Da polêmica a respeito do Nobel de Bob Dylan e a excelência da palavra escrita

Enviado por Vânia

Por Marceu Vieira

Sobre o Nobel, Bob Dylan e Aldir Blanc

O mundo pareceu ficar menos triste do que tem andado ultimamente com a escolha de Boby Dylan como Nobel de Literatura 2016. No instante da notícia, na quinta-feira, 13 de outubro, veio ao meu pensamento que Carlos Drummond de Andrade, Aldir Blanc ou Chico Buarque já teriam ganhado o prêmio se suas obras fossem universalizadas no idioma inglês.

Ou estariam muito bem cotados pra ganhar. Sobretudo o Drummond, poeta maior do século XX, o homem melhor que os demais, o encantador de palavras que tantas vezes me arremessou a emoções subterrâneas com seus versos cheios de ternura, ao mesmo tempo cortantes.

Como o regulamento determina que só vivos podem ser premiados, Drummond perdeu a chance dele em 1988, quando morreu. Mas Aldir e Chico, tão grandiosos no que compõem, estão ainda aí.

Aldir, principalmente, que, pra mim, é o maior letrista vivo do planeta – e olha que ter o Chico Buarque como concorrente nessa minha premiação particular é algo muito grande. Porque o Chico Buarque já deixou há muito tempo de ser substantivo próprio pra entrar na História, em vida, como adjetivo.

Aldir tem uma chave que ninguém mais ousa ter, uma capaz de abrir a alma das melodias pra cobri-las com seus diamantes de palavras. Melodias que não foram feitas por ele, mas parecem se apaixonar à primeira vista por suas letras. Nota musical e poesia parecem ter nascido juntas nas canções do Aldir. Tudo soa espontâneo e natural.

Dorival Caymmi chegou a chamá-lo de “ourives do palavreado”.

Alguém que tenha feito estes versos caberem dentro de uma melodia de choro merece a inscrição no Nobel de Literatura 2017:

“Nos dias de carnaval,
aumentam os desenganos:
Você vai pra Parati;
eu, pro Cacique de Ramos.
Meu catavento tem dentro
o vento escancarado do Arpoador.
Teu girassol tem de fora
o escondido do Engenho de Dentro da flor.
Eu sinto muita saudade,
você é contemporânea.
Eu penso em tudo quanto faço
Você é tão espontânea…”

Mas e o Bob Dylan? Bom, quase tudo que eu penso sobre a escolha do genial compositor e poeta americano já foi dito por muita gente. Nas redes sociais, sobretudo, onde o pensamento é democrático. Meu amigo Celso de Castro Barbosa, por exemplo, jornalista conhecedor do que é bom na música, defendeu Dylan do desdém dos críticos da escolha.

Fã do romancista Philip Roth, outro americano aplaudido planeta afora por suas obras, entre as quais “O complexo de Portnoy”, Celso escreveu no Facebook que “há um forte preconceito contra a poesia”. Ele tem razão.

“Na opinião de alguns, poesia não é literatura”, lembrou o Celso. “E há um preconceito maior ainda contra letras de música. Na opinião de alguns, letra de música não seria poesia, que dirá literatura.”

Celso escreveu ainda que todo ano cruza os dedos e espera ouvir o nome do Philip Roth na premiação do Nobel: “Dois ou três anos atrás, ele bateu na trave, mas isso não tem importância. Sou botafoguense e aprendi a esperar. E a amar Bob Dylan.”

Sou Flamengo, também tenho paciência, aprendi a amar Bob Dylan e consegui ver meu romancista preferido, o colombiano Gabriel García Márquez, ser premiado por seus livros tão tocantes e fundamentais na formação da minha geração.

Bob Dylan levou o dele pela beleza imensa de sua obra, e já mereceria a inscrição por alguns versos apenas de “Blowin’ in the wind”.

“Quantas estradas um homem precisa andar
antes que possam chamá-lo de homem? (…)

Quantas balas de canhão precisam voar
até serem pra sempre banidas?

A resposta, meu amigo,
está soprando no vento.”

Vibrei muito com a premiação dele. Há mesmo, como escreveu o Celso, um preconceito com a poesia – e, em particular, com as letras de música. Chico Buarque, ao exaltar uma musa imaginária batizada por ele com o nome da santa padroeira dos músicos, cometeu:

“Mas nem as sutis melodias
merecem, Cecília,
teu nome espalhar por aí…”

Sempre percebo nestes versos a sensação do poeta/compositor que se desculpa sinceramente pelo pouco valor dado à poesia. Também percebo essa intenção num verso de outro poeta espetacular, o Nei Lopes, quando ele diz:

“É isso aí, ê Irajá…
Meu samba é a única coisa
que eu posso te dar.”

Como a única coisa?! O samba do Nei é muito.

É pena que haja quem veja a poesia como uma arte menor – e, pior ainda, não perceba que as letras de música, quando são boas, como as do Bob Dylan, as do Aldir, as do Chico, as do Nei Lopes e as de tantos outros, cumprem o papel de popularizar a excelência da palavra escrita.

Por isso, o cronista digital lança aqui a candidatura do Aldir Blanc pro Nobel de Literatura 2017. Quem vem junto?

***

Catavento e Girassol

Meu catavento tem dentro o que há do lado de fora do teu girassol

Entre o escancaro e o contido, eu te pedi sustenido e você riu bemol
Você só pensa no espaço, eu exigi duração
Eu sou um gato de subúrbio, você é litorânea

Quando eu respeito os sinais vejo você de patins vindo na contramão
Mas quando ataco de macho, você se faz de capacho e não quer confusão
Nenhum dos dois se entrega, nós não ouvimos conselho
Eu sou você que se vai no sumidouro do espelho

Eu sou do Engenho de Dentro e você vive no vento do Arpoador
Eu tenho um jeito arredio e você é expansiva, o inseto e a flor
Um torce pra Mia Farrow, o outro é Woody Allen
Quando assovio uma seresta você dança havaiana

Eu vou de tênis e jeans, encontro você demais, scarpin, soiré
Quando o pau quebra na esquina, cê ataca de fina e me ofende em inglês
É fuck you, bate bronha e ninguém mete o bedelho
Você sou eu que me vou no sumidouro do espelho

A paz é feita num motel de alma lavada e passada
Pra descobrir logo depois que não serviu pra nada
Nos dias de carnaval aumentam os desenganos
Você vai pra Parati e eu pro Cacique de Ramos

Meu catavento tem dentro o vento escancarado do Arpoador
Teu girassol tem de fora o escondido do Engenho de Dentro da flor
Eu sinto muita saudade, você é contemporânea
Eu penso em tudo quanto faço, você é tão espontânea

Sei que um depende do outro só pra ser diferente, pra se completar
Sei que um se afasta do outro, no sufoco, somente pra se aproximar
Cê tem um jeito verde de ser e eu sou meio vermelho
Mas os dois juntos se vão no sumidouro do espelho

https://www.youtube.com/watch?v=_ShiqGQp8hQ]

 

Cecília

Quantos artistas
Entoam baladas
Para suas amadas
Com grandes orquestras
Como os invejo
Como os admiro
Eu, que te vejo
E nem quase respiro

Quantos poetas
Românticos, prosas
Exaltam suas musas
Com todas as letras
Eu te murmuro
Eu te suspiro
Eu, que soletro
Teu nome no escuro

Me escutas, Cecília?
Mas eu te chamava em silêncio
Na tua presença
Palavras são brutas

Pode ser que, entreabertos
Meus lábios de leve
Tremessem por ti
Mas nem as sutis melodias
Merecem, Cecília, teu nome
Espalhar por aí
Como tantos poetas
Tantos cantores
Tantas Cecílias
Com mil refletores
Eu, que não digo
Mas ardo de desejo
Te olho
Te guardo
Te sigo
Te vejo dormir

https://www.youtube.com/watch?v=JqehT1RA-KE]

 

Samba do Irajá

Tenho impressa no meu rosto
e no peito, no lado oposto ao direito, uma saudade
(que saudade)
sensação de na verdade
não ter sido nem metade
daquilo que você sonhou
(que sonhou)
são caminhos, são esquemas
descaminhos e problemas
é o rochedo contra o mar
é isso aí, ê Irajá
meu samba é a única coisa que eu posso te dar
é isso aí, ê Irajá
meu samba é a única coisa que eu posso te dar
saudade
veio à sombra da mangueira
sentou na espreguiçadeira
e pegou no violão
cantou a moda do caranguejo
me estendeu a mão prum beijo
e me deu opinião
(opinião, opinião)
depois tomou um gole de abrideira
foi sumindo na poeira
para nunca mais voltar
é isso aí, ê Irajá
meu samba é a única coisa que eu posso te dar

[video:https://www.youtube.com/watch?v=bDTvaLFzHvA

 

Blowin’ in the wind

[video:https://www.youtube.com/watch?v=G58XWF6B3AA

 

É ou não é um gênio?

Redação

40 Comentários

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  1. E polemica haverá, literatura

    E polemica haverá, literatura é arte e na arte impera o espirito e a opção pessoal, cada cabeça é um olhar e uma isão de mundo e da vida. Os Premios Nobel são sempre polemicos por sua propria natureza, talvez seja uma de suas razões.

    Os Premios NObel de Literatura tem um longa historia de premiar escritores-sinteses de um ciclo, de uma cultura, sw uma

    escola filosofica ou de uma arquitetura do estilo. Cada um vê  a obra premiada a seu gosto e dela tira sua critica.

    Acho uma aberração dar um premio dessa envergadura a um letrista de musica mas minha visão confesso que é do meu tempo balizador que são os anos 50,  o fim do ciclo do modernismo literario dos anos 20 e 30, portanto é de um mundo antigo onde um Dylan não tem nenhum lugar e chega a ser uma agressão ao bom gosto e à cultura.

    Provavelmente os juizes do Nobel procuraram seguir o mundo cultural das redes sociais, da juentude inquieta, da cultura rápida sensorial e não elaborativa, uma cultura “aggiornata” e mesmo para criar polemica que um escritor solido mas convencional não atrairia. O Nobel da Paz, de Literatura e de Economia (este um sub-Nobel) tem muito de modismo.

     

    1. Parece que algumas escolhas

      Parece que algumas escolhas consideram não apenas o mérito do escolhido. Tem algo mais. Em alguns casos conhecidos, o prêmio concedido não se justificava, não havia o mérito. Enfim, motivações estranhas em algumas escolhas.

      Foi apenas a genialidade do Mr. Robert Zimmerman, Bob Dylan, o fator determinante da premiação? Quem sabe?

      1. Há um certo fator judaico nas

        Há um certo fator judaico nas premiações, especialmente no Nobel de Economia, onde mais da metade dos ganhadores são judeus., nos Nobel de Quimica, Medicina e Fisica é tambem alta a proporção de judeus, Literatura é menos.

        O mais universalista dos Nobel é o da Paz e pe tambem o de maior controversia, nomes altamente discutiveis foram premiados dentro de circunstancias muito especiais, como Henry Kissinger e Menachem Begin.

  2. depois da entrega do nobel da

    depois da entrega do nobel da paz a Obama, tudo é possível. Dylan é um excelente letrista? é. É  um Aedo moderno ? é. poucos devem discordar disso. Merece um nobel de literatura? não. Tem  gente  muitíssimo  melhor que Dylan ¨rolling like a stone¨ por aí. 

  3. Brasil não ganha Nobel. Uma pena!

    Afora o Chico, creio que além de outros de nossos compositores também o Caetano já teria ganhado o Nobel de Literatura, se fosse gringo.

    Caetano cita Bob Dylan  na letra de Ele me deu um beijo na boca  – letra suficiente para um Nobel, imagino.

    Esse trecho dela é lindo, a meu ver:

    Ele me deu um beijo na boca e me disse

    a vida é ôca como a touca de um bebê sem cabeça

    E eu ri à beça.

    E ele: como a toca de uma raposa bêbada

    E eu disse chega da sua conversa de pôça sem fundo

    eu sei que o mundo é um fluxo sem leito e só no oco do teu peito

    que corre o rio….

    https://www.youtube.com/watch?v=m2pFn-ugzIc

    Talvez um dia no Brasil alguém invente alguma premiação como o Nobel (vamos rir? – um Yesbel. Ou um leboN…) 

  4. Para mim para que algumas

    Para mim para que algumas vezes a turma não tem muito nopção e inventa,

     

    o premio do Obama foi assim, tão fora do tom que surpreendeu todo mundo, na falta de um nome pitoresco, daqueles dificeis de pronunciar, tasca um estadunidense que não tem erro; digo isso, mas, sou fanatico por Dylan desde criancinha, até hoje xingo a alta do dolar que me fez perder a edição historica da ultima bootleg series.

     

  5. Os Premios Nobel, exceto o de

    Os Premios Nobel, exceto o de Paz, operam no mundo europeu-norte americano, quando se conferem a um fora desse mundo é porque ele foi recepcionado na cultura do Hemisferio Norte, foi largamente traduzido e recebeu criticas nesse mundo, portanto é um nome consagrado na cultura do circuito anglo-saxão-nordico.

    Nossos dois escritores largamente traduzidos em inglês são Machado de Assis e Jorge Amado, reconhecidos nas universidades americanas como grandes escritores mas já morreram. Os novos não se enquadram nesse perfil.

    Não vejo ambiente para um Premio Nobel de Literatura para brasileiros porque não há esse convivio cultural, nossos escritores não circulam, não dão seminarios, palestras e entrevistas nos EUA, Inglaterra, Alemanha e Suecia.

    Lembrar que houve galardoados com o Nobel de Literatura que recusaram o premio, como Sartre.

     

    1. André, se você tivesse poder

      André, se você tivesse poder de mudar a história, que escritor brasileiro voce daria o Nobel? Eu escolheria Carlos Drummond de Andrade.

      Aliás, pra mim é uma surpresa que Jorge Amado não tenha conquistado o prêmio, pois ele era um autor bem traduzido e, digamos, ideologicamente bem visto pela academia ( o fator ideologia conta, pois é o que explica um autor como Borges nunca ter alcançado esse prêmio ). 

      Aliás, o nobel de literatura é mais conhecido pelos autores não premiados do que os premiados. Basta lembrar que nem Joyce e nem Proust ganharam o prêmio, mesmo tendo tido repercussão o trabalho deles enquanto estavam vivos. Kafka não coloco nessa lista, pois em vida ele mal era conhecido no Tchecoslováquia, sua terra natal. 

  6. Se quem discorda da relação

    Se quem discorda da relação entre poesia e literatura são brasileiros, não me admira nada, afinal neste Brasil foi o tempo em que a gente não apenas aprendia poesia, conhecendo a história dos maiores poetas brasileiros e estraneiros, mas era obrigada a declamar em sala de aula. Aliás, aprendia-se Canto Orfeônico. 

    Faz tempo que não se ouve falar de alunos aprendendo a literatura básica. Acho que essa pobreza escolar nasceu com as reformas do ensino no tempo da ditadura.

    Hoje em dia está em alta a música da pior qualidade, porque tocada e cantada nas rádios e televisões, de tal forma, que mais parece que os “seranejos” de araque estão pagando a preço de ouro para aparecerem na mídia. Quem perguntar a esses gênios o que acha da poesia, ou se conhecem Chico Buarque, é capaz de dizerem não. Quem aplaude essa música horrorosa, com raríssima execção, tem nojo dos grandes compostiores, e poetas. Não foram estudados para saberem apreciar música com conteúdo.

    Assim que soube do prêmio de Bob Dylan, pensei imediatamente em Chico Buarque, como em tantos outros brasileiros que só fizeram pensar o Brasil traduzindo tudo em seus poemas musicados.

     

  7. Vou apenas reforçar o que já

    Vou apenas reforçar o que já escrevi: não que Bob Dylan não mereça todas as honrarias. Merece tudo o que tem e conquistou, mas não sei se chega a ponto de um Nobel de Literatura. 

    Pra mim foi mais um ato de puxa-saquismo sueco (ou babação de ovo mesmo) para com os norte-americanos (exemplos tem aos montes).

    Na frente de Dylan tem muita gente boa. O citado Chico Buarque é um. 

      1. Agora que tou pensando a respeito:

        Esse album me lembra demais de Edu Lobo (exceto nos teclados ele eh “irmao gemeo”), agora que estou pensando a respeito!  Obrigado, eh lindo!

      1. Peço vênia para ingressar com exceção de suspeição

        Não vale, vc é Chicólatra, portadora de SDB – Síndrome de Dependência Buarquiana. PC Pinheiro é o maior poeta do Brasil de todos os tempos, e não tem culpa de ter nascido mal diagramado e não ser portador de dois belos olhos verdes. 

  8. Fã de nascença de Dylan,

    Fã de nascença de Dylan, discordo totalmente do prêmio. No popular, cada um no seu quadrado, música é música e literatura é literatura. É a relativização das coisas, daqui apouco vão dar Nobel de Literatura para cineasta e matemáticos. Ou tem coisa mais bonita do que um roteiro e filme de Felini e a “literatura” dos números e das equações estampadas num quadro negro ou num livro? Para mim dar o Nobel de Literatura a Dylan é mesma coisa de dar o Grammy para Vargas Llosa e Garcia Marquez. Afinal, a prosa deles tem musicalidade.

    Neste caso fico o jornalista da Veja que foi ao ponto.

    “O que é merecimento nesse caso? É claro que não estamos lidando apenas com questões de gosto. E eu gosto de ouvir Dylan. Mas é literatura?

    Tanto quanto são literatura as letras de Tião Carreiro e Pardinho ou Zé Fortuna. Ou de Catulo da Paixão Cearense. Ou de Patativa do Assaré. Ou de Chico Buarque. Ou de Caetano Veloso. Aliás, Caetano (que não gosta de mim) usa com mais propriedade os recursos que lhe oferece a língua portuguesa do que Dylan os que lhe proporciona a inglesa.

    O Nobel é uma distinção que tem a ver com o tempo e está ligada a valores influentes. Não conta a qualidade do que se produz. Ou seria preciso considerar que a “poesia” de Dylan é superior à de Jorge Luis Borges, que não mereceu a láurea. Qualquer um que tenha especial interesse por literatura, independentemente do gosto, se atreveria a tentar provar algo parecido?

    Então chegamos ao ponto. A literatura, como toda arte, envolve as questões de gosto. Mas também existe a técnica, no sentido mais amplo do termo.

    Dados os recursos que oferece a poesia, seria Bob Dylan um seu usuário exemplar, um mestre, o senhor de uma performance hoje incomparável em escala planetária?

    Podemos ir além: literatura também é dialogar com as gerações passadas; o bom texto ainda rompe limites. Repete para aprender. Ousa para avançar. Ezra Pound. Seria essa uma das preocupações de Dylan quando escreve as suas letras?

    ATENÇÃO! SE, EM ALGUM MOMENTO, ELE SACRIFICOU UMA PALAVRA EM FAVOR DA EUFONIA PARA QUE ELA SE CASASSE MELHOR COM A MÚSICA, ENTÃO É MÚSICO, POETA NÃO É”

    PS. em entrevista recente Dylan disse que jamais foi “cantor de protesto”, sempre fui um caipira que gostava de cantar folk e admirava Woodie Gunthie, só isso. 
     

     

  9. Realmente

    Fator judaico em que sentido? Se for por qu eles realmente se dedicam vou acreditar, ainda mais se pensarmos proporcionalmente à quantidade de judeus. Mas desses, quantos se sentiam ou professavam o judaísmo? São outros quinhentos.

    E aproveitando, o Kissinger ganhar o premio Nobel da Paz foi piada de mau gosto.

  10. Bob Dylan escolhe Elis Regina e Ary Barroso ao falar do Brasil

    Bob Dylan fala sobre a cantora brasileira Elis Regina, “A Pimentinha” ou como o próprio diz, “The Little Pepper”, em seu programa de rádio, Theme Time Radio Hour, que foi ao ar no dia 16 de junho de 2008, tendo como tema “Around The World”. Dylan selecionou 14 músicas, de artistas como, Edith Piaf, Beatles e The Pogues. Bob faz uma breve apresentação sobre o Brasil e em seguida apresenta “Aquarela do Brasil”. Por fim, conta uma mini biografia de Elis. “The Little Pepper was gone forever”.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=3bLWwoAfzN8%5D

      1. E também prova de algo raro

        E também prova de algo raro entre seus conterrâneos: vivo interesse pela vida em outros países, em particular pelo Brasil, no qual e sobre o qual pintou uma série de quadros. Segue documentário de um museu dinamarquês em que pessoas leigas e um crítico de arte comentam algumas de suas pinturas, e imagens de outras.

        [video:https://www.youtube.com/watch?v=ro-79n-reBw%5D

         

  11. Reputações impingidas.

    Bob Dylan é mais um caso de reputação impingida. Um chato de galocha, que tem uma música chororô para presidiário dormir. Não diz nada, ou pouca coisa, que se aproveite. Prefiro o blues dos pretos dunidenses, esses sim fazendo música verdadeira. E, claro, o jazz. E Billy Holliday, divina nos seus melhores momentos. Mark Knopfler dá de 10 a zero naquele caipira capitalista frustrado.

    Outra reputaçao impingida é Carlos Drummond de Andrade. Um idiota, que ficou a vida inteira fazendo mi-mi-mi. Deve ser parente do Michel Temer.

    Aldir Blanc tem alguma coisa interessante. Bem mais interessantes são as letras do Chico Buarque.

  12. “Like a complete unknown, like a rolling stone”

    Bob Dylan “disfarçado” em Copacabana chama mais a atenção do que ninguém. Como artista que se preza, Dylan gosta de caminhar pelas ruas mode observar a vida. Há pouco tempo, foi preso no interior dos Estados Unidos, após ser denunciado por uma senhora que desconfiava de um tipo suspeito rondando a vizinhança. Sem documentos, foi levado prum posto de polícia até os guardas confirmarem quem era o cara…

    1. Como artista que se preza, Chico gosta de caminhar pelas ruas

      Até aí deu empate. Ou melhor, o Chico ganhou porque tem a ousadia de andar por aí disfarçado de … Chico!

      Mas a história do Dylan é ótima

  13. Me desculpem, mas agora vou fazer a tiete

    Olha ele aí pelas ruas. Esse é O Tipo de Compositor.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=5Rlj6q2dlHM%5D

    Amor Barato

    Eu queria ser
    Um tipo de compositor
    Capaz de cantar nosso amor
    Modesto

    Um tipo de amor
    Que é de mendigar cafuné
    Que é pobre e às vezes nem é
    Honesto

    Pechincha de amor
    Mas que eu faço tanta questão
    Que se tiver precisão
    Eu furto

    Vem cá, meu amor
    Aguenta o teu cantador
    Me esquenta porque o cobertor é curto

    Mas levo esse amor
    Com o zelo de quem leva o andor
    Eu velo pelo meu amor
    Que sonha

    Que enfim, nosso amor
    Também pode ter seu valor
    Também é um tipo de flor
    Que nem outro tipo de flor

    Dum tipo que tem
    Que não deve nada a ninguém
    Que dá mais que maria-sem-vergonha

    Eu queria ser
    Um tipo de compositor
    Capaz de cantar nosso amor
    Barato

    Um tipo de amor
    Que é de esfarrapar e cerzir
    Que é de comer e cuspir
    No prato

    Mas levo esse amor
    Com zelo de quem leva o andor
    Eu velo pelo meu amor
    Que sonha

    Que, enfim, nosso amor
    Também pode ter seu valor
    Também é um tipo de flor
    Que nem outro tipo de flor

    Dum tipo que tem
    Que não deve nada a ninguém
    Que dá mais que maria-sem-vergonha

     

  14. Querem saber? Beatles,

    Querem saber? Beatles, Stones, Floyd, Zeppelin e Sabbath são muito maiores (e tantas outras). Se Dylan ganhou o que merecem esses caras?

    Me poupem fãs do Dylan.

    Ele ganhou. Mas é uma blasfêmia. Ponto final.

    1. Felizmente, seu gosto

      Felizmente, seu gosto literário e sua opinião sobre a vasta, complexa e importante obra de Dylan não têm a menor importância.

  15. nobélicas

    Vânia, se essas letras – sejam de Bob Dylan, de Chico, de Aldir, de Caetano – não fizessem par com uma música despertariam o encanto que despertam?

    Certamente não.

    “Catavento e Girassol” é genial; uma das mais perfeitas letras da MPB. Mas onde fica o Guinga nessa história?

    “Cecília” é inebriante. Mas onde o Luiz Cláudio Ramos nessa história?

    “O Bêbado e a Equilibrista”? Onde fica o João Bosco? E a insuperável interpretação de Elis Regina?

    Não leio em inglês; porém, supondo que as letras de Bob Dylan sejam realmente maravilhosas – e as traduções sejam pálidas ou incolores -, onde fica o músico Bob Dylan nessa história?

    Knut Hamsun, Pasternak, Thomas Mann, Steinbeck, Gabriel Garcia, Camus, Sartre, Pär Lagerkvist, Saramago, Vargas Llosa não contaram com o apoio de acompanhamento musical…

    Vânia, leia “Wop bop a loo bop a lop ba ba!”

    Sentiu alguma coisa?

    Agora clique aqui:

    https://www.youtube.com/watch?v=F13JNjpNW6c

    1. A poesia nasceu com a música.

      A poesia nasceu com a música. Entre os gregos antigos, a lírica (de onde veio o que chamamos de poesia), e a épica (de onde veio a narrativa: romance, conto) e a tragédia/comédia (de onde veio o teatro/cinema) eram cantadas com acompanhamento musical e até dançadas. A poesia medieval dos trovadores da Idade Média eram cantada, com instrumentação musical e até dançada. Como o senhor deveria saber, não havia como gravar essa música antiga, nem restaram notações dela. Restaram escritos seus textos extraordinários: a poesia lírica de Homero, Safo, Arquíloco, Sófocles (entre os gregos antigos); a poesia trovadoresca de Bernart de Ventadorn, Arnaut Daniel, Martin Codax (entre os medievais) e milhares de outros. Perguntinha: como e por que essa poesia sobrevive sem a música com que nasceu, e é considerada literatura de alto nível?

      1. cancioneiras

        “A poesia nasceu com a música.”

        A poesia não nasceu como música. Ela pode ter nascido como canção – o que não é exatamente a mesma coisa.

        Ao menos a partir de uma abordagem continuísta, e com todo perigo do anacronismo, as ciências – ou parte significativa deste campo – poderiam ser recuperadas na filosofia grega. Porém ninguém hoje confundiria a Física de Aristóteles com a de Einstein ou de Niels Bohr.

        “como e por que essa poesia sobrevive sem a música com que nasceu, e é considerada literatura de alto nível?”

        Jair, a poesia de Dylan sofreu essa prova do tempos?

        Se, em vez de canções, ele tivesse publicado as letras como poesia – é claro que não me refiro a songbooks -, alguém saberia quem é Bob Dylan?

        É claro que sempre se pode musicar um poema. E os resultados podem ser excelentes.

        Seria o caso de CANÇÃO AMIGA, de Drummond, musicada por Milton Nascimento.

        A música pode ter vida própria para além do que pretende a letra e, dado a essa autonomia, seduzir os ouvidos.

        Dou um exemplo que pode chocar.

        Talvez você conheça: existe uma canção fascista intitulada FACETTA NERA. O significado da letra é pavoroso. No entanto, eu, mesmo não alimentando nenhuma atração pelo fascismo, me encanto com a canção.

        Escute: https://www.youtube.com/watch?v=PuFdYJa7DNc

        Seria um caso semelhante àquele do filme O NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO, de Griffith. Obra-prima enquanto linguagem cinematográfica divulgando um conteúdo – julgado por mim e por muitos – ideologicamente tenebroso.

  16. Gostaria de ter escrito esse texto. . .

    Gostaria de ter escrito esse texto, Bob Dylan  realmente merece esse prêmio Nobel pelas poesias de suas músicas, mas temos muitos brasileiros que também teriam merecido, como  os citados: Chico Buarque, Carlos Drumond de Andrade, Aldir Blanc, Caetano Veloso e outros. O grande problema é que não escrevem em inglês. Críticos já disseram inclusive que nosso escritor maior Machado de Assis teria sua obra comparada a de William Shakesapeare se tivesse escrito em inglês.

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