Cinema: Somos Tão Jovens

Somos Tão Jovens, filme de Antônio Carlos da Fontoura (No Meio da RuaGatão de Meia Idade,Uma Aventura do Zico) sobre Renato Russo, provavelmente causará reações adversas nos espectadores. Uma parcela, formada por pessoas hoje na faixa dos 30 e 40 anos e que viveram a sua adolescência durante a década de 1980, terão uma enorme empatia com a história devido ao forte apelo emocional, sentimental e nostálgico que ela provoca. Já os mais novos talvez não sintam essa ligação de maneira tão forte, e ela é essencial para que o impacto do filme seja digerido em sua totalidade.

O roteiro se baseia na vida de Renato Russo entre 1975 e 1985, período em que o músico se aprofundou no rock e na literatura, formou o Aborto Elétrico, viveu o seu período de trovador solitário e, por fim, montou a Legião Urbana. Vivido com autenticidade e perfeição por Thiago Mendonça (o Luciano de 2 Filhos de Francisco), o Renato mostrado em Somos Tão Jovens é movido por sonhos e está ainda se descobrindo, tanto no aspecto musical quanto na própria vida. Vale mencionar que todas as músicas apresentadas no filme foram cantadas pelo próprio Mendonça, que fez um trabalho exemplar e possui um timbre bastante semelhante ao de Russo.

Ainda que, de modo geral, Somos Tão Jovens seja feito de inúmeros acertos, alguns pontos negativos chamam a atenção. Marcos Breda está péssimo como o pai do vocalista. Há a clara intenção de romantizar a figura do artista “trágico” e “autodestrutivo”, objetivo esse que às vezes soa forçado e desnecessário. E a interpretação de Edu Moraes como Herbert Viana é forçadíssima e caricata, parecendo mais um personagem de programa humorístico do que uma homenagem. Mas, fora esses pontos, o que temos é um retrato honesto e repleto de autenticidade sobre o músico que, goste-se ou não, foi a principal figura surgida no rock brasileiro da década de 1980. 

O início da carreira de Renato Russo e a criação do Aborto Elétrico ao lado de Fê Lemos e André Pretorius – depois substituído por Flávio Lemos – é especialmente educativa e didática ao lançar um olhar histórico sobre uma das formações mais importantes e influentes já surgidas no rock BR, ao lado da Plebe Rude a base sobre a qual toda a cena de Brasília se formou, se sustentou e se alimentou durante décadas – no caso do Capital Inicial, até hoje.

Além de Thiago Mendonça, o outro destaque de Somos Tão Jovens é a atriz Laila Zaid, que vive a personagem Ana Cláudia, amiga e personificação das várias figuras femininas que marcaram a vida do cantor. O simpático Ibsem Perucci compõe um Dinho Ouro Preto pra lá de convincente, enquanto Bruno Torres serve de antagonista a Mendonça com o seu forte Fê Lemos. Uma curiosidade é a participação de Nicolau Villa-Lobos interpretando seu pai, Dado, quando jovem, além de Philippe Seabra, da Plebe, como o prefeito de Patos de Minas, cidade onde a Legião fez o seu primeiro show.

Somos Tão Jovens é um filme divertido, emocionante e correto. No meu caso, serviu para reacender o interesse pela Legião Urbana, banda que não escuto há anos e cujas letras ganharam um sentido totalmente novo agora que estou na vida adulta.

Seja qual for a sua idade, Somos Tão Jovens vale o ingresso e garante uma ótima sessão de cinema.

Nota 7

Por Ricardo Selig

http://www.collectorsroom.com.br/2013/05/critica-do-filme-somos-tao-jovens-2013.html

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador