Homenagem aos 400 anos da morte de Shakespeare

Nesta homenagem aos 400 anos da morte de Shakespeare (1564-1616) apresentaremos o filme Ricardo III, de 1995. Mas antes mostraremos um trecho do filme Ricardo III, de Laurence Olivier, realizado 40 anos antes, em 1955, o qual muitos críticos o consideram a melhor adaptação da peça do Bardo inglês. 

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Tradução parcial nossa (esta cena do filme foi retirada do Primeiro Ato, Cena I, da Peça de Shakespeare): 

“Temos agora o inverno do nosso descontentamento transformado em verão glorioso por esse astro rei de York (1); e todas as nuvens que pesaram sobre nossa Casa (2) estão enterradas no fundo do coração do oceano. Temos agora as nossas fontes enfeitiçadas com a guirlanda dos vitoriosos; nossos contundidos escudos pendurados: monumentos de guerra; nossos duros toques de atacar transformados em jubilosas reuniões; nossas pavorosas marchas, em prazerosa música e deliciosos bailes. (…) Ora, eu, na calmaria destes fracos tempos de paz, não encontro prazer em ver o tempo passar, ao menos seja para espionar a minha sombra ao sol e discorrer sobre meu próprio corpo deformando. (…) estou decidido a agir como um canalha e detestar os prazeres fáceis dos dias de hoje. Divisei planos e armei perigosos preparativos, por meio de bêbadas profecias, libelos e sonhos, para colocar meu irmão Clarence e o Rei (3) um contra o outro, em ódio mortal. E, se o Rei Eduardo for leal e justo na mesma proporção em que eu sou sutil, falso e traiçoeiro, hoje mesmo Clarence deverá ser engaiolado e muito bem vigiado, por conta de uma profecia que diz que os herdeiros de Eduardo serão por (4) assassinados. (…)”

(1) O Rei Eduardo IV (1442-1483) era da Casa de York, que lutou contra a Casa de Lancaster na Guerra das Rosas (1455-1485) e irmão de Ricardo e Clarence. (N.T.)
(2)  A Casa de York. (N.T.)
(3) Rei Eduardo IV, irmão mais velho de Clarence e Ricardo. (N.T.)
(4) O primeiro nome do Duque de Clarence é George. Entretanto, Ricardo é o Duque de Gloucester. (N.T.)
(in Ricardo III – L&PM Pocket, tradução e notas de Beatriz Viégas-Faria, págs. 25/26)
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“Um cavalo, um cavalo! Meu Reino por um cavalo!” – Ricardo III antes de morrer em batalha.


Ilustração: Aroeira

Ricardo III (Richard III no original) é um drama histórico em cinco atos escrito pelo dramaturgo inglês William Shakespeare entre 1592 e 1593, o qual se baseou na história verdadeira do rei Ricardo III da Inglaterra. A obra retrata a ascensão maquiavélica de Ricardo III e seu subsequente curto reinado. 

“Ricardo III é uma das peças históricas de William Shakespeare e narra um pedaço da história da Inglaterra. Encenada pela primeira vez entre 1592 e 1593, com enorme sucesso, se passa no final da Guerra das Rosas, o conflito sucessório pelo trono da Inglaterra ocorrido entre 1455 e 1485 que coloca em choque político os dois ramos da dinastia Plantageneta: a Casa Real de York e a Casa Real de Lancaster.

A peça oferece uma visão rica dos bastidores políticos no que se refere à imoralidade e à ambição desmesurada para chegar ao poder. Ricardo, Duque de Gloucester – que de fato governou a Inglaterra de 1483 a 1485 –, não sente remorso algum ao eliminar seus adversários, tramando complôs, traindo familiares e casando-se por interesse com o único fim de chegar ao trono.

No início do primeiro ato, Eduardo IV, yorkista, é rei; mas seu irmão Ricardo, Duque de Gloucester, planeja usurpar o trono, nem que para isso tenha de provocar intrigas, matar aliados, amigos e parentes e faltar com a própria palavra.

Trata-se de uma peça de incrível vitalidade, sobre a maldade que desafia a compreensão, a cobiça pelo poder e os bastidores das disputas políticas; a estrela máxima é inegavelmente a figura de Ricardo, Duque de Gloucester. Aqui ele é pintado pelo virtuosismo verbal de Shakespeare (1564-1616) como um ser imoral e inescrupuloso ao extremo, cuja megalomania beira a licenciosidade, que horroriza o leitor ao mesmo tempo em que o seduz – e que, em última análise, representa toda a hipocrisia do mundo da política.  Shakespeare retratou Ricardo III exagerando-lhe as características físicas de feiura e sua maldade pessoal, criando um vilão fascinante aos olhos do leitor. Neste quesito de vilão shakespeariano mais bem acabado e mais delirante, Ricardo rivaliza com Iago, o vingativo personagem de Otelo”. (in Ricardo III, L&PM Pocket, por Beatriz Viégas-Faria)
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O FILME RICARDO III

Neste filme, a história do traiçoeiro usurpador do trono inglês ganha novos contornos,  numa visão moderna, que transporta o drama histórico da Idade Média para um cenário de uma Inglaterra nazifascista dos anos 30, no qual o personagem principal é retratado como um ditador fascista. A brilhante e ousada adaptação da clássica peça de Shakespeare sobre poder, ambição, luxúria, intrigas e traições assassinas, foi dirigida pelo cineasta Richard Loncraine, com um elenco formado por Annette Bening, Kristin Scott Thomas, Nigel Hawthorne, Edward Hardwicke, Maggie Smith, Robert Downey Jr. e outros, protagonizada por Ian McKellen como o último rei da Casa de York.

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Comentários dos Filmes: Aqui & Aqui
O Livro: 
L&PM

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Jota Botelho

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