Cinema

“1983”, o que faríamos nós?, por Ana Claudia Dantas

“1983”, o que faríamos nós?, por Ana Claudia Dantas

Creio que os poloneses lavaram a alma com o 1983. O seriado narra, com seriedade e cinema de boa qualidade, como é de praxe naqueles cantos do mundo, um período da história do país ainda não narrado, silenciado, desses que ficam entalados na garganta do povo escasseando a respiração do dia a dia, vida afora, trazendo um gosto de derrota, de não reparação, como o faz a passagem dos brasileiros pela ditadura militar. A filmagem polonesa, ironicamente veiculada ao mundo por um serviço streaming californiano, o Netflix, desmascara a ação repugnante do império EUA junto à elite polonesa, para, como dizem os imperialistas, “libertar” a Polônia das garras do império Rússia. É fato que o 1983 faz alusão ao 1984 do genial indiano George Orwell, pois o clima que paira naquele período é muito similar, mas creio que melhor alusão faríamos nós, em relação aos nossos anos de chumbo. Vale ressaltar semelhanças mencionadas na série leste-europeia com instrumentos utilizados pela ditadura na Argentina e em outras regiões da América Latina.

E de pensar que essa mesma empresa de streaming deu a mesma chance de reparação aos brasileiros, mas, daqui, saiu um filme mentiroso, esdrúxulo, idolatrando um indivíduo indecente, hoje reconhecido como um dos maiores corruptores da justiça do Brasil, que acabou por levar à bancarrota grandes riquezas e a alegria do País!

Eu assisti a todos os episódios da obra polonesa em uma tacada só e dou meus parabéns aos poloneses por sua reparação, mesmo que ela tenha ocorrido por meio de um seriado de televisão e ainda que tardia.

Este artigo não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

Redação

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  • Só faltou admitir que seria trocar uma coleira por outra. Como, quando algum país ligado a União Soviética foi livre?

  • Na série polonesa 1983 somos levados a acreditar que se os movimentos de oposição ao regime não tivessem sido vitoriosos em 1983 e 1984, em 2003 a cortina de ferro e a União Soviética ainda existiriam e a vida dos poloneses seria idêntica à descrita na obra 1984 de Orson Wells: opressão, censura, falta de liberdade, atmosfera sempre em cinzentas neblinas e luzes fracas em todos os ambientes dando uma impressão de ser o pior lugar no mundo para viver.
    Os 8 episódios têm cerca de 7 h e 40 m e em todo esse tempo o que é mostrado serve de argumentos para os bolsominions lutarem contra qualquer ideia esquerdista, também é possível identificar indícios de conspiração externa, porém considerada bem-vinda, pois os americanos e israelenses são a única esperança de libertação, sendo que os americanos cruzaram as mãos em 1939, 1945 e 1983.
    Certamente haverá lançamento com estardalhaço de uma nova temporada que fatalmente obterá muitos votos para extrema-direita.

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