Cientistas estudam atmosferas de planetas de sistema solar a 129 anos-luz da Terra

Uma equipe de pesquisadores do Projeto 1640, parcialmente financiado pelo Laboratório de Propulsão a Jato da Agência Espacial Norte-americana (Nasa), conseguiu obter, pela primeira vez, informações mais detalhadas sobre a composição atmosférica de quatro planetas situados no sistema solar de uma estrela conhecida como HR 8799, na constelação de Pégaso.

Distantes cerca de 129 anos-luz do nosso sistema solar, três dos planetas eram conhecidos desde 2008 e o quarto, desde 2010, mas somente agora os cientistas conseguiram isolar o intenso brilho do astro para estudar a composição das atmosferas dos quatro planetas vermelhos gigantes.

O feito foi possível graças ao uso de câmeras de infravermelho em telescópios terrestres equipados com espectrógrafos, instrumentos capazes de revelar a “assinatura” de moléculas ao analisar a emissão de luz de objetos distantes. Ao identificar os diferentes comprimentos de onda das luzes emitidas por todo o sistema solar distante, os pesquisadores puderam “ocultar” digitalmente a luz da estrela HR 8799 – cerca de cinco vezes mais brilhante que o nosso Sol e cem mil vezes mais brilhante que o reflexo de luz dos planetas que ilumina – e gerar uma imagem mais precisa dos quatro planetas-gigantes vermelhos, assim como o reflexo que eles geram a partir da luz de sua estrela.

“Em apenas uma hora, fomos capazes de obter informações precisas sobre a composição dos quatro planetas em torno de uma estrela esmagadoramente brilhante”, explicou, em comunicado divulgado nesta quinta-feira (9), Gautam Vasisht, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa e coautor do novo estudo. “A estrela é cem mil vezes mais brilhante do que os planetas que a orbitam, de modo que nós desenvolvemos maneiras para remover a luz das estrelas e isolar a luz extremamente fraca dos planetas”, afirmou.

Complexidade

Apesar do resultado positivo, os pesquisadores envolvidos no Projeto 1640 explicam que obter informações precisas da composição química da atmosfera de planetas tão distantes é algo muito difícil. O cientista Ben R. Oppenheimer, principal autor do novo estudo, compara a técnica a tirar uma foto do Empire State Building (edifício mais alto de Nova York depois da destruição do World Trade Center) de um avião, na qual a estrela seria o prédio e os planetas, formigas no solo.

Antes de conseguirem isolar digitalmente a luz da estrela, os pesquisadores procuravam estudar os planetas que a orbitavam utilizando os telescópios espaciais – como o Hubble – e monitorar os pequenos eclipses gerados quando os planetas passavam em frente à HR 8799 durante o movimento de translação.

A técnica é largamente utilizada para descobrir a existência de planetas orbitando estrelas muito distantes da Terra, mas pouco eficiente para estudar detalhes da atmosfera e de superfície de planetas já descobertos.

O Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa divulgou um vídeo no qual mostra, por meio de uma simulação, a distância estimada da Terra até a estrela HR 8799.
 

 

Redação

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