SP elimina vagas de estacionamento para dar espaço a ciclovias

Enviado por MiriamL

Da Carta Maior

Espaços urbanos são para atender o interesse coletivo, não o particular

Fernando Haddad elimina cerca de quarenta mil estacionamentos de automóveis nas vias para garantir espaço para ciclovias.

José Augusto Valente

 

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, toma a segunda medida importante para garantir a melhoria do trânsito – e da vida – na cidade. A primeira foi ampliar e fiscalizar o uso de corredores exclusivos de ônibus, medida iniciada por Marta Suplicy e descontinuada por Serra e Kassab. A segunda, eliminar cerca de quarenta mil estacionamentos de automóveis nas vias, para garantir espaço para ciclovias.

Sem precisar entrar em detalhes em relação ao problema, que é do conhecimento de todos, temos convicção em afirmar que a política a ser adotada, para melhorar o trânsito e a vida das pessoas em São Paulo, é a de restringir a circulação de automóveis particulares e – no curto, médio e longo prazo – investir em infraestrutura e legislação que priorize o transporte público. Essa restrição não é temporária, mas um caminho sem volta, em cidades como São Paulo. Fugir disso é querer aumentar o problema. Os milhões de carros particulares que circulam diariamente em São Paulo se apropriam de grande parte dos espaços viários e urbanos, muitas vezes com apenas uma pessoa no seu interior. Enquanto isso, milhões de pessoas, nos transportes coletivos, são espremidas nos reduzidos espaços deixados por aqueles.
 
As tentativas de soluções, implantadas nos últimos quarenta anos, como viadutos, mergulhões, elevados e estacionamentos subterrâneos só fazem sentido se dentro de uma política de restrição ao automóvel e favorecimento dos ônibus, táxis, caminhões, motos, bicicletas e pedestres. Fora dessa política, é dinheiro jogado fora, já que a principal causa do problema não é atacada de frente. Quanto mais automóvel em circulação, mais congestionamento, mais obras para permitir a maior circulação de automóveis, mais automóveis em circulação. Esse é o ciclo vicioso que precisa ser quebrado, já que é finita e bastante limitada a capacidade de alocação de recursos pelo poder público.
 
Quais as principais ações, em nossa opinião e de muitos especialistas, a serem desenvolvidas pela Prefeitura e pelo Governo do Estado de São Paulo, tendo como referência o que foi realizado em grandes cidades, como Londres e Paris?
 
– Implantação do pedágio urbano, com a aplicação dessa receita na conclusão dos corredores de ônibus, ciclovias e melhoria das condições para o pedestre
 
– Completar a implantação de corredores exclusivos de ônibus
 
– Elevar as tarifas de estacionamento nas áreas centrais e redução das áreas disponíveis
 
– Ampliar a capacidade da malha física e as operações ferroviárias (trens e metrô)
 
– Implantar malhas de ciclovias e projetos semelhantes ao que existe no Rio e no DF, com a disponibilização de milhares de bicicletas para circulação nas áreas centrais
 
– Ampliar as restrições via rodízio, até a completa implantação do pedágio urbano
 
– Aumentar o rigor na fiscalização e retirar veículos irregulares de circulação
 
– Racionalizar a circulação e os horários de carga e descarga dos caminhões, lembrando sempre que eles são vitais para o funcionamento da cidade
 
– Concluir todo o anel rodoviário de São Paulo, já que uma grande quantidade de veículos tem origem e destino fora da cidade e que não há motivo para circular pelas suas ruas e avenidas
 
As medidas restritivas causarão algum incômodo inicial, especialmente naqueles que acabaram de ascender ao privilegiado círculo dos proprietários de automóveis. No entanto, como elas serão eficazes, não só melhorará muito o transporte público como essas pessoas poderão utilizar seu carro em inúmeras situações, regiões, dias e horários não atingidos pelas restrições e ter a sua mobilidade e conforto em grande parte atendida.
 
O principal: a vida melhorará para todos e a indústria automobilística poderá continuar seu atual nível de produção, sem levar a parcela de culpa que tentam, erroneamente, lhe imputar.
 
Há um entendimento – equivocado – de que primeiro os governos têm que providenciar transporte de massa para, só então, restringir a circulação de veículos particulares. É uma proposta bonita, mas inviável no médio prazo, por ser muito caro e demorado para viabilizar.
 
Em cidades como Londres, que têm extensa malha metroferroviária, muito pouca gente deixava o automóvel em casa para usar o transporte coletivo. Somente a restrição aos carros particulares poderia garantir mais espaço para o coletivo. O pedágio urbano e a restrição de estacionamento, em áreas de muito trânsito, foi o que resolveu.
______________
 
José Augusto Valente é especialista em Transportes e Logística.

Redação

14 Comentários

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  1. Ta tudo muito bom ,mas vai

    Ta tudo muito bom ,mas vai pegar o metro das 8 as 18h, lotado, se houvesse a contrapartida de 20 carros a menos na rua e 1 vagão  a mais no metro, ai iria funcionar, no resto é jogar mais gente em um sistema que falta manutenção e vagões novos,combina com o Alckimin que gerencia o Metro e a CPTM, que vive com trem quebrado, sei lá compra vagões faz uma doação para o governo do Estado, pois este sistema é o unico que temos e não tem funcionado bem.

    1. Vi a propaganda

      Vi a propaganda na Tv e nos pontos de ônibus e o Metrô está muito bem e agora já estão inaugurando até o Monotrilho…

  2. em santos

    nas últimas eleições municipais em santos, na universidade santa cecília, perguntei aos candidatos a prefeito se, considerando que a bicicleta, portanto as ciclovias, por serem um meio de transporte de interesse público, não seriam prioritárias às vagas de automóveis particulares nas ruas?

    todos esquivaram-se, enrolaram e nenhum assumiu posição favorável às ciclovias.

    isso está gravado!

  3. “Há um entendimento –

    “Há um entendimento – equivocado – de que primeiro os governos têm que providenciar transporte de massa para, só então, restringir a circulação de veículos particulares. É uma proposta bonita, mas inviável no médio prazo, por ser muito caro e demorado para viabilizar.”

    Além de caro, é uma proposta que nao ataca a causa raiz do problema de circulacao, que é o transporte individual. Mesmo que se colocaque a maior e ideal frota de onibus, sua circulacao ainda seria limitada pela frota de automoveis. Com muitos onibus e com circulacao limitada, os custos ficariam elevadissimos e nao viabilizaria o tranporte publico.

    O metro é sempre apresentado como solucao, porem se é necessario resolver um problema agora, nao se pode  esperar por uma solucao que leva ao menos 10 anos para ficar pronta.

  4. Tiro n’água

    Em Santos, as últimas administrações municipais, investiram em ciclovias. A maioria é ociosa.  Durante praticamente o dia todo.

    Nossa Paulista, aqui em Santos, é a Avenida Ana Costa  que recentemente recebeu uma ciclovia. Igualmente ociosa.

    A ideia do Haddad não funcionará. Ciclovia tem que vir da periferia para o centro e não o contrário. Diminuir o espaço de táxis, carros em geral, e ônibus na Paulista, não irá resolver o problema do trânsito em sp. Ademais, por ser uma cidade com ruas muito ingremes ciclismo em São Paulo não é algo tão simples. Diferente de cidades como New York e Amsterdam. 

  5. Tiro no pé. Ciclovia na

    Tiro no pé. Ciclovia na Paulista atende só à classe alta que mora na região e atrapalha a vida de quem mora noutras regiões, inevitavelmente mais pobres, e vem trabalhar no centro. 

  6. conversa mole para boi

    conversa mole para boi dormir

    mais pedagio?

    eu pago uma fabula de imposto e só acho buraco para tudo quanto é lado.

    não venço levar o carro para alinhar e trocar pivô pois nao há alinhamento que resista um mes com as ruas e avenidas de sao paulo.

    os caras nunca tem dinheiro para nada…

    1. Conversa para quem dormir

      Amigo,

      Aparentemente quem está dormindo nessa história é você. Você que acredita que paga mais imposto que todas as pessoas do mundo juntas. Você que acredita que tudo no Brasil é caro porque o imposto é alto. Você que exige melhores serviços e ao mesmo tempo pede redução de impostos. Você que não acha isso loucamente contraditório! 

      Amigo, para ter serviços iguais aos de países nórdicos como Finlandia, Dinamarca, Suécia, teríamos que pagar ao menos o mesmo tanto de impostos que eles. Não acha isso coerente?  

      Ahh amigo, me esqueço que você sinceramente acredita que todos países pagam menos impostos que a gente. 

      Amigo, por favor, aprenda de uma vez por todas. PAGAMOS MENOS IMPOSTOS DO QUE OUTROS PAÍSES!

      A média de arrecadação com relação ao PIB no Brasil é abaixo dos 34%, enquanto nosso recorde de gastos públicos é de 39% do PIB e esse número já foi reduzido por nossos amigos que gritam que altos gastos são imcompatíveis com qualquer sociedade não comunista. Que o governo não pode gastar. Oras! Ele não te comprou o carro novo. Não pagou a viagem para Miami. “Aonde que o governo está gastando esse dinheiro hein! Acho que deve ser corrupção!”

      Que tal olharmos para os gastos de outros países? 

      Dinamarca(57%), França(56%), Finlandia(55%), Suécia(51%), Austria(50%), Italia(50%), UK(48.5%). 

      Oba! Mas aposto que esse dinheiro caí do céu! Oras, meu amigo, já sei o que dirá. “EU SEI que pago mais impostos que todo o mundo! Vejo isso todo dia na TV”. 

      Sim, mas será que você realmente já viu as taxas de imposto por pessoa pelo mundo?! No Brasil, pagamos 27.5% no pior caso (retirando valores pagos para o INSS que irão direto para você. E esse dinheiro sim pode te pagar aquela sonhada viagem para Miami, certo?). 

      Mas oras, 27.5% parece muito. Talvez parece ainda mais se pensarmos em quantos meses temos que trabalhar para pagar este valor. Podemos até pensar em quantas viagens para Miami poderíamos fazer com esse dinheiro. Mas, amigo, por um segundo. Um segundo apenas, antes de reclamar do valor, pense no que se paga fora do Brasil. Na Bélgica, as taxas de imposto por pessoa chegam a 65% do salário. Em outros países: Suécia(57%), EUA(56%), Portugal(54%), Israel, Holanda, Espanha, Dinamarca, Finlandia (todos 52%). 

      Isso mesmo amigo! Será que algo vai mudar na sua vida, sabendo que pessoas em outros lugares do mundo desenvolvido pagam o dobro de imposto que você? Será que você vai pedir para pagar mais impostos e assim exigir melhores serviços? Espero que entenda o quão contraditório é exigir melhores serviços com menos impostos! Ou apesar de tudo isso, você ainda acredita que dinheiro nasce em árvore e que somos o país que mais paga impostos do mundo?

       

      http://en.wikipedia.org/wiki/Government_spending

      http://www.kpmg.com/global/en/services/tax/tax-tools-and-resources/pages/individual-income-tax-rates-table.aspx

      1. Claro, nossos polticos sao

        Claro, nossos polticos sao muito dedicados e a situaçao IMUNDA  desoladora com completo abandono do espaço publico é devido a falta de dinheiro

        Coitados, fazem o que pode né?

        Ruim sou eu e o povo que reclama demais certo?

        Cada coisa…

        1. Claro amigo! Vamos gritar!

          Oba isso mesmo!

          Tudo um bando de corrupto e ladrão. O que faremos? Vamos gritar? Vamos quebrar? Vamos fazer nada? Vamos trocar tudo? Vamos sentar no vaso? 

          Oba todas essas parecem ótimas soluções. Realmente, é tudo mais simples quando a gente fala: “é culpa do político ladrão”. A gente não precisa pensar. Isso é bom. Jogar a culpa nos outros também é bom.

          Agora, talvez para solucionar os nossos problemas reais, seria bom a gente parar de gritar e quebrar, e começar a pensar. O que acha amigo? 

          Me explique como um país A (vamos chamar ele de  Terra de Vera Cruz)  com menos infraestrutura e menos arrecadação do que o país B (vamos chamar ele de Terra do Gelo), faz para ter serviços iguais aos do país B?

          Opção A)  Quebra tudo e culpa os políticos.

          Opção B)  Nada. Nunca será.

          Opção C)  Terra de Vera Cruz aumenta sua arrecadação e consegue aumentar os investimentos em infraestrutura para alcançar o que já existe na Terra do Gelo?

          Opção D)  ?? Sugestões??

           

          Amigo não fale pelo povo! Você é apenas uma parcela dele. Eu sou parte desse povo. Eu quero melhores serviços! Eu sei que é impossível melhorar os serviços sem melhorar a arrecadação. Sem uma reforma tributária que ajuste os pesos dos impostos, mas aumentando a arrecadação Federal, Estadual e Municipal!

           

           

    2. Poder do dinheiro

      Se quem paga mais tem mais direito, da próxima vez que cruzar um BMW, Mercedez, Audi ou qualquer outro carro mais caro que o seu, dê a preferência.

  7. E o metrô?
    Não entendi bem se dentre as propostas está aumentar somente a capacidade física do metrô e cptm (ou seja aumenta r o número de vagões e frequência dos carros) ou aumentar a malha ferroviária ( medida cara porém q aí sim privilegiará a população periférica). Acho interessante o aumento de ciclovias e acredito q somente privilegiando o transporte coletivo sobre o transporte individual é q teremos uma solução para a mobilidade de São Paulo porém sinto q somente as atitudes de menor investimento estão sendo priorizadas, onde estão as estações da linha amarelo q ainda não foram concluídas, onde estão os projetos para expansão das linhas, São Paulo vai muito além do jabaquara e do Itaquera. Ciclovias são lindas, para mim q vivo no centro e tenho o privilégio de ir fazer comprar de bicicleta ou para amigos q moram no Butantã e vão trabalhar na Paulista, qndo seus trabalhos dispõe de banhos, mas para qm mora em São Mateus e vem trabalhar no centro às 4 da manhã é um meio de transporte inviável e q só privilegia a população já privilegiada moradora do centro e centro expandido.
    Pergunto, políticas para investimento e aumento de vagas de trabalho na periferia para q seus moradores não tenham o ônus de se deslocar por horas ( mesmo pensando em um Tp q flua) não seriam um ponto a discutir?

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