Amostras de barro marcianas apresentam água não-ácida

Jornal GGN – Amostras de barro coletadas e analisadas pelo rover Opportunity na superfície de Marte revelaram a existência de água não-ácida, anunciaram, na última semana, cientistas da Universidade de Cornell. A descoberta mostra um panorama diferente de alguns anos antes, quando o mesmo rover, que chegou no planeta vermelho em 2004, descobriu indícios de água extremamente ácida, o que não é um bom fator para a existência de vida.

De acordo com o cientista Steve Squyres, chefe da missão, a água encontrada estaria em condições de ser bebida por seres humanos. Além disso, a água não-ácida cria um ambiente potencialmente adequado para que a química da vida antiga se desenvolva. Originalmente, a missão do Opportunity tinha prazo de 90 dias para buscar sinais de que Marte já havia tido água na superfície. Tanto ele quanto um segundo rover – o Spirit, que perdeu contato com a Terra há três anos – encontraram água em condições inadequadas, com alto teor ácido.

Os cientistas afirma que, embora existam atualmente micróbios que gostam de acidez na Terra, os chamados blocos químicos de construção de vida precisam de condições mais neutras para evoluir e se transformarem em vida. “O difícil em relação a um ambiente ácido é que, acreditamos que seja extremamente difícil conseguir uma química pré-biótica, o tipo de química que pode levar à origem da vida”, afirmou Squyres, principal cientista das missões Opportunity e Spirit.

“O que é interessante nessa descoberta é que ela aponta para um pH neutro em um momento muito cedo na história marciana”, disse. “O que temos aqui é uma química muito diferente. Essa é uma água que podemos beber”, acrescentou. “Essa é a prova mais forte de água (não-ácida) de pH neutro, que foi encontrada pelo Opportunity”.

Tentativas

O Opportunity levou três anos para chegar à borda de uma cratera chamada “Endeavour”, onde ele examinou, entre outros objetos, uma pequena rocha chamada “esperance”. Ao menos sete tentativas foram necessárias até que o rover conseguisse se posicionar adequadamente para arranhar a superfície de rocha e ver o que havia embaixo. Ao contrário do Curiosity, da Nasa, que pousou no lado oposto de Marte em agosto, o Opportunity não tem nenhuma perfuradora ou laboratório químico a bordo para obter e analisar amostras.

Em vez disso, ele usa instrumentos para pesquisar mineralogia básica. Os cientistas descobriram que a rocha “esperance” contém argilas ricas em alumínio, um sinal revelador de que a água neutra correu sobre a rocha. O rover Opportunity está agora se encaminhando para o sul do planeta, ao longo da borda da cratera “Endeavour”, em direção à uma pilha de rochas que poderão fornecer mais pistas sobre a transição de Marte de um mundo quente e úmido, para o deserto frio, seco e ácido que existe atualmente. Cientistas esperam que o Opportunity chegue lá até 1º de agosto.

Redação

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