Baratas aprenderam a evitar armadilhas feitas com açúcar

Jornal GGN – Das cerca de cinco mil espécies existentes de baratas, pelo menos uma, a germânica ou francesinha (Blatella germanica) – uma das pragas mais comuns nas grandes cidades de todo o mundo –, “evoluiu” em curto prazo para evitar armadilhas à base de glicose (o popular açúcar), muito usadas para acabar com esses insetos. A descoberta, feita por cientistas da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos EUA, foi revelada nesta quinta-feira (23) pela revista Science.

De acordo com o estudo, os insetos foram capazes de “aprender” em cerca de oito anos, por meio de evolução genética, a detectar a presença de glicose na composição das armadilhas, que começaram a se popularizar no mercado a partir dos anos 1990. As baratas das gerações posteriores desenvolveram um tipo de aversão genética ao açúcar, levando-as a evitar as armadilhas, explica o cientista envolvido na pesquisa, Coby Schal.

Para detectar a presença de algum tipo de açúcar nas armadilhas, os insetos usam pequenos pelos de paladar para recolher amostras das iscas. Quando percebem a presença de glicose – de sabor amargo para elas, de acordo com os cientistas –, as baratas dão um pulo para trás, como se reagissem com repulsa ao sabor. “Elas saltam para trás como se tivessem levado um choque elétrico. É um comportamento muito, muito claro. Elas simplesmente se recusam a ingeri-lo”, afirmou Schal, que é professor de entomologia.

Para ilustrar o comportamento das baratas mutantes, os pesquisadores gravaram um vídeo no qual é possível ver várias delas evitando completamente uma gota de geleia rica em glicose e concentrando-se totalmente ao redor de uma bola de pasta de amendoin. “Estamos mostrando que as baratas podem aprender incrivelmente bem. Eles podem associar a punição de degustar a glicose com o cheiro da isca”, completou Coby Schal.

‘Fenômeno global’

O estudo utilizou baratas colhidas em infestações nos EUA, Rússia, Porto Rico e Coreia do Sul. Das 19 populações de baratas pesquisadas, ao menos sete demonstraram esse tipo de reação à presença de açúcar. Os pesquisadores, no entanto, ainda não são capazes de precisar os percentuais de baratas que desenvolveram esse tipo de aversão à glicose, mas afirmam que a ocorrência da mudança genética não é isolada. “É um fenômeno global. Não é restrito aos Estados Unidos”, afirmou.

O resultado da pesquisa corrobora com dados o que os fabricantes de iscas e armadilhas para conter pragas como as baratas vinham percebendo, ainda que sem respaldo acadêmico: ao longo do tempo, os produtos foram perdendo a eficácia que tinham logo nos primeiros anos. Com isso, algumas mudanças foram feitas nas fórmulas, como a inclusão de carboidratos elevados e proteínas básicas.

Redação

1 Comentário

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  1. Baratas aprenderam a evitar armadilhas

    Para mim, leiga, é surpeendente o tempo em que a mutação genética se instalou. Pareceu-me que a genética comportamental juntamente com a maior simplicidade do organismo operaria a rapidez (?)

    Atulmente uso equipamento eletrônico associado a telas muito finas para evitar insetos/roedores . É muito eficiente em apartamentos. Um alívio para evitar as abelhas que fogem dos incêndios na época da seca.

    Funcionaria com as formigas também? Verifico que atualmente as formigas que moram nas paredes dos prédios são atraidas por objetos salgados e doces indiferentemente. E que também mudam seu esquema de busca de alimentos com a umidade do ar. Não sei se é assim mesmo.

    Considerando o que transportam nas patas (?), estes estudos são essenciais na luta contra doenças.

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