Estudo revela que seu cérebro vê coisas que você não vê

Jornal GGN – Um estudo da UA (Universidade do Arizona), nos EUA (Estados Unidos), obteve provas neurais de que o cérebro é capaz de registrar informações visuais sem que passem pelo nível de consciência, o que significa que não nos damos conta de tudo o que registramos ao longo da vida. A descoberta desafia os atuais modelos aceitos pela comunidade científica internacional sobre como o cérebro processa informações visuais.

Os pesquisadores apresentaram, aos voluntários do estudo, uma série de imagens com silhuetas negras, algumas das quais continham objetos reais e com significado tangível ocultos entre os espaços em branco nas laterais. Enquanto observaram as imagens, os voluntários tinham seus cérebros monitorados via eletroencefalogramas (EEG, em inglês). A ideia era ver como os cérebros dos voluntários se comportavam durante o processo.

“Estávamos nos perguntando se o cérebro processava o significado dos objetos que estão do lado de fora dessas silhuetas. A questão específica foi: será que o cérebro pode processar essas formas ocultas para o nível de significado, mesmo quando o assunto não é conscientemente percebido pelo indivíduo?”, questiona Jay Sanguinetti, do Departamento de Psicologia da Faculdade de Ciências da UA.

Trabalhando em segundo plano

A resposta, segundo Sanguinetti, é sim. As ondas cerebrais dos participantes do estudo indicaram “que, mesmo que uma pessoa nunca tenha reconhecido conscientemente as formas do lado de fora da imagem, seus cérebros ainda processavam essas formas em nível de compreensão do seu significado”. “Há uma assinatura no cérebro para o processamento significativo”, explica Sanguinetti, que ressalta que um pico nas ondas cerebrais médias, chamado N400, indica que o cérebro reconhece um objeto e o associa com um significado particular.

“Os participantes de nossos experimentos não percebiam essas formas do lado de fora das imagens. No entanto, a assinatura do cérebro nos diz que eles estava processando o significado dessas formas”, explica Mary Peterson, professora de psicologia e diretora do Programa de Ciência Cognitiva da UA. “Mas o cérebro rejeita [essas informações] como interpretações e, se as rejeita como percepção consciente, então você não vai ter qualquer consciência deles”.

“Isso é grande. Temos provas neurais que o cérebro está processando a forma e o significado das imagens ocultas nas silhuetas que foram exibidas aos participantes do nosso estudo”, afirma Peterson. A descoberta, segundo os pesquisadores, leva a questionamentos sobre os motivos pelos quais o cérebro processa o significado de uma forma enquanto a pessoa não vai percebê-la.

Administração de energia

“A opinião tradicional na pesquisa da visão é que este fato seria um desperdício em termos de recursos. Se você não vai ver o objeto do lado de fora [das imagens], por que o cérebro perde todo esses recursos de processamento até o nível de significado?”, questiona o cientista. Ele diz que há teóricos que afirmam que o cérebro só vai, de fato, gastar essa energia se levar a informação ao nível de consciência, ou seja, se você se der conta dessas imagens.

“Mas, na verdade, o cérebro está decidindo o que você vai perceber. Ele processa todas as informações e, em seguida, determina qual é a melhor interpretação. Esta é uma janela sobre o que o cérebro faz o tempo todo. É sempre peneirar uma variedade de possibilidades e encontrar a melhor interpretação para o que está lá fora. E a melhor interpretação pode variar de acordo com a situação”, avalia Peterson.

Vendo apenas o necessário

O cientistas sugerem que nossos cérebros podem ter evoluído para “peneirar” a entrada de informações visuais em nossos olhos e identificar apenas as coisas que são mais importantes para que as percebamos conscientemente como uma ameaça ou recursos, como alimentos. No futuro, Peterson e Sanguinetti pretendem observar regiões específicas do cérebro, onde ocorre o processamento de significado.

“Nós estamos tentando olhar exatamente quais as regiões do cérebro estão envolvidas [no processamento de significados]”, diz Peterson. “A EEG nos diz que esse processamento está acontecendo e quando está acontecendo, mas não diz onde isso está ocorrendo no cérebro”.

O estudo indica que, em nossas vidas cotidianas – andar na rua, por exemplo –, o nosso cérebro pode reconhecer muitos objetos significativos na cena visual, mas ficamos de fato conscientes de apenas um punhado deles. O cérebro permanece trabalhando para nos dar o melhor, a interpretação mais útil possível do mundo visual. Mas essa interpretação não necessariamente inclui todas as informações registradas.

Com informações do MedicalXpress.com

Redação

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