SindCT repudia novos ataques de Ricardo Salles ao INPE

"As alegações do ministro Ricardo Salles para a privatização do monitoramento da Amazônia são vazias de rigor técnico e científico e atentam contra o princípio da economicidade".

Jornal GGN – Os ataques do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles dizendo que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) é o culpado pela ineficácia do governo em deter o desmatamento da região amazônica, motivou o Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais da Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial (SindCT) a soltar nota sobre o problema levantado pelo ministro.

O SindCT lembra ao ministro que o INPE não tem poder de política e nem é esta sua missão. Para defesa do território da Amazônia, o governo deve acionar os canais competentes, que são Ibama e OEMAS e as polícias federais. E Ricardo Salles já criticou o INPE em outras ocasiões, desqualificando-o para posterior desmonte e entrega para empresa privada.

Leia a Carta Aberta do SindCT sobre o problema criado por Ricardo Salles com suas declarações.

Carta Aberta sobre monitoramento da Amazônia

O Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais da Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial – SindCT vem a público repudiar os ataques do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, imputando-lhe culpa pela ineficácia do governo em deter o desmatamento da região amazônica.

O INPE não tem poder de polícia, não é esta a sua missão institucional. É dever do estado acionar os sistemas de proteção, IBAMA e órgãos estaduais para o meio ambiente (OEMAs) e respectivas polícias florestais, alocando fiscalização, repressão, meios de apreensão de equipamentos, multas e outros recursos coercitivos do desmatamento apontado.

Não é a primeira vez que Salles desqualifica o trabalho do INPE, pretendendo destituir o INPE da missão de monitoramento de vários biomas. Segundo a reportagem de Fabiano Maisonnave, na edição desta segunda-feira (3/6) da Folha de S.Paulo, o ministro do Meio Ambiente pretende trocar o INPE por uma empresa privada para monitorar o desmatamento da Amazônia, substituindo-o pela empresa Santiago & Cintra. Salles defende que o sistema privado disponibiliza imagens de melhor definição, mas não apresenta argumentos científicos que desabilitem as imagens fornecidas pelo INPE e seus sistemas de geoprocessamento. Não os apresenta porque não os tem: só neste ano o INPE já emitiu mais de 4 mil alertas, mas o governo somente atuou em menos de 20% deles.

As alegações do ministro Ricardo Salles para a privatização do monitoramento da Amazônia são vazias de rigor técnico e científico e atentam contra o princípio da economicidade. Por que contratar serviço que já é prestado, há mais de 30 anos, sem nenhum custo ao erário além daquele de manutenção da estrutura pública já existente? Ao fazê-lo, o ministro despreza a estrutura do INPE voltada à atividade de “Observação da Terra – OBT”. Também prejudica a viabilidade da condução de programas de desenvolvimento de satélites pela instituição, porque o serviço privatizado contratará imagens de satélites estrangeiros; atualmente o INPE utiliza, além das imagens do Satélite CBERS, produzido por intercâmbio técnico-científico com a China, imagens gratuitas dos satélites americanos Landsat-7 e OLI-8, dos europeus Sentinel-2A e 2B e do indiano ResourceSat-2. O Satélite Amazônia -1, totalmente desenvolvido pelo INPE, está sendo finalizado para brevemente ampliar a missão de monitoramento, com imagens de resolução aumentada (capacidade de zoom) e recursos tecnológicos atualizados.

A privatização pretendida pelo ministro é perdulária e temerária, mas ainda que prospere, precisa passar pela avaliação dos órgãos de controle de contas da União e pelo aval do Congresso Nacional.

Redação

2 Comentários

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  1. Eu votei no Bolsonaro,mas esse ministro deveria ministrode esgoto , fazer cagada e com ele mesmo. Como pode existir uma pessoa com tanta eficácia pra idiotice.

  2. Está claro que a quadrilha do ministro tem mutreta com essa empresa privada!! Esse modelo de gestão repete em diversas organizações públicas!

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