Cientistas criam câmera que simula visão panorâmica de moscas e formigas

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Pesquisadores do departamento de engenharia da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, desenvolveram um tipo de câmera digital com lentes agrupadas que, ao trabalhar em conjunto, simulam a visão panorâmica como as de moscas, formigas, besouros e lagostas – espécies capazes de enxergar em campos de visão de 180 graus (em cada olho), sem distorções de imagem. O novo equipamento parte do princípio de uma área de estudo conhecida como biomimética, na qual tecnologias são criadas a partir de observações do que já existe na natureza.

O dispositivo tem uma série de lentes minúsculas e maleáveis, o que permite uma quase infinita profundidade de campo e alta sensibilidade a movimentos, além de não gerar distorções de imagens semipanorâmicas, como nas câmeras de lentes grandes-angulares tradicionais. As lentes de câmeras tradicionais imitam a estrutura do olho animal, que não é capaz de enxergar de forma panorâmica. Ao utilizar uma lente de campo de visão semipanorâmica (180 graus) criada na estrutura da visão humana, o resultado são imagens distorcidas, em efeito conhecido como “olho de peixe”.

“Nós descobrimos formas de fazer câmeras que incorporam todas as características essenciais de desenho dos olhos encontrados no mundo dos insetos”, afirmou o coautor do estudo, John Rogers, do departamento de engenharia da Universidade de Illinois. “O resultado é um novo tipo de câmera que oferece um campo de visão excepcional (de quase 180 graus), sem aberrações e intensidade de iluminação uniforme”, acrescentou.

Para desenvolver o novo tipo de câmera, a equipe de engenheiros criou dispositivos eletrônicos elásticos para produzir um detector que possa se curvar na mesma forma hemisférica das lentes, eliminando assim a distorção. A câmera possui 1,5 cm de diâmetro, com 180 lentes em miniatura – cada uma com seu próprio detector, similar ao número encontrado nos olhos das formigas de fogo e dos besouros-bicudos. Outras espécies, por exemplo, ainda vão além: as libélulas têm cerca de 28 mil lentes.

“Esta é a chave da nossa tecnologia”, afirmou em um comunicado outro coautor da pesquisa, Jianliang Xiao, professor assistente de engenharia elétrica da Universidade do Colorado, em Bouldert. “Podemos fabricar um sistema eletrônico que seja compatível com a tecnologia atual; em seguida, podemos aumentar sua escala”.

De acordo com os pesquisadores, a nova tecnologia poderá ser útil em câmeras de vigilância e na área clínica, com geração de imagens em endoscopias. Já a comercialização ainda está distante, segundo os pesquisadores, já que uma câmera útil provavelmente precisaria de milhões de combinações – o que necessita de muitos investimentos na capacidade de manufatura.

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