Tecnologia da Informação no Brasil empreender ou perecer

Estou lendo In The Plex: How Google Thinks, Works, and Shapes Our Lives, um pouco da história do Google, de Steven Levy autor do clássico Hackers: Heroes of the Computer Revolution e contribuidor costumaz na revista Wired. Levy vem acompanhado a história da Google desde os primórdios e traz um relato bastante abrangente de como o Google conseguiu unir criatividade, técnica e oportunidade para formar uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, uma empresa que de fato, para o bem ou para o mal, esta “moldando a nossa forma de viver”.
 
No fundo é mais uma história de empreendedorismo que deu muito certo, como esta história existem tantas outras, Yahoo, Sun, Apple, Oracle, Cisco, são histórias americanas, algo que esta arraigado na cultura deles.
 
Lendo o livro e me relembrando destas tantas outras histórias fiquei pensando nesta nossa realidade brasileira, principalmente na nossa realidade e história da Tecnologia da Informação (TI). Nos últimos tempos estamos sendo inundados por matérias em jornais, revistas, blogadas onde os “especialistas” apontam um colapso na nossa capacidade de fornecer e criar serviços de TI.
 
A cultura de empreendedorismo no Brasil é e sempre foi capenga, muitos apontam a inépcia (e inércia) do governo, a falta de visão do empresário brasileiro ou a completa e total falta de sintonia da academia com realizações mais concretas além dos muros destes “feudos da intelligentsia brasileira”.
 
Um conjunto de fatores que neste momento estão vindo a tona para nos mostrar e lembra um pouco desta nossa história, onde passamos por muitos momentos críticos como a da Política Nacional de Informática que nos anos 80 criou uma reserva de mercado com o intuito de “fomentar” a formação e consolidação de uma indústria nacional de TI.

Mais recentemente as inúmeras iniciativas governamentais de criação de parques tecnologicos (que não abrange apenas TI, mas quase sempre tem como principal foco) que em alguns casos foram bem sucedidos, como o Porto Digital em Pernambuco e em outros nem tanto como é caso do Parque Tecnológico da Bahia que demorou anos para sair do papel e agora pena para ter suas obras estruturais básicas finalizadas. O Governo, estes e todos os outros, se movimenta a passos de tartaruga manca, zarolha e com sinais de alzheimer.
 
Este nosso mercado privado pouco competitivo muito pela falta de empreendedores, aliado a uma política governamental de fomento pobre, muitas vezes voltada a fracas e insipidas incubadoras de tecnológica ou a eternos projetos de fomento que mesmo quando saem do papel nunca são suficientes para se criar e consolidar empreendimentos fortes. Às poucas cooperativas o fardo de uma legislação atrasada e ineficiente, falta de acesso a crédito, mesmo assim temos alguns poucos incansáveis lutadores que persistem e insistem como é o caso da Colivre lá nas terras da Bahia.
 
Aos profissionais de TI desânimo completo, pelos baixos salários, baixos investimentos na construção de soluções e serviços de qualidade, pelo alto grau de desorganização nas organizações de TI, pela falta de criatividade e vontade dos empresários e a completa e total falta de perspectiva de melhorias.
 
Muitos pensam em empreender mas ficam receosos, pelo alto custo na formação de uma nova empresa, pelas estatísticas estarrecedoras sobre a possibilidade de perpetuação de um de novo negócio, pela falta de perspectivas em termos de mercado. Muitas vezes falta a vontande pois a vontande é de transformar, construir algo inedito e que traga novas possibilidades, repetir a mesma canção nem sempre é inspirador.
 
Boas ideias nascem e morrem, sem sair do mundo das cabeças brilhantes de muitos profissionais criativos e competentes em TI no Brasil. Morrem antes de criar asas pois lhes falta incentivo, de todo tipo. Falta-lhe ambiente para perpetuar, falta-lhe esperança para fomentar.  
 
Neste país sem cultura de empreendedorismo, mesmo que tenhamos raras exceções sem igual, continuamos a carregar o prato, mendigando poucas moedas, fazendo do expediente nosso calvário para quiça um dia encontrar a redenção na construção de ideias brilhantes, coisas simples talvez que ajudem a moldar a nossa realidade.

Redação

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