Paciente que recebeu coração de porco morre dois meses depois de transplante histórico

David Bennett foi a primeira pessoa a receber um coração de um animal, o qual foi geneticamente modificado para se adaptar ao organismo humano

Foto: Universidade de Maryland

Faleceu nesta terça-feira (8/3) o estadunidense David Bennett, dois meses depois de ser o protagonista do histórico transplante no qual ele receber o coração de um porco, o qual foi geneticamente modificado para se adaptar mais facilmente ao organismo humano.

A técnica conhecida como xenotransplante (que consiste implantar órgãos ou tecidos de uma espécie a outra diferente) vem sendo estudada pela comunidade científica, e um possível sucesso no caso de Bennett poderia ter mudado o rumo da ciência. Mas não foi o resultado final: o paciente teve “excelente recuperação” nas primeiras semanas, até o final de janeiro, mas “sua condição começou a se deteriorar há vários dias”, segundo comunicado publicado nesta quarta-feira (9/3) pelo Centro Médico da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, onde foi realizado o procedimento.

David Bennett tinha 57 anos e sofria de doença cardíaca terminal. Ele era um ex-presidiário condenado pelo esfaqueamento de um jovem de 22 anos, em 1988 – a vítima sobreviveu, mas terminou em uma cadeira de rodas. O consentimento a participar da cirurgia teria diminuído a pena de Bennett, que passou de 10 para 6 anos de prisão. A Universidade de Maryland alega que não houve coação para que o paciente aceitasse a cirurgia, e que esta era “a única possibilidade de salvar a sua vida”.

Este não foi o primeiro caso de um xenotransplante registrado na história, embora a comunidade científica considere o procedimento inédito, pois foi a primeira vez que o órgão transplantado sofreu modificações genéticas para se adaptar ao organismo humano.

Em 1963, médicos da Universidade de Tulane, também nos Estados Unidos, tentaram realizar transplantes renais, utilizando órgãos de chimpanzés não modificados em seis pacientes terminais, dos quais apenas um chegou a sobreviver durante nove meses.

Em 1984, houve uma segunda tentativa, realizada pelo Centro Médico da Universidade Loma Linda, na Califórnia. O procedimento foi liderador pelo médico Leonard Lee Bailey, em tentou implantar um coração de um babuíno em uma criança com síndrome do coração esquerdo hipoplásico. A paciente acabou falecendo 21 dias depois da cirurgia.

Um terceiro caso teria acontecido em 1997, e teria sido realizado pelo cirurgião indiano Dhani Ram Baruah, que assegura ter transplantado coração, pulmões e rins de um porco em um paciente terminal. No entanto, parte da comunidade científica considera o caso como uma farsa. O receptor dos órgãos, seria Purno Saikia, um homem de 32 anos, que faleceu sete dias depois da suposta cirurgia. Baruah e seu assistente – Jonathan Ho Kei-Shing, um cirurgião de Hong Kong – terminaram presos.

Redação

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