Os refugiados de guerra e a ciência

Por Ademário

Nassif,

A Austrália atraiu um bom contingente de cientistas ingleses, logo após o término da II Guerra, e fundou um centro de pesquisas que funciona até hoje e que desenvolveu uma série de equipamentos, com patentes australianas. Um dos mais famosos é o Espectrofotômetro de Absorção Atômica com chama, usado hoje por 10 entre 10 siderúrgicas e extremamente útil na análise de metais em geral. Mas há outros equipamentos e tecnologia australiana em vários outros desenvolvimentos.

O que quero ressaltar é o fato de que a Austrália é um país ainda mais novo que o Brasil, mas soube aproveitar melhor esta oportunidade histórica, pelo menos nesse aspecto.

Mas há casos brasileiros também. Fritz Feigl, que ajudou a formar vários químicos da UFRJ, trabalhou durante muitos anos no Brasil e desevolveu várias de suas pesquisas aqui – o que tem consequências até hoje na Química Analítica e na Química Orgânica brasileiras. Seria interessante levantar as contribuições dos refugiados de guerra no nosso país antes (quando começaram as perseguições), durante e depois do conflito. Garanto que há outras contribuições significativas.

Por Julio

LN,

Houve no Brasil, aqui em São Paulo, a fundação em 1952 de um instituto de pesquisas, o Instituto de Física Teórica, baseado em trazer alemães e japoneses no pós-guerra, Seu primeiro diretor fori Carl Friedrich von Weizssäcker, um dos grandes do século XX, que deixou aqui alguns de seus assistentes. No meio dos anos 50, veio uma missão japonesa, com físicos de primeiro time. Este formaram uma grupo de física teórica que depois se tornou o corpo de pesquisadores da instituição.

Todos ficaram um tempo e depois se foram. O IFT era uma fundação privada de ciência, sustentado por verbas públicas baseadas em projetos. Era inspirado nos Institutos Max PLanck da Alemanha.

A crise dos anos 80 acabou com este modelo de instituição e o instituto foi incorporado na UNESP. Até hoje é um dos principais programas de pós-graduação em física no país.

Luis Nassif

6 Comentários

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  1. LN,

    Houve no Brasil, aqui em
    LN,

    Houve no Brasil, aqui em São Paulo, a fundação em 1952 de um instituto de pesquisas, o Instituto de Física Teórica, baseado em trazer alemães e japoneses no pós-guerra, Seu primeiro diretor fori Carl Friedrich von Weizssäcker, um dos grandes do século XX, que deixou aqui alguns de seus assistentes. No meio dos anos 50, veio uma missão japonesa, com físicos de primeiro time. Este formaram uma grupo de física teórica que depois se tornou o corpo de pesquisadores da instituição.

    Todos ficaram um tempo e depois se foram. O IFT era uma fundação privada de ciência, sustentado por verbas públicas baseadas em projetos. Era inspirado nos Institutos Max PLanck da Alemanha.

    A crise dos anos 80 acabou com este modelo de instituição e o instituto foi incorporado na UNESP. Até hoje é um dos principais programas de pós-graduação em física no país.

  2. A esposa de Fritz Feigl, Dona
    A esposa de Fritz Feigl, Dona Regina Feigl foi uma das maiores incorporadoras imobiliarias do Rio nas decadas de 60 e 70, construindo o então maior edificio comercial da cidade, o Avenida Central, na Av.Rio Brabco.
    As grandes familias judias da diaspora sempre tiverem cientistas e financistas na mesma familia, varios Rothchilds foram eminentes cientistas , da mesma forma que os Warburgs, familia de banqueiros de Hamburgo que se ramificaram em Nova York, onde o Banco Warburg foi dos principais de investimento na primeira metade do século. Na criação do Estado de Israel foi fundamental o apoio financeiro dos grandes banqueiros da diaspora, liderados pelos Rothchilds londrinos na decada de 30, quando acelerou-se a imigração ainda ao tempo do Mandato britanico e já depois da fundação do Estado, a tarefa passou aos banqueiros de Nova York, na epoca Kuhn, Loeb, Lazard Freres, Goldman Sachs, Oppenheimer & Co., etc., Arnhold Bleichroeder, Bear Stearns, Hirsch & Co. Landenburg Thamann, J.& W.Seligman, Salomon Bros. & Hutzler, Herbert Stearn & Co., etc Foi tambem crucial o apoio da imprensa onde importantes jornais eram de propriedade de familia judaicas, como New York Times (familia Ochs Suzberger), Washington Post (familias Meyer e depois Graham) e da grande meca do cinema, Hollywood, onde os oito estudios que controlavam o cinema americano eram todos eles de empresarios judeus da Europa do Leste MGM (Louis Mayer e Samuel Goldwyn), Warnes Bros. (irmãos Wagner, hungaros), etc. Esse conjunto de apoios vindos dos EUA a partir de 1948 foi essencial para a formação do Estado de Israel. O apoio britanico foi muito menor e no pós-guerra caiu pelas dificuldades economicas na propria Inglaterra. Do ponto de vista politico, o apoio inglês reverteu para uma atitude muito mais cautelosa ao perceberem os britanicos os problemas que surgiriam com a população arabe sob seu mandato.
    A proibição da imigração ainda ao tempo do Mandato levou aos atentados anti-britanicos dos grupos terroristas Irgun e Stern, com a implosão do Hotel King David em Jerusalem, matando uma centena de oficiais britancios. Esses grupos onde estavam futuros lideres de Israel como Beghin (Stern), foram a base da futura Israel Defense Force. Os primeiros colonizadores praticaram largamente o terrorismo contra a população palestina.Tudo isso faz parte da história recente de Israel e de suas relações com os palestinos que cometeram graves erros diplomaticos e estrategicos nessas relações, sendo no geral perdedores
    de territorio desde 1948. O projeto original israelense nunca foi a de dois Estados, modelo da resolução da ONU que aprovou a formação de Israel mas sim o de ocupação integral do territorio, com a expulsão dos palestinos, projeto que até agora foi bem sucedido.

  3. Concordo que atrair
    Concordo que atrair cientistas extrangeiros pode ser uma grande estratégia… mas acho que o contexto da guerra neste caso está deslocado. Diferente dos judeus da segunda guerra os ingleses nunca foram refugiados e nunca precisaram se exilar em outros países. Não creio que a guerra facilitou a atração dos cientistas ingleses… eles devem ter saído da Inglaterra pq acharam melhores oportunidades na Austrália.

    grande abraço

  4. Ivan,
    Depois do esforço de
    Ivan,
    Depois do esforço de guerra e com a Inglaterra “quebrada”, a opção da Austrália, como você corretamente avaliou, tornara-se muito atrativa, pois os pesquisadores ou voltavam do front para um país sem condições de absorvê-los ou eram desligados dos projetos que envolviam a defesa da Inglaterra e não tinham mais razão de ser. Logo, o efeito econômico arrasador da guerra sobre a Inglaterra é, no meu entender, fundamental para que a Austrália pudesse se estabelecer como melhor opção naquele momento.
    Abraços,
    Ademário

  5. Misturando ciência e artes,
    Misturando ciência e artes, há o professor húngaro, Rabong – infelizmente não lembro o primeiro nome –, que chefiava o Setor de Artes da Faculdade de Medicina da UFRJ, que funcionava no Hospital Morcovo Filho, no Centro do Rio. Aqui chegou por volta de 1945 trazendo conhecimentos avançados de desenho, pintura, fotografia, técnicas de animação, e restauração artística.

    Este Setor de Artes era destinado a produzir material didático como ilustrações de anatomia e de procedimentos cirúrgicos, mais filmes, slides, animações etc, e o prof. Rabong o transformou num centro de excelência em produção técnica-artística, ultrapassando os limites de uma produção meramente didática.

    Também produziu belíssimas aquarelas retratando o índio brasileiro, tentando captar o que mais lhe impressionava nos nossos índios, que era o olhar – triste e saudoso de suas terras e cultura, ele dizia, o que, em parte, espelhava sua própria condição. Guardo uma destas aquarelas que herdei de minha mãe, que trabalhou neste Setor de Artes.

    Cheguei a conhecê-lo ainda pequena em ocasiões de visitas à casa de meus pais – uma figura nada triste, ao contrário, alegre e simpática, de olhinhos azuis e bochechas vermelhas, que me lembrava Papai Noel.

    Prof. Rabong morou no Rio de Janeiro até o fim da vida. Não sei precisar o ano que faleceu, mas foi bem idoso, no início da década de 60.

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