados em cemitérios clandestinos já naturalizados nas periferias, assim como os tribunais do crime.

    Para mim, que moro em Itaquera, não tenho dúvidas de que este é oponto de estrangulamento da democracia. Tanto o crime quanto a simbiose do Estado com o poder paralelo são uma herança da ditadura que jamais foi enfrentada pelas esquerdas administrativas e eleitoreiras. A contrário, é pena que só posso falar daquilo que já foi comprovado (sempre cito o Luís Moura). Representantes da esquerda não só legitimam as “lideranças” locais na periferia (lideranças do “movimento”, diga-se) como muitas vezes colaboram com seu fortalecimento. Eu não engulo, por exemplo, o fato da Administração Haddad ter cancelado benfeitorias decorrentes da Copa do Mundo em meu bairro, só para poupar uma favela que diga-se, tem sobrado com piscina de dar inveja em muito trabalahdor que lutou a vida inteira pra construir sua casinha e que agora é obrigado a vendê-la para o PCC por uma merreca pra fugir dos achaques de bandidos e de autoridades institucionais.

    E neste carnaval, Itaquera promete. Embora a imprensa nunca mostre com a devida proporção, a quantidade de jovens mortos nem de longe é expressada pelos dados oficiais, os quais ainda servem de objeto de pesquisa e análise por núcleos acadêmicos de estudo sobre a violência. Nossas Universidades são engajadas na política de omissão da realidade e na construção de narrativas que mascaram o grave caso de São Paulo. Fossem um pouco mais criteriosas e ninguém conseguiria esconder a realidade de São Paulo e veria que não estamos num patamar melhor que o Rio, a não ser pela Pax Tucana não menos sancgrenta mantida pela omissão dos agentes sociais.

    Por fim, não acredito que Lula seja ingênuo de acreditar nas próprias palavras. Emprego não combate crime e ponto. O que não se pode é assumir que um banho de loja no pobre, uma breve ascenção à classe média, jamais vão sanar outras questões insolúveis. Periga ter piorado, com a permeabilidades gerada aos “valores” advindos deste setor da sociedade. O fim do Estado direito começou nas bases sociais e chegou até a Presidência. Não fosse a negligência com a questão, hoje não teríamos Alexandre Morais no STJ. Mas, o chute inicial foi dado com a escolha do Gilmar. E este foi posto lá por Lula. A Pax Petista não foi diferente, portanto.

    1. Pqp !!

      Realmente não há nada mais desprezível que o “meio conhecimento”. É preferível a ignorância total, que faz o sujeito buscar se informar, o que o pretenso conhecimento.

      Que texto ridículo, com aparência de boa argumentação.

      Começando pelo final, o que falar quando o cara argumenta que Lula foi quem colocou Gilmar Mendes no STF?

      E o começo demonstrando que não entendeu o básico do conceito, no geral e especificamente no caso brasileiro  – qualquer índice de criminalidade – é combatido gerando empregos?

      Aí vem falar de juízes bandidos…

      E pelo meião, uma embromação, misturando tudo, pacto do Lula com Alckimin, Aécio, copa, olimpiada…

      TODO UM EXERCÍCIO PARA PODER CRITICAR LULA E CULPABILIZAR O PT.

      Por indivíduos assim que consigo perceber porque esses eleitores de SP são disléxicos, elegendo por  20 anos os tucanos.

      Haja dificuldade de entendimento!

      Nota:

      DISLEXIA

        1.perturbação na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondência entre os símbolos gráficos e os fonemas, bem como na transformação de signos escritos em signos verbais.2.dificuldade para compreender a leitura, após lesão do sistema nervoso central, apresentada por pessoa que anteriormente sabia ler.

       

  2. Sem dúvida, Sérgio Moro e o

    Sem dúvida, Sérgio Moro e o Deltan Dallagnol, que possivelmente conhecem o Rio de Janeiro pelas telas da Rede Globo pois são dois caipiras deslumbrados do Paraná, ao destruírem a indústria naval e a Eletrobrás e Petrobrás, juntamente com as empreiteiras da construção civil, não são os únicos responsáveis pela destruição do Rio de Janeiro. Há muitos cúmplices dessa tragédia que passaram ou estão no governo estadual e na prefeitura do Rio de Janeiro. Ladrões compulsivos, abandonaram o povo à própria sorte. Em um regime como o chinês seriam condenados à morte. Talvez na democracia norteamericana também. Mas, basta fazerem um acordo delação com os dois criminosos fascistas paranaenses e tudo fica bem. Quanto ao povo, ora, o povo…

  3. perdemos….

    Amém, que desta vez a culpa não foi da Policia !! Então realmente algo está mudando. Algo que não mudou em 40 anos de redemocracia praticados por uma Elite Esquerdopata. Aquela que finge não ser, enquanto iludidos fingem não enxergar. Somos resultados das nossas ações e escolhas. Anos e anos de Movimento Democrático Brasileiro (aquele contra a ditadura, construido dentro de OAB), de governos sucessivos socializantes e progressistas de Leonel Brizola a Benedita da Silva a Sérgio Cabral (filho de perseguido político) A culpa então é de quem? Da Classe Média que tenta viver, pagar suas contas e impostos extorsivos, numa busca desesperada por uma vida melhor? OU de TRAIDORES, MENTIROSOS, FARSANTES. Gente que subiu em Palanques de Diretas Já e Redemocracia, jurando uma realidade oposta à falta de representatividade social. Estive no RJ, pouco antes da chegada do Papa. Favelas viviam no escuro, com barracos pegando fogo todas as noites, matando famílias inteiras. A maioria crianças. No dia seguinte, o jornal a culpar a mãe ou pai relapsos. Deixar crianças dormindo para ir à mercearia? Comprar leite? Tomar uma? Que tipo de ‘monstro’ faz isto? Sabemos sempre a quem culpar. O Papa anuncia que subirá o morro. Revolta entre nosso Poder Público. Como?! Para que esta ‘invenção’?! Correm limpar favelas, limpar ruas, despejar miseráveis, e advinhem? Instalar Energia Elétrica !! Para os Brasileiros ou para o Papa? (alguma semelhança com Copa e Olimpiadas, mais de 3 décadas depois?). Agora que venxergamos as tais ‘Masmorras Medievais’? Agora é que o RRJ está perdido à violência? Somos Ridiculos. O Brasil é de muito fácil explicação.       

  4. Artigo reles e moralista!
    O CGN caminha para a grande decadência romana! Quanta bobagem, artIgor reles,moralista, por certo cristão não assumido! Egoísmo, governantes que roubam, apelação para comover com crianças mortas. Puro lixo.

  5. Mas, por que o Rio?

    Que tem de particular o Rio de Janeiro em relação a outros Estados brasileiros?

    Origem

    São muitas as peculiaridades, mas seria interessante procurar as mais relevantes e, a partir disso, procurar alguma explicação.

    Acho que algumas respostas para o problema de RJ poderiam surgir de três origens principais:

    A sua vocação eminentemente turística e a falta de atividade industrial-operária, o que torna a vida da população um pouco fantasiosa e descontraída, como se fosse um permanente carnaval onde convivem o luxo e o lixo, próprio de ambientes que exploram o turismo como atividade principal. RJ melhorou nos recentes governos por conta da sua industrialização, principalmente com o incentivo a indústria naval. Hoje o Golpe acabou com tudo, e a incipiente população operaria voltou para o samba;A drástica alteração demográfica entre o campo e as cidades, que fizeram muito mal ao Brasil a partir das décadas de 50 e 60, onde a população rural foi direcionada para as grandes cidades, principalmente RJ, que era a capital nessa época. A substituição das ferrovias pelo asfalto foi fundamental para essa alteração demográfica absurda do Brasil e que é uma das principais causas do seu subdesenvolvimento e da sua exploração colonial. Desde os anos 60, Brasil deixou de caminhar para dentro de sim, pelas ferrovias (como na Europa), e hoje escorregam os habitantes e as suas riquezas como água para o ralo, em direção aos nossos colonizadores;A perda da “capital” para Brasília, na década de 60, que deixou no vácuo uma elite meritocrática que enriqueceu as costas dos governos e que hoje vive das glórias do passado, de heranças, de pensão militar, de aposentados e aposentadorias, de “aluguel” de pensão, de corrupção, de “Bicho”, de tráfico. RJ é como um prédio senhorial alugado em pequenos quartos; RJ é como o Jorge Guinle (hotel Copacabana Palace) vivendo do passado, comendo mortadela e arrotando presunto.

    Consequências

    Em parte por causa daquelas premissas acima a sociedade carioca foi caminhando em descompasso com o resto do Brasil, um descompasso que acabou tornando este Estado e a sua cidade capital uma situação excepcional. Assim, pelas mesmas origens indicadas acima poderíamos obter as seguintes consequências.

    A vocação turística, embora haja exceções, faz do carioca um sujeito esperto e atento para explorar oportunidades. Mineiros no RJ são “trouxas” para explorar, muito mais se tratando de turistas estrangeiros. A falta de atividade industrial, com prioritária, gerou um ambiente social diferente da que existe noutros centros urbanos do Brasil, com menos esquerda operária consciente e com uma particular organização política da sociedade. O ambiente é especial para que a rede Globo, por exemplo, arquitete a mentalidade dessa população, num ambiente colorido e carnavalesco, como da novela das sete. Existem dezenas de empresas de “mineração”, por exemplo, no aterro do Flamengo, apenas baseadas em especulação, o que caracteriza o tipo de negócio local.A migração do campo para a cidade encheu RJ de favelas (fala-se em mais de 2 milhões de pessoas morando nelas). RJ tem tratado as favelas como zonas de guerra e, em consequência, guerra tem recebido de volta.A perda da Capital teve como consequência uma vida saudosista e de pouca esperança. Uma elite carioca parasitária (embora haja exceções) mergulhada nas lembranças e com enorme ciúme da elite paulista industrial e financeira, tentando ganhar deles no samba, nas conversas de boteco, na modernidade comportamental, no charme e em qualquer outra coisa mais intelectualizada. Em contraste, a população pobre não possui o conceito operário da pobreza, mas apenas um conceito espiritual e fantasioso, que o leva para militar ativamente nas igrejas evangélicas.

    O quadro de hoje

    Pela sua excepcionalidade e – em parte – pelas peculiaridades do RJ acima citadas, RJ tornou-se hoje o que é: uma erupção social que está na “pole position” do que virá depois, com o resto do Brasil, se as políticas golpistas fossem bem sucedidas. Brasil se tornaria um grande RJ, favelado, vivendo de turismo e das glorias do passado.

    Uma análise simples da política carioca conclui que o PT não encontra ainda o seu espaço, justamente pela falta da esquerda operária e, em compensação, os tucanos não conseguem penetrar na cidade, por conta do ciúme de carioca com paulista. No RJ sobraram como forças políticas e em forma estranhamente paradoxal, a rede Globo insuflando sentimentos de esquerda global comportamental e colorida para as elites, e os pastores trazendo para o lado conservador a gente mais humilde do Estado, apenas por causa de problemas religiosos ou discussões de família e sexo.

    O quadro político nacional poderá se assemelhar ao quadro atual do RJ, com uma política absurda que enfrenta pobres “conservadores” (comportamentalmente) contra ricos “modernosos” (de pensamento esquerda caviar). Bolsonaro contra o candidato da Globo, como aconteceu entre os pastores e o PSol nas recentes eleições municipais.

    O Golpe faz de tudo para tirar o Brasil real da disputa, do Lula e da esquerda nacionalista e operaria, e deixar o mundo da fantasia e dos programas de auditório tomar conta da política brasileira. Até nisso o RJ é um pouco responsável.

  6. perda de um território para o inimigo

    Esse jargão aplicado ao Rio de Janeiro é um discurso. Difícil organizar milícia fanática para jihad no Brasil. O talibã pentecostal alavanca apoio de massa, não dá paramilitarização. O STF decidirá no autos da desestabilização. Expedido o mandado de avanço e aprofundamento, a violência escalada no Rio fará todo sentido.

  7. O povo derrubou o Rio

    O povo derrubou o Rio, quando elegeu políticos do PMDB para governar o estado, e parlamentares do mesmo partido.

    O PMDB, partido de extrema direita, travestido de aliado ao PT, onde foi eleito, em sua maioria afundou estados, no Rio Grande do Sul, outro estado falido, foi a mesma coisa. 

     

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