Projeto de ciclovia no RJ não previu impacto das ondas

Da Agência Brasil

O projeto da Ciclovia Tim Maia, em São Conrado, no Rio, não previu o impacto de ondas na plataforma. Com isso, os cálculos para evitar acidentes, caso isso ocorresse, não foram feitos. Um trecho de 26 metros da ciclovia desabou no dia 21 de abril, durante forte ressaca no mar, deixando dois mortos.
 
A conclusão preliminar é da perícia criminal, divulgada hoje (4) pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli. De acordo com o chefe da engenharia do instituto, perito Liu Tsun, foi feita a previsão do impacto da maré no pilar, “tanto que ele ficou de pé”.
 
No entanto, nem o projeto básico fornecido pela prefeitura, nem o projeto técnico da empresa responsável pela obra previram o impacto de ondas na plataforma, construída sem amarrações nos pilares.

 
“Nós entendemos que isso deveria ter sido dimensionado, sim. Não houve amarração da viga no pilar. Somente o cálculo estrutural poderia prever se deveria ou não ser amarrado. Ou amarrar, ou aumentar o peso, ou colocar blocos. Nós não encontramos isso no projeto. O que foi calculado não previa a onda batendo na viga. É um erro, é grave”, disse.
 
Liu Tsun explica que o projeto foi executado de acordo com o previsto, mas, apesar de vários engenheiros terem analisado o trabalho, “ninguém pensou nessa hipótese”, que poderia ser solucionada de várias formas. “A falta da previsão do impacto das ondas foi primordial para o acidente”, garantiu.
 
Segundo o diretor do instituto, Sérgio William, o laudo ainda não está pronto e deve ser concluído até o começo da próxima semana.
 
A prefeitura informou que “continua à disposição da Polícia Civil para colaborar com as investigações” e que “o município aguarda a conclusão da perícia independente para se pronunciar”.
 
O laudo da prefeitura será feito pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias. A prefeitura enviou os dados necessários para a avaliação do projeto nessa segunda-feira (2). O trabalho começou ontem e tem previsão de término de 30 dias.
Redação

39 Comentários

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    1. Rui também não é tão fácil assim!

      A altura das ondas nas ressacas nem chegam a metade da altura da estrutura em relação ao nível do mar, o problema principal está na forma da costa!

  1. Erro gorsseiro

    A ciclovia foi pensada como se fosse uma passarela de pedestres em cima de uma avenida, sem nenhuma resistencia ao tipo de impacto provocado pela ressaca. Para ter alguma chance de resistir ao tipo de força (de baixo para cima) à que foi exposta a ciclovia deveria ter sua superestrutura muito mais robusta (pesada) do que foi feita, ter seu encaixe com as vigas de maneira diferente e ter algum tipo de anteparo para mitigar as forças de impacto das ondas.

    Teria que ter sido feito um modelo em escala no laboratório para testar a solução e não simplesmente pegar um projeto de passarela na prateleira e sair construindo.

    Só que aí sairia bem mais caro e não sobraria dinheiro para distribuir de propina.

    Muitas crianças fariam uma maquete de Lego som soluções melhores do que a que foi feita nesse caso

    1. Lucas, não foi um problema de aumentar o custo, foi pior.

      Já escrevi, isto é o resultado da inexistência de um DNOS ou PORTOBRÁS que apesar de tudo que havia de errado não deixariaM isto passar.

      O custo da amarração seria menos do que 0,1% do custo da obra.

  2. Que engenheiros sao esses

    “nem o projeto básico fornecido pela prefeitura, nem o projeto técnico da empresa responsável pela obra previram o impacto de ondas na plataforma, construída sem amarrações nos pilares.”

    Ninguém pensou nessa possibilidade ou o dinheiro foi parar em outro lugar?

  3. Sentado na minha cadeira a 2000 km de distância sem muita …

    Sentado na minha cadeira a 2000 km de distância sem muita informação previ, no dia 23/04/2015 no artigo publicado no meu post com o título:

    Ciclovia Tim Maia: Qual foi o problema? Uma hipótese

    exatamente esta conclusão.

    Exceto atentos leitores, como o Almeida, que neste caso apoiou as minhas conclusões e agregou com vídeos e cometários valiosos a hipótese, poucas pessoas leram o que escrevi.

    Talvez a editoria do GGN tenha a fineza de neste momento elevar a post o comentário com as contribuições de Almeida e outros.

    1. É mesmo

      Eu li o seu comentárioem um post sobre a ciclovia e segui o link para sua postagem. Realmente você colocou ainda como hipótese extamente a conclusão do laudo. Foi muito mais informativo que o post publicado no blog do Nassif.

      Recentemente tenho comparado obras de engenharia antigas, principalmente dos anos 60 e 70 com obras atuais e é muito forte uma sensação de involução, com as obras mais antigas apresentando uma flagrante superioridade em termos tanto de projeto quanto de execução.

      É uma lástima.

      1. Ruy, as facilidades de cálculo que existem nos dias atuais, …

        Ruy, as facilidades de cálculo que existem nos dias atuais, fazem que os projetos e os cálculos sejam mais imediatos, e a reflexão sobre a estrutura, que somente o tempo dá, não é mais permitida pela velocidade que se imprime na vida moderna.

        Há um livro em francês que mostra os projetos de engenharia nos séculos XVIII e XIX (L’Ingénieur Artiste : Dessins anciens de l’école des ponts et chaussées), todos os principais projetos eram desenhados a bico de pena, aquarelados e com todo o movimento da água que os “engenheiros artistas” destes séculos faziam para cada projeto. Resultado, se passares pela região em que foram feitos estes projetos e se alguma guerra não tiver os destruídos lá estão as obras ainda operacionais e intocáveis.

    2. *

      Maestri, acompanhei teus posts e comentários trocados com o Almeida, até pq  passo zilhões de vezes pela Niemeyer e ví o desonrolar da obra. Obviamente a minha total ignorancia no assunto não me permite a dar chutes, tanto na construção como no desastre. Mas os posts e comentários seus, o Almeida colocando as fotos antigas do local,as quetõoes estruturais da pedra ou concreto e etc foi um dos bons momentos do GGN ultimamente. Infelizmente, não sei se é questão de foco, mas o GGN tem comido umas moscas.

      1. Seria uma excelente discussão, pois ela trás junto a ….

        Seria uma excelente discussão, pois ela trás junto a destruição do Estado, a terceirização, o papel das empresas públicas, o papel das Agências (des)Regulaoras e um monte de problemas na “reengenharia” do Estado, que no lugar de punir os vagabundos que não trabalhavam e deixar os que trabalhavam simplesmente destruíram orgãos como o DNOS, Portobrás e outros.

        Mas uma discussão como esta é bem mais complexa, o mais fácil é falar de tudo o que os outros falam.

  4. deixaram a onda prá lá

    Nassif,

    O Projeto Básico fornecido pelo contratante, como diz o nome, é básico.

    Já o Projeto Executivo, incomparavelmente mais aprofundado que o Básico, é de responsabilidade do contratado, com a  elaboração do mesmo sendo , sempre, item constante da planilha orçamentária que indica o valor do evento licitado, logo ….

    Se a onda derrubou, foi porque a contratada não tomou os mais do que óbvios cuidados por ocasião da confecção do Executivo, atividade que, quando aborda serviços técnicos e/ou cálculos estruturais mais sofisticados, eventualmente precisa ser terceirizada. 

    Ao contratante cabe fazer a análise de um Executivo que, ao final dos serviços, passará a ser de sua propriedade.

    Além da parte técnica, aquela que pode ser recuperada, reconstrução, reforço disto e daquilo, etc…, resta a parte que não pode ser recuperada, as vidas que se foram, fatos que já devem ter dado origem aos respectivos homicídios dolosos.

    Ouvi dizer que muitos contratados procuram, de todas formas, evitar fazer um Executivo decente, ou seja, tentam receber ( me disseram que não é coisa barata) por um serviço que não quiseram fazer.

  5. E vou dizer mais, se no laudo estiver escrito que

    E vou dizer mais, se no laudo estiver escrito que “Somente o cálculo estrutural poderia prever se deveria ou não ser amarrado.” O Laudo está ERRADO

    A previsão deveria ter sido feita por engenheiro especializado em obras COSTEIRAS e não um calculista. O calculista dimensiona conforme os esforços que lhe foram entregues e quem deve calcular estes esforços não é o calculista.

    Se isto está escrito no Laudo este ESTÁ ERRADO.

    1. Erro de avaliação (engenheiros civis fazem)

      Caríssimos, 

      Você até tentou dar uma visão ampla da situação, mas falhou.

      Por demostrar algum conhecimento, talvez vc seja engenheiro não especialista em cálculo estrutural,  arquiteto, ou alguma outra profissão que tem algum contato com o trabalho de calculo estrutural  -provavelmente vc é engenheiro mecânico (sou engenheiro civil, consultor – trabalho com a nobre disciplina da engenharia de estruturas; que vem a ser a mais completa e complexa da engenharia civil!)

      Você está esfericamente enganado na sua afirmação central de que não cabe ao ‘calculista’ (em geral nós não gostamos muito deste termo) avaliar as cargas incidentes sobre uma estrutura de sua competência. Somos treinados e exigidos diuturnamente a reconhecer, avaliar e quantificar toda e qualquer ações acidentais decorrentes das variáveis ambientais

      Um engenheiro bem treinado, no mínimo e para falar pouco,  se não souber fazer o levantamento das cargas ambientais (este é realmente um treinamento mais avançado e nem todo Civil sabe fazer,  mas muitos o fazem com enorme sucesso), saberia levantar o dedo e alertar ao seu supervisor a respeito de uma séria lacuna no levantamento de  cargas. 

      No Brasil e em todo o mundo engenheiros civis dimensionam portos, plataformas de extração de petróleo,  pontes, barragens. Só para citar alguns exemplos de obras complexas em que é fundamental o conhecimento e o domínio completo dos fenômenos e ações decorrentes das ondas. Obviamente não o fazemos sozinhos,  pois contamos com valiosos inputs de vários outros especialistas.  Mas o RECONHECIMENTO,  a IDENTIFICAÇÃO das variáveis envolvidas é e sempre será da competência do responsável pela estrutura.

      Creio que o problema é outro e mais sutil e profundo.

      Ocorre que a engenharia brasileira está sendo sucateada em ritmo galopante (a Lava jato tem dado enorme contribuição para isso e  não se vê a impressa, nem em blogs progressistas,  qualquer referência e associação ao fato). Um dos frutos desse sucateamento é a formação de equipes técnicas  muito fracas que em geral são geridas supervisores e  coordenadores também fracos e via de regra muito novos para  função (não afirmo que seja esteo caso da ciclovia,  não vi o currículo dos envolvidos). Onde ate pouco tempo se via profissionais experientes e de referência técnica, hoje se vê uma fauna de garotos da geração Y que prefere gastar fortunas em cursos de MBA ao invés de se engajar em cursos TÉCNICOS de aperfeiçoamento -existem excelentes cursos de mestrado e doutorado em engenharia de estruturas,  com nível de primeiro mundo, em universidades brasileiras.

      Lembremo-nos que MBAs são focados em técnicas de administração de empresas , gerenciamento (administração) de projetos etc. e passam muito longe do currículo complementar necessário à formação de um engenheiro de estruturas (‘calculista’) de ponta.

       

      Ou seja  onde antes encontrávamos um profissional experiente e referência técnica,  em geral o melhor disponível no grupo de cada empresa, hoje encontramos jovens burocratazinhos incapazes de enxergar as minúcias técnicas, dedicados exclusivamente a enxugar custos em níveis irresponsáveis,  sobrecarregar a equipe e tratar a engenharia como se fora produção de pão de queijo. Some-se a isto equipes inexperientes  = mais baratas no curto prazo.

      Isso nao é exclusividade da engenharia civil, é a regra nas empresas de engenharia brasileiras. Não posso e nao digo que este é o caso que resultou no colapso da ciclovia – não conheço os envolvidos e não vi o seus curricula vitae. Mas aposto umas fichas de que tem equipe inexperiente no meio, pois uma falha de avaliação de ações dessa  magnitude tem todos os ingredientes que já vi antes. Na engenharia nada acontece tendo um único motivo. 

      Acho que esse tipo de coisa está só no começo,  pois os burocratazinhos de hoje envelhecem e se tornam burrocratazões senhores da verdade e completos analfabetos técnicos, se perpetuam e continuam a trazer suas crias mais e mais para tratar a área técnica de engenharia como um banco.

      Está só começando. 

       

       

      1. Caro Marcelo Cerqueira.

        Não queria ficar dando currículo, porém ao ser desafiado tenho que dar uma resposta.

        Primeiro, sou engenheiro civil formado em 1976, e desde 1974 trabalho em hidráulica, mecânica dos fluidos, hidráulica a superfície livre e condutos forçados, modelação física de estruturas hidráulicas. Tendo por força do destino, trabalhado em interação fluído-estrutura (mais especificamente em esforços em pás de helicóptero causado por regime de escoamento não permanente), se quiseres verificar o que estou afirmando é só consultar o meu currículo Lattes (que está uns cinco anos defasado). O mais importante, nestes 40 anos, praticamente uns 35 foram dedicados a pesquisa experimental.

        Também por ingerências familiares tenho uma pessoa muito próxima a mim que é engenheira calculista especialista em cálculo estrutural de obras hidráulicas, que como é uma senhora não declararei o seu tempo de experiência, e seguidamente dou assessoria a mesma em casos singulares que ela tem que calcular. Logo acho que o senhor está completamente errado na tentativa de qualificar a minha experiência e a minha capacidade de saber o que um engenheiro calculista faz.

        Quanto a capacidade de um engenheiro “calculista” (também não gosto do nome) avaliar a carga produzida por esta situação, posso dizer com certeza absoluta, nenhum engenheiro desta área por mais que saiba as denominações corretas e modernas dos efeitos das “cargas ambientais” chegaria a conclusão que as ondas atingiriam a mesa da passarela.

        Exatamente o pseudo conhecimento de tudo, como o senhor demonstrou na sua intervenção como pode ocorrer tragédias como esta.

        Um engenheiro calculista poderia perguntar a um especialista em hidráulica marítima, qual seria a altura máxima prevista em situações extremas, e talvez a resposta do engenheiro especialista seria uma onda que jamais alcançaria a mesa da passarela, logo o problema é bem mais complexo que já procurei descrever em outros comentários.

        A grande diferença entre o engenheiro do passado e do presente não é a formação nem ausência de “inputs” de especialistas, é sim a perda da capacidade de observação e reflexão sobre a natureza e a interação desta com as estruturas. Deixo mais uma vez claro aqui, o problema não é dado o esforço calcular a estrutura, o problema é chegar na existência do mesmo.

        Um engenheiro do passado, antes de começar um projeto deste tipo, perderia bastante tempo visitando a região, observando as suas peculiaridades e interagindo com o meio.

        Realmente se o senhor é engenheiro estrutural e tem esta concepção que tem a capacidade de avaliar corretamente “reconhecer, avaliar e quantificar toda e qualquer ações acidentais decorrentes das variáveis ambientais” fico até preocupado com o que esta sua desmedida pretensão pode causar em seus trabalhos (poderia, já de forma menos gentil, denominar a pretensão de petulância), pois para mim que tenho um conhecimento de 40 anos de estudo em hidráulica nos mais diversos aspectos, se não tivesse um contato direto e prolongado com a região que está a obra, poderia deixar algum aspecto tanto qualitativo quanto quantitativo de lado.

        Falo extensamente sobre o assunto, porque os meus 40 anos de experiência e de observação de fenômenos hidráulicos via pesquisa experimental e prática de campo, me permitem a fazer hipóteses sobre o que ocorreu. Porém não saio escrevendo o meu currículo e muito menos fazendo auto-propaganda de minha experiência no assunto já logo na primeira intervenção!

        Realmente o senhor é muito PETULANTE e parece que a experiência da vida não lhe ensinou muito em termos de avaliação dos seus interlocutores.

  6. engenharia pindorâmica

    “ninguém pensou nessa hipótese”

    Qual a probabilidade de uma forte ressaca no litoral carioca?

    Praticamente nenhuma.

  7. É impressionante a DECADENCIA

    É impressionante a DECADENCIA da engenharia brasileira nos ultimos 30 anos. Uma construção como a Ponte Rio Niteroi é batida pelo mar há 40 anos e mesmo sem manutenção aguenta firme, uma reles ciclovia não resiste à primeira ressaca.

    Os quadros de engenharia dos Estados e Prefeituras foram desmontados para abrir espaço para terceirizadoras de tudo, o Metro de São Paulo tinha um otimo departamento de enegnharia que foi desmontado, hoje é tudo terceirizado com enorme perda de controle e qualkdade, a mesma coisa na PETROBRAS, nem o projeto basico é feito em casa, perdeu-se a coordenação e o controle das obras publicas, isso acontece em todo o Pais.

    1. Esse é o neoliberalismo?

      Com todo o respeito, não seria a Petrobras uma exceção em meio a esse cenário de degradação decorrente da visão política que nega a valorização dos serviços públicos? Sem entrar em detalhes, parece que a Petrobras soube criar mecanismos para preservar e enriquecer a capacidade técnica de seus quadros o que parecem indicar os prêmios internacionais conquistados pelas áreas técnicas da companhia em alguns campos de atuação. Até que surgissem os “hunos” de Curitiba, a empresa vinha apresentando indicadores de excelência em praticamente todas as suas areas de atuação.

    2. André, isto é resultado da criação das chamadas agências de ….

      André, isto é resultado da criação das chamadas agências de regulamentação que além de não regularem nada (que seria o seu objetivo) não tem a mínima interferência em projetos.

      Estes profissionais das agências reguladoras ganham o dobro ou o triplo de profissionais executivos que sobraram depois da sanha destrutiva do Collor de Melo e quando se metem em projetos é um verdadeiro desastre.

      A pouco recebi uma consulta de um engenheiro calculista que não tinha entendido o que um desses “REGULADORES” sobre um projeto que ele tinha calculado.

      O REGULADOR pedia para este calcular conforme o método de Fulano de Tal, que parecia como ele tinha escrito como um ultra-plus da tecnologia moderna. Quando foi apertado para dizer o que era aquele método de “Fulano de Tal” que fomos verificar que se tratava de uma sistemática datada lá por 1930 e que inclusive contraria a boa engenharia dos dias atuais, porém a pompa e a circunstância com que era feito o seu pedido parecia algo fantasticamente novo.

      Em resumo, quem não projeta e não constrói, por mais títulos de doutor ou de mestre, não sabem nada do conjunto, ficando meramente na leitura mal digerida de “papers” e outras “novidades”.

       

    3. terceirização

      Andre,

      É exatamente isto, terceirização de pessoal com conhecimento de causa  no setor de engenharia.

      Já comentei sobre isto, e o motivo principal ( é nas prefeituras, onde mais ocorre o fenômeno) é a confecção do processo necessário para obter os recursos do governo federal para determinada intervenção, processo em que são os PT’s, planos de Trabalho, estão obrigatoriamente incluídos.

      Se a sistemática não mudou, para desenvolver o tal processo a prefeitura tem que mostrar toda a sua situação financeira, não pode estar inadimplente, situação fiscal perfeita, e nenhum prefeito quer saber de munícipe conhecendo nada disto. Contrata uma empresa para executar o serviço, a ela não tem problema mostrar o fígado da prefeitura, então, prá que contratar engenheiro ou arquiteto local, isto quando existe algum deles por lá ?

    4. Nos últimos 30 anos!?!?

      Ao lado do trecho sinistrado da ciclovia, existe um viaduto inaugurado em 1920 resistente em todo esse tempo a inúmeras ressacas, o que demonstra que naquela época os engenheiros conheciam muito bem o fenômeno das ressacas na orla carioca. A decadência não é da engenharia, mas da administração pública, cada vez mais submissa às práticas corruptoras que vinculam obras públicas, com financiamentos de campanhas eleitorais.

      1. Diria mais, a terceirização e o desmonte de órgãos técnicos

        Diria mais, a terceirização e o desmonte de órgãos técnicos públicos, deixando para a “iniciativa na privada” atividades que deveriam ser públicas.

  8. Pior do que errar num projeto é errar no laudo sobre este.

    Pior do que errar num projeto é errar no laudo sobre este projeto.

    Se a reportagem foi fiel ao que falou o engenheiro chefe da engenharia do Instituto de Criminalista Carlos Éboli e a frase dita por este (está entre aspas, logo deve ser uma citação literal), sem alguma outra consideração complementar que não foi escrita na entrevista:

    “Nós entendemos que isso deveria ter sido dimensionado, sim. Não houve amarração da viga no pilar. Somente o cálculo estrutural poderia prever se deveria ou não ser amarrado. Ou amarrar, ou aumentar o peso, ou colocar blocos. Nós não encontramos isso no projeto. O que foi calculado não previa a onda batendo na viga. É um erro, é grave”.

    Sinto muito, mas o Perito Liu Tsun, continua errando feio na avaliação do desastre, explico melhor.

    Cabe ao engenheiro calculista determinar, a partir de um projeto geométrico (planta arquitetônica) e mais as condicionantes dadas pelo contratante, no caso a empresa que fez o projeto arquitetônico e os demais complementares, calcular a estrutura de concreto. (ATENÇÃO aos mais desavisados, calculista em Engenharia Civil, se chama o profissional que calcula as dimensões de lajes, vigas, pilares e fundações de obras de engenharia, não é o que calcula outras coisas!)

    Em obras correntes (obras usuais como edifícios, casas e pavilhões) os engenheiros calculistas seguem religiosamente os carregamentos previstos em normas (sempre digo, uma norma é uma excelente muleta para um engenheiro medíocre), se ele inclusive utilizar burramente os softwares de cálculo estrutural mais evoluído, tem a opção de dado o tipo de ocupação o próprio software dar o carregamento. Para quem não sabe o que é o carregamento, é o peso ou outras cargas dinâmicas que são previstas para o cálculo da estrutura.

    A partir destas cargas os engenheiros, ou seus softwares, determinam as dimensões mínimas que se devem empregar nas lajes, vigas, pilares e fundações, bem como a quantidade de aço e a posição dos mesmos nas estruturas.

    Quando se trata de uma obra singular (obra totalmente diferente das usualmente feitas) como no caso de uma mesa de uma ciclovia sujeita a ondas de baixo para cima, não existe nem em normas Brasileiras, Norte-americanas, Europeias nenhuma indicação de como se prever e muito menos calcular a estrutura. Logo, o calculista NÃO TEM A MÍNIMA CONDIÇÃO TÉCNICA DE PREVER OS ESFORÇOS DESTAS ONDAS.

    Como já dito, a ausência de normas para o cálculo de estruturas singulares, como a do tipo em questão, quem deveria pensar na existência do esforço da água de baixo para cima, e seu consequente esforço, JAMAIS DEVERIA SER O CALCULISTA!

    O processo para determinar este esforço não é muito difícil, porém passa por diversas fazes: Primeiro a determinação do regime de ondas na região dando prioridade aos eventos extremos (ressacas); segundo a GEOMETRIA DO JATO DE ÁGUA que se forma com o impacto destas ondas na encosta, terceiro e combinação do primeiro com o segundo, a criação de um modelo de jato de água típico para eventos extremos e quarto e último a transformação deste jato em esforço na passarela.

    Como disse, para quem sabe, tendo o primeiro item resolvido que é mais demorado, com no máximo umas quatro ou cinco horas de cálculo se chega ao esforço. Porém insisto no “para quem sabe”, pois para fazer isto o profissional deve ter uma formação nas áreas de Hidráulica Costeira e Marítima, Mecânica dos Fluídos, engenharia de Obras Portuárias e Interação Fluído Estrutura. Ou seja, deve ter estudado isto no mínimo uns quinze anos!

    A conclusão que se pode ter é que o impacto destas ondas é calculável (ou seja, tem solução), porém não é o calculista que deve calcular (calculista deve saber calcular as lajes, vigas, pilares e fundações das estruturas e não calcular outras coisas) a solicitação que provocarão ondas incidindo sobre as estruturas. Logo a expressão dita pelo perito “…Somente o cálculo estrutural poderia prever se deveria ou não ser amarrado…” está completamente equivocada.

    1. Concordo plenamente e

      Concordo plenamente e coloquei isto aqui em uma postagem em que digo isto com palavras semelhantes . . . . . O erro todo é mais primário e mais grave do que não ter prvisto o impacto das ondas. Em edificações, se você faz uma solicitação errada, o aumento de reforço apenas aumenta o peso. Se um apoio de viga, uma colocação de pilar for errada, tentar dar resistência colocando mais concreto, por exemplo, apenas aumenta o problema com o aumento do peso. Quem projetou e realizou esta ciclovia errou mais feio porque não considerou não o impacto, mas antes, não considerou que a onda chegasse na pista e encaixando por baixo. Basta um rápido olhar para ver que a pista está colocada como pronta pra receber uma alavanca por baixo. Sabe a tampa de um tuppeware, que tem uma orelhinha a mais para a gente botar o dedo e facilitar a abertura, então, a pista da ciclovia está colocada exatamente pra facilitar a entrada de uma força por baixo “otimizando” o potencial desta força, seja de água, seja de vento, enfim, é a aleta sob medida para encaixar a força por baixo. Então aí não adianta muito se aumentar reforços, a questão toda é de aero/hidro/dinâmica, tem que se fazer de forma com que as forças de água e vento, se presentes, deslizem adequadamente sem permitir pontos de pega para produzirem alavancas. Há que se ter uma ação que beire a aerofólios, que conduzam água e vento fazendo com que suas ações sejam fluidas, conduzidas, desviadas. 

      1. Caros Nosde e Almeida.

        Quanto o problema ter sido causado por um erro de projeto não há sombra de dúvidas, porém a minha discordância com Nosde é clara, como bem disse o Almeida esforços excepcionais devem ser previstos no projeto, porém também como colocou claramente o Almeida estes esforços são um dado de entrada para o calculista e não uma obrigação do mesmo conhecer o assunto.

        O caso em questão é sofisticado em termos de solução, simples para quem conhece o assunto, mas imprevisível para o engenheiro normal.

        Por se tratar de uma obra feito logo a beira mar, era OBRIGAÇÃO da firma que projetou-a contratar um profissional no assunto (no Rio de Janeiro há diversos profissionais que poderiam prever o ocorrido, não precisavam nem sair da cidade para achar o profissional).

        Há uma peculiaridade na situação que somente alguém treinado para tanto poderia prever perfeitamente o ocorrido, explico melhor:

        Se olharmos a altura das ondas que existem ao largo elas aparentemente não teriam condições de atingir a passarela, mesmo em situação de ressaca, entretanto estas ondas oscilatórias chegam junto a costa com uma energia cinética que deveia ser calculada, pois quando elas encontram uma parede sólida vertical essa energia é convertida em um jato que sobe na costa. A conversão desta energia em altura do jato é conhecida e quantificável, pois várias obras de engenharia portuária sofrem este fenômeno, há inclusive diagramas que convertem diretamente a energia das ondas em altura do jato.

        A explicação de Nosde não está totalmente correta, porém como nomento nas disciplinas que leciono quem corrige as provas e dá os conceitos não sou mais eu (com a idade me livrei deste problema), não vou entrar em detalhes, mas talvez Nosde esteja confundindo a força de sustentação que existe em estruturas deste tipo quando submetida a fluxos paralelos à mesa da estrutura (vide o fantástico caso de ruptura da Ponte de Tacoma – cuidado somente com a interpretação final que dão sobre a interação fluido estrutura, pois em vários livros de física colocam que foi ressonância, que é um enorme erro conceitual).

        O que quero deixar claro são os seguintes pontos:

        1) Houve um erro em projeto que poderia ser prevenido.

        2) A empresa que faz uma obra na região que está colocada a passarela tem obrigação de contratar um especialista no assunto.

        3) Não é algo claro e evidente para um engenheiro normal.

        4) Não conheço o calculista, porém acho que o mesmo não é o culpado.

        5) É surpreendente que logo no Rio de Janeiro, onde estão os melhores quadros de engenharia portuária, a empresa projetista não ter lembrado de contratar algum desses competentes profissionais.

        Em resumo, há culpa sim e não se pode atribuir a culpa a “natureza”, era previsível e calculável e não oneraria praticamente em nada a estrutura. Logo não pode se culpar a desvios de verbas ou a economia, mas sim a burrice e o descaso.

        1. Caro rdmaestri, . . . . .
          Com

          Caro rdmaestri, . . . . .

          Com certeza está havendo um mal entendido, eu concordo plenamente com voce, o que eu digo é que depois de deixar um projeto em que uma massa de água como aquela entra por debaixo da passarela, pouco ou nada resta a se fazer de cálculo estrutural e sim de estudos de formas, ou seja, como fazer para que esta onda não entre com toda liberdade encaixando DE JEITO embaixo da via . . . . porque depois de encaixar já era . . . .

    2. As condições do projeto tem de ser informadas aos calculistas.

      Se os terrenos da construção são sujeitos a terremotos, os calculistas têm de ser informados sobre isto. Se na área acontecem vendavais frequentes ou furacões, o projetista tem de ser alertado sobre este fato e calcular o efeito dos ventos. Eu vi projetos de linhas de transmissão, aqui para a realidade brasileira, em que eram previstas condições rigorosas de vento, com uma possível cobertura de gelo, em país tropical, aumentando significativamente o diâmetro dos cabos e em consequência ampliando os efeitos dos esforços eólicos. Um exagero que redunda em maior fator de seguarança do projeto, mas vai que tais fatos acontençam; seguro morreu de velho e o coeficiente de cagaço existe para se prevenir de fatos tão inesperados.

      É evidente que uma previsão de ressaca na orla carioca, que tem um longo histórico muito bem registrado, muito mais do que nevascas cobrindo cabos de transmissão nos planatos brasileiros, seria uma obviedade para um projeto de uma via, ao longo de um costão, que acompanha com mais proximidade do mar, uma avenida com histórico de interrupções por ressacas conhecido. Se não foi previsto o esforço de ondas batendo na ciclovia no costão da Niemeyer,  o perito está pleno de razão: “É um erro, é grave”. Tão grave quanto não prever terremotos no Chile ou furacões o Caribe.  

  9. Já que o papo é engenharia

    às vezes a grana é o que manda mais.

    Prefeitura conserta ruas da Vila do Pan, mas garagens estão afundando

    Legado de problemas numa das instalações dos Jogos de 2007 se agravou  

    RIO – Quase quatro anos após a prefeitura iniciar a recuperação de ruas da Vila do Pan que afundaram, o legado de problemas numa das instalações dos Jogos de 2007 parece ter se agravado, apesar da previsão de gastos de R$ 70 milhões em obras até o fim deste ano. Enquanto as vias ainda são reparadas, pisos de garagens começam a ceder, provocando rachaduras nas paredes e preocupando ainda mais os moradores.
     

    A relação do condomínio com o poder público não é pacífica. Em meio a um impasse sobre a responsabilidade pelas recuperações estruturais, os moradores entraram na Justiça. Em um dos processos, a Associação dos Condomínios da Vila Pan-Americana afirmam que os estragos ocorreram porque a Geo-Rio escolheu uma técnica inadequada para recuperar os acessos, o que causou danos estruturais às garagens de dois prédios. Na ação, eles incluíram relatórios de uma consultoria contratada junto à Fundação Coppetec, ligada à Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe/UFRJ). O relatório identifica uma relação direta entre as intervenções realizadas sob a supervisão da Geo-Rio e os problemas estruturais nas garagens dos condomínios Todos os Santos e Grandes Lagos, que, somados, têm 320 apartamentos.

    Um dos responsáveis apontados pelos moradores é a Geo-Rio, que coordena o plano de recuperação da Vila do Pan. Trata-se do mesmo órgão responsável por fiscalizar a execução das obras da ciclovia Tim Maia, em São Conrado. Há duas semanas, um trecho da estrutura desabou, provocando a morte de duas pessoas.

    “Com o intuito de sanar estes problemas, a prefeitura do Rio decidiu pela execução do tratamento do solo nestas áreas.(…) Durante e após este tratamento, realizado de meados de 2012 a início de 2013, observaram-se movimentações não apenas das áreas tratadas, mas principalmente no subsolo do condomínio. Existem claras indicações de que o tratamento realizado causou danos importantes nas fundações da área frontal do subsolo em particular, devido às pressões de injeção de argamassas e à sobrecarga aplicada”, informa um trecho do relatório.

    — A prefeitura decidiu recuperar a Vila do Pan em três etapas. Na primeira fase da obra, optaram por injetar concreto no subsolo para estabilizar os acessos e conter o afundamento. Funcionou para estabilizar as vias, mas o terreno cedeu no entorno, atingindo as duas garagens. A Geo-Rio tanto sabe que errou que, a partir daí, mudou a técnica no restante da obra, implantando estacas de sustentação. Mas, aparentemente, a segunda solução chegava a ser óbvia. Foi adotada, desde o início, em muitos outros condomínios de grande porte na Barra, justamente por conta da qualidade do solo — disse o vice-presidente da associação, Erick Blatt.

    O segundo processo, que também conta com laudo da Coppetec, refere-se às fissuras encontradas no Edifício Grades Lagos. Para a Coppetec, o problema teria sido causado porque o terreno no entorno das vias de acesso cedeu, comprometendo o entorno. A responsabilidade também seria do município, porque nos preparativos para o Pan, ainda em 2004, a prefeitura havia se comprometido, por escrito, a implantar a infraestrutura completa nas vias de acesso, que, de fato, só teria início em 2012, cinco anos após o fim dos Jogos. Os consultores concluíram que, se nada for feito no trecho do subsolo dessa garagem, o terreno deve continuar a afundar pelo menos até o ano de 2059.

    Os moradores dizem que agora têm mais um motivo de preocupação: o risco de nem a infraestrutura externa ser concluída. Numa reunião de técnicos da Geo-Rio, na semana passada, com os representantes dos moradores que acompanham o plano de recuperação, teria sido informado que os recursos para concluir as obras em andamento seriam insuficientes. Os moradores afirmam ter ouvido dos técnicos da prefeitura que a conclusão dos serviços exigiria mais R$ 15 milhões que não constavam do orçamento original. A informação foi repassada aos síndicos dos prédios numa reunião no início da semana. A Geo-Rio, no entanto, afirmou desconhecer a necessidade de gastar mais dinheiro com as obras. Sobre os problemas estruturais observados nas garagens, a Secretaria municipal de Obras informou que o órgão não iria comentar um assunto que se encontra sub judice.

    — A informação que recebemos dos técnicos é que as obras para recuperação dos acessos começaram com base num projeto conceitual (básico). Somente com a execução dos serviços, eles constataram que o orçamento não seria suficiente. É um impasse preocupante, porque o grande apelo para a recuperação da Vila do Pan é a proximidade dos Jogos Olímpicos, já que somos uma espécie de legado urbano de outro grande evento da cidade — disse Erick Blatt.

    Segundo Erick, apesar de as obras só estarem previstas para terminar em dezembro, eles observaram uma redução do número de operários trabalhando nos canteiros. A obra já chegou a ter cem operários, mas, hoje, não passariam de 30. E ainda resta muita coisa a fazer. Parte dos acessos ao condomínio ainda está bloqueada por frentes de obras. Uma das vias de entrada foi fechada e, para deixar o condomínio de carro, os moradores precisam passar por cima da ciclovia, improvisada como via de saída.

    PROBLEMAS NA REDE DE INFRAESTRUTURA

    O condomínio de 1.480 apartamentos fica a menos de cinco quilômetros do futuro Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, que será palco da maioria das competições esportivas e a pouco mais de seis quilômetros da futura Vila Olímpica. Os moradores da Vila do Pan estimam que a reforma das garagens custe pelo menos mais R$ 10 milhões, que eles querem que sejam arcados pela prefeitura. Nessa conta, não encontram-se outros gastos, como o aluguel de andaimes e vigas para escorar as garagens e evitar danos maiores. Somente o síndico de um dos condomínios paga R$ 3 mil por mês para manter o escoramento.

    Os problemas ocorrem porque a Vila do Pan foi construída na Avenida Ayrton Senna sobre um terreno de turfa (formado por vegetação decomposta por milhares de anos). Os prédios não correm risco porque, ao serem erguidos pela construtora Agenco, foram sustentados por um sistema de estacas que garantiu a estabilização dos terrenos. O mesmo não se repetiu em parte das garagens e nos acessos ao condomínio, que na verdade constituem uma única rua — batizada de Claudio Besserman Vianna, em homenagem ao humorista Bussunda, do Casseta & Planeta.

    Os transtornos com o afundamento parcial das garagens dos três prédios não se limitam ao estacionamento. O afundamento do solo também comprometeu parte da infraestrutura de serviços dos prédios. A Associação dos Condomínios precisou remanejar tubulações de gás e redes de telefonia e TV a cabo por conta dos problemas estruturais. Parte da área de lazer de um dos prédios também foi comprometida: o chafariz do lago de um dos condomínios, por exemplo, afundou.

    — A demora para a solução definitiva cria outro problema. Embora os prédios sejam seguros, a desvalorização é inevitável. O metro quadrado na Vila do Pan hoje vale a metade do custo em condomínios da vizinhança. Com isso, um apartamento de quatro quartos aqui vale no máximo R$ 500 mil. Se todos os problemas forem resolvidos, esse valor pode chegar a R$ 1 milhão — estimou Erick Blatt.

    ANTES DOS PROBLEMAS, UM SUCESSO DE VENDAS

    Lançada no mercado em 2005, a Vila do Pan foi um sucesso de vendas, embora ainda estivesse em obras. Usando o jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho como garoto-propaganda, o empreendimento teve todos os seus 1.480 apartamentos de um a quatro, quartos espalhados por 17 prédios, negociados em menos de dez horas. Os problemas, porém, começaram em fevereiro de 2007, quando ruas cederam pela primeira vez, às vésperas dos Jogos Pan-Americanos, realizados em julho. Na ocasião, o então prefeito Cesar Maia não cumpriu um acordo firmado com a construtora Agenco, que implantaria as vias de acesso do condomínio, e as pistas acabaram sendo asfaltadas pela empresa sem as intervenções necessárias para evitar acidentes.

    A parceria com a prefeitura permitiu em 2005 que a Agenco obtivesse um empréstimo da Caixa Econômica Federal para construir o condomínio usado como alojamento oficial de atletas durante o evento. Na época, Cesar Maia disse que a prefeitura entrou no projeto para evitar que uma demora na liberação do financiamento colocasse em risco os Jogos, devido à falta de acomodações para os competidores.

    Cesar Maia, no entanto, decidiu não honrar o acordo ao saber que a Agenco receberia do Ministério do Esporte uma espécie de aluguel pelo uso dos apartamentos durante o evento. Cesar alegava que a empresa receberia duas vezes do poder público. A Agenco afirmava que não havia qualquer relação entre as parcerias. A construtora chegou a entrar na Justiça para tentar provar que caberia à prefeitura a execução dos trabalhos. Na época, o Ministério do Esporte chegou a oferecer recursos para concluir as obras no condomínio , mas não houve acordo com a prefeitura.

    Durante os Jogos Pan-Americanos, não houve incidentes no condomínio devido a problemas estruturais. Dois anos depois, no entanto, os acessos voltaram a sofrer afundamentos. Apenas em 2012, o atual prefeito Eduardo Paes disse que honraria o acordo firmado no governo anterior e executaria as obras.

     

    1. A bem da verdade, registre-se

      A bem da verdade, registre-se que o único que vi à época denunciando isso foi Xico Vargas, morto em dezembro último, em seu blogue.

      Correu a história que o Romário conseguiu devolver, com recuperação de crédito, à construtora as ezenas de unidades que havia adquirido.

       

    2. estudo de sondagem

      evandro,

      Erro grosseiro de infraestrutura.

      Era comentado que todas as redes subterrâneas cederam, o que indicava, pelo menos, um possível problema de vulto no estudo de sondagem.

      Na época, sugeri que as redes ficassem sustentadas por um sistema de peças que trabalhasse à tração, talvez tivesse ficado mais barato $$$.

      A grande mídia colocou uma pedra em cima do assunto, daí quase ninguém saber daquela situação complicada.

       

  10. Assuntos que parecem ser só de engenharia, podem dar ….

    Assuntos que parecem ser só de engenharia, podem dar consistência na discussão do Estado.

    O caso da queda da passarela, num primeiro momento pode parecer um problema de mera engenharia, como poderia ser se simplesmente houvesse um erro qualquer no projeto ou na construção da passarela, mas de mesma forma que o acidente da Samarco, este último desnuda a consequência imediata da má organização do Estado.

    No acidente da passarela fica claro que a delegação do Estado através da terceirização de projetos para empresas privadas traz em si riscos não só contra a segurança dos cidadãos como também riscos aos cofres públicos.

    Muito se fala de superfaturamento de obras, de obras inconclusas e de outros sérios problemas. Alfredo Machado citou em seu comentário o problema do projeto executivo em contraposição ao estudos iniciais e bem menos detalhados pelos órgãos públicos.

    Este procedimento que está quase ficando uma regra, quando por lei deveria ser uma exceção de não ser colocado a licitação um projeto incompleto é a mãe de todas as formas de corrupção em obras públicas.

    Quando se faz um projeto executivo bem feito, todas as etapas de construção, materiais e mão de obra, deverão estar devidamente detalhados, restando pouquíssimo espaço para a aditivos indevidos ou outras formas de lesar os cofres públicos.

    Por outro lado sem um projeto executivo claro e conclusivo afastam-se das obras empresas que poderiam entrar para os certames baixando o custo da mesma, pois com projetos incompletos e sem detalhes as únicas empresas que podem entrar tranquilas nestas concorrências são as AMIGAS DO REI.

    A pressa de se colocar uma obra em licitação, que justificaria pela necessidade da população de obras públicas, na quase totalidade dos casos ou resulta em obras com custos altíssimos e/ou em obras que estouram por completo o prazo de conclusão, ou seja, invalidando por completo a falsa afirmação da necessidade iminente da obra.

    Na cidade de Porto Alegre, temos vários exemplos de obras paralisadas por pressa em conseguir o recurso, o que resultou, as obras foram completamente mal projetadas, com problemas do tipo falta de sondagem para verificar se haviam rochas na passagem de um túnel, e mais outros ainda mais escabrosos. O resultado que as famosas obras para a copa só vão ficar prontas na outra copa!

    Além disto temos toda a discussão da inconveniência e nas irregularidades que ocorrem quando da terceirização de projetos e da fiscalização. A política de terceirização levou ao completo sucateamento dos órgãos públicos e a erros absurdos na realização dos mesmos, poderia citar vários exemplos, mas tomaria muito tempo, porém o que é certo que terceirizando os projetos podem, muitas vezes por motivos diversos ter vários projetos errados ou incompletos.

    Quando se fala em corrupção, geralmente se associa esta a obras públicas, e parece a todos que isto ocorre simplesmente porque um corrupto se encontrou com um corruptor, porém não há uma discussão sobre porque há um TERRENO FÉRTIL PARA A CORRUPÇÃO EM OBRAS PÚBLICAS. Talvez este seja o grande problema a ser encarado.

    1. rdmaestri,
      Já que você me

      rdmaestri,

      Já que você me citou, tenho direito a um aparte rsrsrsrs

      Se uma empresa estatal contrata, numa leva de licitações ( algo que ocorre), seis ou oito obras, ela não terá a menor condição para executar seis ou oito Executivos de uma vez só, pois é serviço sempre difícil, e por vezes muito difícil, e que demanda quantidade razoável de profissionais que só trabalhariam na elaboração daquele Projeto em que estivessem envolvidos e mais nada – temos aí a estagnação total do setor de construção civil e outros em função da LavaJato, zero licitações e pronto, estariam os tais profissionais sem ter o que fazer e o tal governador pronto prá receber uma saraivada de críticas.

      Considero correta a execução do Executivo pelo contratado, mas o contratante TEM, por obrigação, que conferir e questionar o Executivo de ponta a ponta. No caso da ciclovia com as ondas próximas, circunstância que é do conhecimento de poucos, chamar alguém que seja conhecedor dos efeitos de ondas. Não existiria qualquer empecilho para isto, bastando ao profissional formalizar a sua dificuldade para analisar algo que desconhece.

      Salvo engano, no escopo do RDC- Regime diferenciado de contratação, a questão da execução do Projeto Executivo foi bem resolvida, apesar da raiva dos futuros contratados, pois é serviço que realmente dá trabalho.

      Um adendo – no começo do governo de Lula, um amigo meu, professor em curso suoerior de engenharia civil em cidade grande, tinha salas de 5 a 8 alunos, em 4 ou 5 anos a frequência pulou para 45/ 50 alunos, e em 2016 veio uma queda forte, para 20 /25 alunis. A razão, de acordo com os alunos? LavaJato.

      Um abraço

      1. A contratação por levas revela a falta de programação, logo…

        A contratação por levas revela a falta de programação, pois simplesmente os recursos são obtidos pelo ingresso de impostos que são mais ou menos constantes, logo não vejo a necessidade de prescindir de projetos executivos.

        Inclusive se houvesse programação, mesmo com um mínimo de recursos poderiam ser feitos os estudos preliminares para futuro uso nos projetos executivos.

        O problema básico é que a administração pública não trabalha com quadros profissionalizados e próprios nos seus quadros de 1º escalão, que poderiam simplesmente fazer programações a médio prazo que ultrapassasse o período de um governo.

        A tua sugestão é adaptada a atual (des)organização do setor público, os governantes preferem ter CCs submissos e que façam qualquer coisa para satisfazer seus contratantes, que no caso não é o Estado mas sim o Governo.

        No RDC também tem grandes problemas, pois simplesmente elevam em muito o preço das obras, pois como o projeto executivo tem que ser realizado pelo contratante e o mesmo não sabendo a priori qual o valor exato da obra, ou aumentam o preço para poder concluí-la ou muitas vezes entram em falência devido a percalços no caminho.

        O RDC foi copiado do Regime Simplificado da Petrobras, o mesmo que foi utilizado nas refinarias Abreu Lima e Comperj resultando em construções caras e atrasadas.

        O regime RDC muitas vezes resulta em materiais e sistemas de baixo custo e péssima qualidade, criando instalações que tem que ser totalmente reformadas com o tempo.

        1. serviços técnicos em geral

          rdmaestri,

          Obrigado pelo retorno.

          A programação de contratações não obedece a um caminho como este que você sugere.

          Todos os projetos licitados incluem um projeto básico, é condição obrigatória. No meu entendimento, repito, é pouco producente a execução do Executivo pelo contratante, isto por mais de um motivo de ordem técnica, mas é apenas a minha opinião.

          Quanto aos submissos, quase todos estão no âmbito da esfera municipal, na qual é possível se ver de tudo, e quanto ao RDC, continuação mais sofisticada do Projeto Pacote, tudo é de responsabilidade do contratado, inclusive projetos, que são apenas analisados pelo contratante, momento em que , normalmente, aparece um rol de exigências e modificações a serem cumpridas pelo contratado. O projeto é contratado com preço definido e  não permite, conforme estabelecido em  contrato, nenhum acréscimo de valor, apenas de prazo ( chuva e outros).Quanto à qualidade do material aplicado no serviço, prá isto existe a fiscalização de obra.

          É por estas características que o RDC é sabotado, se o governante lançar uma licitação pelo RDC, será inevitavelmente sabotado, conforme aconteceu com DR em obras de infraestrutura ( pavimentação foi uma delas) , se puser o km. a 6 milhões /km. é pouco, se mais adiante oferecer o mesmo trecho a 10 milhões/km. é pouco, e assim será. 

          Os projetos da Petrobras têm, em minha opinião, um enorme complicador criado pelotrágico FHC, o de não submeter-se à Lei 8.666, que pode ter alguns pontos fracos, mas funciona bastante bem, para o desgosto de muitos. Quando aquele idiota sancionou aquela irresponsabilidade, abriu as portas para o inferno, pois a base disto e daquilo passou a ser nenhuma, ao gosto do freguês. Foi desta atitude canalha que se originou a LavaJato. Cabe dizer que alguns dos itens de serviço de uma obra da Petrobras não devem ser submetidos à Lei 8.666, o caso daqueles ligados diretamente à prospecção de petróleo um deles a prospecção e de alguns outros serviços bastante específicos, o resto, a maioria cabe na Lei.

          Um abraço

  11. O erro todo é mais primário e

    O erro todo é mais primário e mais grave do que não ter prvisto o impacto das ondas. Em edificações, se você faz uma solicitação errada, o aumento de reforço apenas aumenta o peso. Se um apoio de viga, uma colocação de pilar for errada, tentar dar resistência colocando mais concreto, por exemplo, apenas aumenta o problema com o aumento do peso. Quem projetou e realizou esta ciclovia errou mais feio porque não considerou não o impacto, mas antes, não considerou que a onda chegasse na pista e encaixando por baixo. Basta um rápido olhar para ver que a pista está colocada como pronta pra receber uma alavanca por baixo. Sabe a tampa de um tuppeware, que tem uma orelhinha a mais para a gente botar o dedo e facilitar a abertura, então, a pista da ciclovia está colocada exatamente pra facilitar a entrada de uma força por baixo “otimizando” o potencial desta força, seja de água, seja de vento, enfim, é a aleta sob medida para encaixar a força por baixo. Então aí não adianta muito se aumentar reforços, a questão toda é de aero/hidro/dinâmica, tem que de forma com que as forças de água e vento, se presentes, deslizem adequadamente sem permitir pontos de pega para produzirem alavancas. Há que se ter uma ação que beire a aerofólios, que conduzam água e vento fazendo com que suas ações sejam fluidas, conduzidas, desviadas. 

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