Brasileiro de 16 anos ajuda Nasa a vigiar explosões solares

Aos 16 anos, um estudante finalista do ensino médio de Presidente Getúlio, cidade a 300 quilômetros de Florianópolis, em Santa Catarina, está ajudando a Agência Espacial Norte-americana (Nasa) e a Universidade de Stanford a analisar e monitorar as chamadas explosões solares – eventos astronômicos marcados por gigantescas emissões que lançam nuvens de radiação no espaço. Túlio Baars, que ainda nem decidiu qual universidade irá cursar, faz parte de um programa criado pela Nasa para incentivar o estudo da radioastronomia entre estudantes de todo o mundo.

Além de seu interesse por astronomia e radioastronomia, a colaboração do adolescente brasileiro junto à Nasa foi “facilitada” pelas características da própria região onde mora. De acordo com cientistas, todo o estado de Santa Catarina se encontra em uma faixa conhecida como Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMA), na qual a distância entre as cidades catarinenses e a camada que protege a Terra das radiações magnéticas vindas do Sol é menor, tornando a área um dos melhores lugares do mundo para estudar o comportamento da nossa estrela.

Além de interferir em sistemas de comunicação terrestres, na rede elétrica e na navegação por GPS (geoposicionamento global), as tempestades solares ainda podem causar problemas de saúde na população.

O ápice das emissões solares acontece a cada 11 anos – o próximo foi previsto para o segundo semestre deste ano. Enquanto espera pelos próximos picos de emissões de radiação provenientes do Sol, Túlio Baars se prepara usando um kit de equipamentos fornecidos pela Nasa. Ele espera poder conseguir estudar impactos do evento na saúde das pessoas.

Câncer de pele

“Tenho alguns objetivos específicos, como saber se o número de casos de câncer de pele abaixo da anomalia tem alguma relação com a incidência de raios cósmicos por aqui, já que é uma área mais exposta à radiação”, diz o adolescente, que também procurou se informar sobre resultados de outras pesquisas já realizadas sobre o tema.

Um dos estudos analisados por Baars foram as Perturbações Ionosféricas Súbitas, eventos nos quais uma parte da atmosfera formada por partículas carregadas é capaz de refletir os sinais emitidos por antenas da Terra – o que atrapalha os sistemas de comunicação.

O estudante criou um projeto próprio de estudo das emissões solares – batizado por ele de “Projeto Alexa”, que faz uma homenagem a um antigo estudo de radioastronomia russo. Baars pretende usar as informações coletadas durante as próximas emissões para fazer um cruzamento com dados de pesquisas anteriores, de forma a enriquecer suas análises. De acordo com o estudante, o resultado do monitoramento será publicado no site do programa da Nasa e no site oficial do Projeto Alexa.

“É claro que não será simples, será preciso muito estudo e esforço para atingir as metas, e sei que muita coisa pode dar errado nesse percurso, mas como sou apaixonado por isso nem vai parecer que estou tendo problemas”, diz o estudante catarinense, referindo-se às dificuldades inerentes à própria complexidade do estudo da radioastronomia.

Redação

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