A política científico-tecnológica

Por Legal

Se quiserem, realmente, melhorar a ciencia nacional ha muito a fazer. Embora, como disse o Paulo Franca, o Rio faca boa ciencia; a verdade e que tanto o Rio como o restante do pais sofre com problemas de infra-estrutura como sobrecarga do sistema eletrico, infiltracoes, bioterios inadequados e falta de seguranca das pessoas e do patrimonio.

O caso mais evidente e o da Fiocruz que deveria ser IMEDIATAMENTE transferida pra outro local. Nao acredite em mim, va la e olhe.

Quatro acoes deveriam ser nortear o Ministerio da Ciencia com o objetivo de melhorar a ciencia nacional:

1- modernizar a infra-estrutura fisica

2- voltar a conceder bolsas de doutorado sanduiche decentes (2 anos no exterior) e bolsas de pos doc no exterior (3-5 anos e nao 1 como hoje). Bolsas de pos doc em empresas e interessante tambem. Acho ate que o programa existe, mas e pouco divulgado e nao tem muitas bolsas.

3- Agora a parte mais dificil. Acabar com o mestrado academico e modernizar os cursos de doutorado. Em geral, as disciplinas cursadas nao servem pra nada. Principalmente nas areas de biologia e saude.

4- agilizar os processos de compra de material. Hj se vc importa alguma coisa, so recebe em 6 meses – 1 ano. Assim nao da Ministro !!!!!!

Podem falar o que for, mas o melhor exemplo pra Ciencia e Educacao do Pais e Sao Paulo.

O estado foi pioneiro ja na decada de 60 ao criar a primeira faculdade de medicina no interior (USP de Ribeirao).

Foi pioneiro a criar a primeira faculdade focada em ciencia e tecnologia e nao nos cursos de sempre (Unicamp).

Foi pioneiro ao criar uma agencia de fomento a pesquisa que transformou a faculdade de um clubinho de compadres numa insituicao que faz pesquisa (Fapesp). Importante, um dos nomes mais importantes pro surgimento da Fapesp foi o do ex-presidente Fernando Henrique.

E a Fapesp, digam o que quiser, foi de uma felicidade imensa nas duas ultimas gestoes. Comecaram com o projeto infra-estrutura dos laboratorios. Partiram pro Biblioteca Essencial, que dotou os labs dos livros mais importantes. Teve uma felicidade enorme ao apostar no genoma e transformar as universidades paulistas em centros de excelencia em biomol. E acertou mais uma vez ao instituir os Projetos Tematicos, que a meu ver poderiam ser melhor administrados. Esta partindo agora pra fase mais dificil, as Tecnopolos; sao 4 ao todo no Estado. O que vai colocar Sao Paulo anos-luz a frente dos outros estados (eu sou mineiro).

E a vantagem de Sao Paulo nao fica so ai nao. O estado tem tres universidades: a Unicamp (pesquisa), a Unesp (mais tradicional) e a USP (dispesa comentarios). Conta ainda com as Fatecs (ensino tecnologico), o Butanta (pesquisa voltada pra saude publica), alem de um instituto de pesquisa focado na industria (esqueci o nome, ali do lado da USP).

E como Sao Paulo conseguiu isto? Destinando 10% do ICMS ao ensino superior e a pesquisa (o percentual da Fapesp e de 1% do ICMS).

A pesquisa no Brasil daria um salto enorme se os governadores parassem de fazer planos e mais planos e cumprissem a lei que determina a transferencia de 1% do ICMS pro Fundo de Financiamento a Pesquisa. Ninguem cumpre a lei. Minas nao cumpre, o Rio nao cumpre e mais um monte de gente nao cumpre. E o governo federal nao cobra.

Uma vergonha.

Luis Nassif

17 Comentários

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  1. “4- agilizar os processos de
    “4- agilizar os processos de compra de material. Hj se vc importa alguma coisa, so recebe em 6 meses – 1 ano. Assim nao da Ministro !!!!!!”

    Mas tem mais, muito mais, Ministro.

    Comprar pela internet ja eh grande negocio no mundo todo. A China baixou os precos pra tudo. No Brasil eh diferente. Ha 4 anos enviei um presente de 30 dolares pra uma amiga no Brasil, e O CORREIO queria 220 reais de “alfandega”!!!!!!!!! O presente voltou pra mim. Tou chateado ate hoje.

    Eh isso que da colocar poderes juridicos e financeiros nas maos de quem nao tem a menor ideia do que esta fazendo.

  2. Quanto à Fiocruz, é verdade.
    Quanto à Fiocruz, é verdade. Conheço bem o local, por dentro e por fora. Na verdade, é incrível como ainda funciona. Na entrada comum, por Bonsucesso, fica ao lado de duas violentas favelas: a Mandela I e a Mandela II (pobre Mandela!). É ali que se processa uma das obras do PAC, que agora está fluindo normalmente, depois de muitas idas e vindas com os traficantes locais. Essas favelas ficam entre a Fiocruz e a Central Subúrbio dos Correios. Do outro lado da linha do trem, há o Complexo do Alemão. As janelas do Fiocruz que dão para os morros são cobertas por chapas de metal, pois já levaram balas.
    Pela entrada da Av. Brasil, dá de frente com a Favela do João, também conhecida como Inferno Colorido. São conjuntos de casas de dois andares, minúsculas, em terreno gigantesco, que vai da Brasil à Linha Vermelha. Esse conjunto de favelas foi inaugurado por Mário Andreazza, substituindo as vergonhosas palafitas que ali existiam. E as casas foram pintadas de cores diversas, daí o apelido. Foi no portão da Av. Brasil, onde fica o Castelinho Mourisco, belíssimo, todo importado da Europa, que PMs seqüestraram e sumiram com o corpo de um funcionário do instituto Fiocruz, há alguns anos. E, apesar de toda a pressão, a PM jamais elucidou o caso. Nem o corpo do funcionário apareceu. A única coisa que se sabe é que os PMs teriam confundido o servidor com um bandido. Como se uma coisa justificasse a outra. Aliás, a PM do Rio é tenebrosa: corrupta ao extremo, violenta, incompetente, ineficiente, pratica extorsão a céu aberto. Quando se fala que a PM sobe o morro atirando e mata inocentes, e o comando desmente, pode ter certeza de que é verdade. Eu mesmo já estive numa favela onde os PMs chegaram atirando e mataram um rapaz na barraca em que ele fritava peixe com a mãe. Esta só não foi atingida porque estava atrás do filho. O Fiiocruz está muito mal parado e péssimamente protegido, com guardas de firma particula. Pela excelência do serviço que presta ao Brasil deveria ser protegido por militares ou agentes federais. Mas brincam com a ciência e com o dinheiro ali empregado, sem contar o risco a que é exposto o quadro funcional.

  3. Acabar com o mestrado
    Acabar com o mestrado academico?
    Qual seria o objetivo, apenas acelerar a formação?
    As disciplinas que cursei durante o mestrado foram de extrema importância para o meu doutorado…

    Temos que tomar cuidado também com o financiamento de teses pela industria. Ha uma degradação da mão-de-obra qualificada de pesquisa na industria, pois muitas vezes esta apenas financia a tese, tem seus objetivos alcançados, não emprega pesquisadores e não investe em infra-estrutura de pesquisa. Ou seja, deixa de contratar pesquisadores e funcionarios e apenas da uma bolsa a um doutorando.

  4. O mestrado aqui no Brasil é
    O mestrado aqui no Brasil é puxado mesmo. O programa que curso exige 29 créditos (cada crédito equivale a 15h/a), mas acho que não é só eliminar esses programas, e sim alterar o formato. Por exemplo, abrindo espaço para a continuação dos estudantes para obter título de doutor aproveitando os créditos já cursados e os esforços despendidos pelos programas de mestrado para formar um bom pesquisador. Com isso, abre-se a possibilidade de se abater créditos no doutorado e reduzir o tempo de curso.
    Tem que fazer num sistema que peneire os que tem pretensões acadêmicas e os que querem voltar ao mercado. Querer atender a esses dois públicos num mesmo programa é que eu acho complicado, ainda mais que os programas de especialização estão enfraquecidos o que lança vários candidatos que não querem ser acadêmicos nos programas stricto sensu.

  5. Eu só não entendo porque
    Eu só não entendo porque grandes multis da informatica tem fabrica em SP mas investem em pesquisa na PUC RS. As construções dessas empresas sao maiores que os predios do ensino. Nao sei porque o CI pra tv digital foi desenvolvido em itajuba e puc-rs, sendo que a Unicamp já teve lab de encapsulamento. Não é tao maravilha assim não porque na Unicamp a reitoria tem servido de trampolin pra carreira politica no PSDB. E se os estudantes não tivessem sublevados em 2008, o Serra tinha reduzido recursos pela metade, usando o traidor do Pinotti (que foi o melhor secretario de educação, ainda no gov. Quercia -professor ganhava 5 salarios minimos de inicio, hj mal chega a 2,5) prá enfiar goela abaixo dos reitores. Como o resto de Sao Paulo as coisas acontecem por inercia de governso antes do PSDB (ou PSDD). É só ver a Educação basica e a segurança publica como se deterioraram. Não demora e as universidades seguirão o mesmo caminho. Vide situação lamentavel do pronto-socorro e hospital da unicamp de modelo para pesadelo.

  6. Temos muito dinheiro
    Temos muito dinheiro destinado à pesquisa, vide os fundos da FINEP, o problema é que o governo contingencia-os. O fundo de telecomunicações, energia, petróleo etc. Mas o dinheiro disponível para “sacar” é pouco. Faça o levantamento do contigenciamento que você vai ver. Um outro lapso que temos no pais é a dificuldade de se construir estrutura física. Tem-se dinehiro para comprar equipamentos caríssimos, mas pouco para construção de locais para instalá-los. Resultados, equipamentos encaixotados ou implantados em locais adaptados que reduzem sua eficiência e vida útil.

  7. Não sei se o caso é acabar
    Não sei se o caso é acabar com o mestrado, pelo menos em todas as áreas.
    Em outros países o aluno já termina a graduação com o equivalente ao título de mestre, mas a graduação dura 5, 6 anos.
    Fiz Bacharelado em Física na UFRJ. Dos meus 120 colegas (incluindo aí a astronomia) devem ter se formado uns 20. A maioria desistiu ao longo do caminho, ou porque não agüentou o tranco ou porque não conseguiu ficar tanto tempo estudando, sem emprego. Outros cursos têm, este problema mesmo que num grau menor.
    Um curso de Física no Brasil com duração de 5 anos formará muito pouca gente. Aí umas pessoas vão dizer que se não há “demanda” e não há “eficiência” (tem gente que acha que formar todo mundo que ingressa é uma questão de “eficiência”) os cursos devem ser fechados. Só que físicos são necessários. Mesmo licenciando são exíguos. O problema é que o Brasil investe-se pouco, especialmente empresas privadas, nos vários doutores em Física que estão por aí. É um curso difícil mas com poucas perspectivas de emprego. Continua quem consegue sobreviver (muitas vezes com a bolsa) e com uma boa dose de teimosia.
    Quando fiz doutorado aproveitei meus créditos do mestrado. O problema é quando há o mestrado e não o doutorado naquela instituição. Quem quiser fazer o DR vai ter que ir para outra instituição e começar tudo de novo.
    Há quem termine o bacharelado com formação sólidad o suficiente para ir direto para o doutorado, mas não sei se seria essa a saída para todos.

  8. Pessoalmente, não dá para
    Pessoalmente, não dá para remendar o sistema. É necessário refundá-lo, sob um novo paradigma: instituições. Precisamos de um sistema de fomento que se baseie em instituições, e não em pessoas, como é o atual.
    []´s

  9. Não é possível que nossa
    Não é possível que nossa educação básica pública ofereça aos alunos menos de quatro horas de permanência nas escolas

    Nelson Maculan é professor titular e ex-reitor da UFRJ, ex-secretário nacional de Educação Superior e ex-secretário de Educação do RJ. Artigo escrito para o “Jornal da Ciência”:

    Em muitos países, a educação pública faz parte de uma política de Estado – de uma política social, cultural e econômica – há mais de um século. Os recursos para a Educação, nesses países, são mantidos ou aumentados, independentemente dos partidos que estão no poder, não havendo necessidade de garantir um mínimo desses investimentos na Constituição, como é o nosso caso.

    Podemos citar os seguintes países: Estados Unidos, Canadá, grande parte dos países europeus (França, Itália, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Finlândia, Bélgica, Suíça etc), Japão, China, Coréia e Austrália. Na América Latina, a Argentina, desde o final do século XIX, já adotava um sistema de ensino básico, em tempo integral, com transporte garantido para os alunos.

    Oferecer atividades didáticas e complementares nas escolas, em tempo integral, é o símbolo da educação republicana. Nesses países que acabamos de citar, a escola pública tem qualidade e vagas suficientes para todos os alunos, independentemente das classes sociais; as atividades diárias nas escolas vão, geralmente, das 8 às 17 horas. A educação pública pode ser organizada via município, estado ou província, e União. Nos EUA, toda a educação básica é obrigação municipal.

    No Brasil, as escolas públicas em tempo integral são pouquíssimas e funcionam mais como laboratórios didáticos. Infelizmente, a experiência dos Cieps, mais conhecidos como “Brizolões”, no Estado do RJ, foi minimizada pelo próprio Estado e pela maneira como tem sido feita a municipalização do ensino fundamental.

    No Brasil, quando falamos de educação em tempo integral, pensamos que devemos construir essas escolas só para os alunos das classes mais desfavorecidas. Na realidade, aqueles pais e mães que podem arcar com as despesas de educação pagam uma escola particular funcionando de quatro a cinco horas diárias, além de enviar seus filhos a cursos particulares de línguas, de música, de dança e a atividades esportivas e culturais, cobrindo assim todos os espaços disponíveis do dia. Os alunos das classes mais favorecidas têm atividades didáticas e complementares em tempo integral.

    Não somos, comparativamente, no mundo de hoje, um país pobre. O Brasil está entre as 15 maiores economias. Não é possível que nossa educação básica pública ofereça aos alunos menos de quatro horas de permanência diária nas escolas.

    Os resultados da Prova Brasil, de outras avaliações do MEC, bem como de avaliações internacionais, só confirmam a baixa qualidade do nosso ensino público, no que se refere à educação básica. Entretanto, também há exceções à regra: contamos com excelentes – ainda que poucas – escolas, graças ao trabalho hercúleo dos profissionais de educação que atuam nesses estabelecimentos.

    É sempre fácil culpar nossos profissionais de educação, quando se deseja justificar a baixa qualidade do nosso ensino; no entanto, de modo geral, os municípios e os estados dão muito poucas condições de trabalho para esses profissionais: baixos salários, pouco estímulo à formação continuada e pós-graduada.

    As escolas públicas de ensino básico, com melhor qualidade, são as federais: Cefet (em quase todos os estados da federação), Colégio Pedro II (RJ), Instituto Politécnico da Fiocruz (RJ), colégios de aplicação das universidades federais, colégios militares e escolas navais. Devemos, também, destacar os colégios de aplicação de algumas universidades estaduais; destes, o mais conhecido é o da Uerj, por seus bons resultados na Prova Brasil.

    Os professores e funcionários técnico-administrativos dessas escolas federais e do Colégio de Aplicação da Uerj possuem carreira compatível com a de seus colegas de universidades, boa formação e carreira estruturada (grande parte desses docentes trabalha em regime de 40 horas semanais ou em dedicação exclusiva) visando às atividades de ensino, pesquisa e extensão.

    O presidente Lula, em suas últimas declarações, trouxe a possibilidade de destinar parcela dos novos recursos gerados pelo petróleo no Brasil ao ensino público. Visão política que só os grandes estadistas possuem. A Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), com centenas de milhares de estudantes, tem direito a uma boa parte dos recursos gerados pelo petróleo desse país.

    O possível repasse de recursos gerados pelo petróleo no Brasil para seus estados e municípios só deve ser feito dentro de uma programação de médio e longo prazo visando a uma educação básica em tempo integral.

    Programas de formação de profissionais de educação e salários decentes (em fevereiro de 2008, um docente do segundo segmento do ensino fundamental ou do ensino médio público do estado do RJ, em regime de 16 horas semanais, 12 em sala de aula, após dez anos de carreira, recebia um salário mensal bruto de R$ 846,27) serão os temas principais.

    Integral

    A proposta não é redescobrir a roda, mas utilizar a roda já existente há muito nos países comprometidos com a Educação, isto é, conceber escolas e colégios públicos para que os alunos tenham neles um referencial de ensino e de atividades complementares (laboratórios de línguas, esporte, dança, música, arte etc), todos os dias úteis, das 8 às 17 horas. Todas as atividades complementares contariam com a colaboração dos ministérios e das secretarias associados à Cultura e ao Esporte.

    À noite (das 19 às 22 horas), nesses estabelecimentos de ensino, poderá haver cursos para jovens e adultos. Um ensino básico em tempo integral para todos os nossos alunos das redes públicas estaduais e municipais tem que ser estabelecido gradualmente, a partir de 2009.

    Naturalmente, será necessário desenvolver uma estratégia de curto prazo, a fim de efetuar a transição do sistema atual para o projetado. Para que tudo isso possa ser realizado de maneira democrática e competente, a discussão com os sindicatos que representam os interesses dos profissionais de educação é fundamental.

    Valorização

    Os novos docentes (com formação universitária) recrutados por concurso público nas diferentes esferas administrativas da União (município e estado), uma vez contratados e com salários garantidos, deverão passar dois anos em institutos de formação de professores (municipais ou estaduais) para o ensino básico. Aí terão que ser aprovados antes de assumirem de maneira independente suas funções em sala de aula.

    O novo docente será lotado num estabelecimento de ensino, não será mais um “professor itinerante”. Vários países possuem esse sistema para recrutar seus docentes para o ensino público. Um grande esforço na formação continuada dos antigos docentes também será primordial: utilizar bem as bolsas da Capes, já criadas pelo MEC para a realização de cursos de pós-graduação desses professores do ensino básico.

    O(a) diretor(a) do colégio ou da escola deverá ser um(a) docente, ter formação de gestor(a) comprovada para esse fim e ser escolhido(a) para cumprir um mandato pelos membros de um conselho escolar.

    Conselho este formado por representantes de profissionais de ensino, alunos e pais(mães) de alunos pertencentes ao estabelecimento de ensino em questão. Caberá ao MEC a tarefa de repasse dos recursos gerados pelo petróleo, assim como a verificação dos índices associados à avaliação de todo o sistema público de educação básica. A Educação é o nosso bem público.

    Nota da redação: Este artigo foi publicado na edição do Jornal da Ciência que circula a partir desta sexta-feira. Informações sobre como assinar a edição impressa pelo fone (21) 2295-6198 ou e-mail [email protected]

  10. Detonar a ciência é uma forma
    Detonar a ciência é uma forma eficiente de detonar o capitalismo. Uma vez que a criação e a inovação são as principais alavancas do progresso e do capitalismo.
    “Mas, não tem problema, quando a gente precisa se modernizar é só vender mais boi, frango, minério e soja que a gente consegue dinheiro para importar a parafernalha tecnológica.
    Com isso a gente mata essa praga de capitalismo aqui no Brasil, ficando imaculados dessa sujeira explorativa neo-liberal.”

  11. “tanto o Rio como o restante
    “tanto o Rio como o restante do pais sofre com problemas de infra-estrutura como sobrecarga do sistema eletrico, infiltracoes, bioterios inadequados e falta de seguranca das pessoas e do patrimonio.”

    existem tantos problemas, mas tantos… chega a ser falta de querer de fato resolvê-los… que tal enumerar alguns?

    1 – O mérito e a competitividade real acadêmica, os processos de seleção de bolsistas e docentes, ou de criação e manutenção de programas de pesquisa. Além de existir com baixo teor de “substância”, está claramente aparelhado por interesses corporativos dos que controlam as repartições e unidades, fortemente marcado pelos interesses fisiológicos pessoais, já que o mercado de trabalho está em crise permanente. Só isso já compromete demais a excelência acadêmica e a produtividade real e inovadora, que requer muita pesquisa de base, dedicação, seriedade, clareza de propósitos, e um tanto de generosidade, já que o conhecimento é valioso mas deve ser dividido com a sociedade e com a comunidade acadêmica, em vez de ser apenas privatizado e comercializado, sendo este apenas mais uma das perspectivas que se abrem.

    2. A constituição de núcleos de poder, quase sempre associados diretamente ao mercado ou pior, aos partidos políticos, está fazendo na verdade com que a universidade, especificamente a pública, seja hoje uma universidade parcialmente FECHADA, enquanto se coloca como ABERTA. E absurdamente fechada para os dissidentes políticos ou “ideológicos”, sei lá o que é isso, quando se trata de competência científica.

    Chegou ao ponto de, pessoamente, não confiar mais nem no resultado dos vestibulares. Que me perdoem as instituições muito sérias e que tanto já fizeram pelo Brasil, como a Fuvest e outras, mas hoje há um risco de interferências de “esquemas” começarem a pressionar até o puríssimo processo de seleção do vestibular. Não que deva ser o único modo de acesso, há outros e também são válidos e justos, mas me refiro ao risco desses esquemas políticos ou comerciais começarem a degradar até o terreno mais “sagrado” da universidade brasileira, o seu “berçário”.

    3. Esse é o ambiente propício ao desperdício e ao desvio de verbas, aliás, tivemos gravíssimos exemplos recentes, e talvez haja bem mais casos semelhantes no país. Quer dizer, como é que uma universidade pública, com verbas públicas, pode se constituir praticamente em uma “corporação autônoma”, isto é, pior até que uma simples autarquia?

    A produção científica brasileira, e seu desenvolvimento em direção à sociedade ou ao mercado, paradoxalmente, teria nível muito mais alto se fosse realmente mais técnica e científica, e menos política e comercial.

  12. Nassif,

    O comentario do
    Nassif,

    O comentario do Gesil Amarante e a pura realidade. Os cursos de fisica e matematica (um pouco menos) tem um problema cronico de evasao de alunos. Se vc analisar o edital de vagas disponivies pra transferencia na USP, ha umas 40 vagas, todo ano, pra fisica e matematica. Em parte, e a questao da empregabilidade.

    Uma solucao seria criar cursos que habilitassem os formandos a atuar em mais de uma profissao. Algumas universidades como a UFABC ou a USP zona leste tem um curriculo menos “focado” e que permite uma maior liberdade ao aluno.
    O problema sao as implicacoes legais (os conselhos da vida) e a discussao de como deveria ser o curriculo.
    A curto prazo, o governo poderia amenizar o problema garantindo uma bolsa doutorado sandwich a alunos de matematica e fisica que se dispuserem a dar aulas nas escolas publicas por 2 anos e tiverem avaliacao boa e excelente quanto ao desempenho. Ou contrata-los ao final da “experiencia”.

    Sobre a pesquisa em industria, eu vou dar um exemplo que acompanhei. Representantes do setor de frigorificos nos procuraram pra uma parceria (e possivel contrato dos pesquisadores envolvidos) pra producao de enzimas que os permitissem “limpar” o couro dos animais sem uso de produtos quimicos tradicionais.
    Outro grupo nos ofereceu uma proposta pra desenvolvermos uma enzima que “digerisse” a pena do frango. Parece brincadeira, mas a pena do frango e um problemao pra eles. Normalmente, a pena e “queimada” e usada como enchimento de racao. Um processo caro e de pouco retorno. A proposta era usar a pena como materia-prima pra producao de aminoacidos e peptideos. Tinhamos, na ocasiao, a colaboracao de um grupo japones especializado em “descobrir enzimas de uso industrial”.

    Tudo perfeito. So que o representante do lab era um amigo meu conhecido como “Doutor X”, famoso pelas “escapadinhas”. Inclusive do trabalho (“eu volto daqui a pouco”. E aparecia so daqui a dois dias).
    Alem deste problema, nos constatamos que ha uma carencia de pessoas trabalhando com problemas de aplicacao industrial. Nao bastava isolar a enzima, ela precisa se adequar ao processo. Nos precisamos mandar gente pro Japao pra aprender como isolar bacterias de aplicacao industrial. Ninguem sabia fazer isto.
    Se olharmos pras necessidades da industria e pra formacao das pessoas ha uma distancia enorme. Faltam “linkers”; pessoas capazes de transformar a producao academica do pais, que e boa; em produtos.

    Mesmo aplicacoes mais “coerentes” com a nossa atividade como kits pra exames laboratorias carecia (e carece) de pessoas que saibam como “bolar um kit pra ser usado em qq lugar”. As faculdades treinam os alunos pra “usar os kits existentes” mas nao pra desenvolver novos testes. Um grande erro.

  13. Em relação a Minas Gerais a
    Em relação a Minas Gerais a informação que o Governo passa não é essa.

    Antes de tocar no assunto apenas gostaria de dizer o seguinte.

    Vira e mexe venho aqui defender o Estado. Contra os próprios mineiros, diga-se de passagem.

    Mas não tenho qualquer ligação com o governo ou com os tucanos.

    Sou apenas extremamente interessado no que se passa por aqui.

    Voltando ao assunto, o link para a informação é este:

    http://www.agenciaminas.mg.gov.br/detalhe_noticia.php?cod_noticia=23494

    Lá há todas as informações necessárias a respeito do repasse de 1% do orçamento do Estado para a Ciência e Tecnologia.

    Pela segunda vez consecutiva este repasse é integral. Jamais houvera a aplicação da lei estadual antes.

    Hoje o Estado é o segundo que mais investe neste setor, à frente do Rio.

    Portanto, Sr. Legal, a informação que presta não me parece de acordo com a realidade atual.

  14. LN,

    Creio que é muito bom
    LN,

    Creio que é muito bom que se comece a rediscutir o mestrado no Brasil. Ao menos nas ciências exatas, e suponho que também nas biológica, a formnação de um pesquisador no primeiro mundo se dá em oito anos. Nos EUA, são quatro de graduação, e quatro de doutorado. Na Europa. são 3 até a “license”, 2 de Master e 3 de doutorado. Aqui a formação típica é em 10 anos e acaba por demais centrada em cursos e menos em aprendizado por pesquisa.

    Um primeiro passo seria passar mais sistematicamente a 4 de graduação + 5 de doutorado. Isso de fato é já é possível, pois há bolsas de doutorado direto. O problema é nenhum programa de pós-graduação fará esta política de forma sistematica sozinho, pois a avaliação de seu mestrado seria ruim pela CAPES….

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