O domínio da Globo no mercado de cinema

Por Arthur Taguti

Comentário ao post “O renascimento do cinema nacional

Peraí. “Meu passado me condena” é um filme “global”. Destes 22 milhões de ingressos vendidos, quantos se referem a porcarias produzidas, ou divulgadas, ou financiadas pela Globo? 21 milhões e 900 mil?

Estamos falando aqui de mudança de regulação, investimento de recursos públicos, criação de fundos setoriais, e é motivo de comemoração ainda vermos um mercado totalmente dominado pela Globo – que, no final das contas, nem precisaria de patrocínio público nem incentivos? 

O problema não é quantos espectadores, ou o quanto rende. Investimento em cinema a vera, partindo do poder público, seria quebrar esta espinha dorsal a que aludiu Caio Blat, em que uma empresa só domina a distribuição de filmes de ponta a ponta. 

Pelo contrário, o que o governo fez foi agigantar ainda mais este sistema, tanto que o nosso “renascimento” é feito a base de filmes do Bruno Mazzeo, de comédias românticas parecidas com novelas globais, e toda essa porcaria que estamos acostumados a ver que só engorda os cofres da Globo. 

 

Redação

12 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Considerando que a “TV como

    Considerando que a “TV como conhecemos hoje” estaria com os dias contados devido ao crescimento da Internet, é compreensível essa “diversificação” partindo da Globo, até como forma de garantir, não apenas, a sobrevivência financeira da empresa, mas também, o poder de influência na política e cultura do país.

    Ou seja, a suposta política do governo de “não chutar cachorro morto”, deixando que a própria Internet “estabeleça” naturalmente um novo mercado de mídia (e derivados) pode não funcionar como se esperava para minar a influência de certos grupos econômicos.

  2. Fico preocupado com os irmãos

    Fico preocupado com os irmãos Marinho, todo dia, fazendo programas, escrevendo roteiros, fazendo figurinos e cenários e agora, fazendo filmes também…

    Quando é que vão perceber que existem milhares de artistas, roteiristas, diretores, marceneiros, figurinistas que trabalham, com COMPETËNCIA, para produzir todos esses programas e filmes?

    Por conta da não cooptação da área política pelo Governo “Progressista”, então o resto não presta…

  3. A Globo é nociva ao cinema

    A Globo é nociva ao cinema nacional, sei lá se é chantagem ou abuso do poder econômico, só sei que eles atrapalham a produção e a distribuiçao de filmes.

    A Globo compra ou banca o filme pra não divulgar, e os que divulgam com raras exceções são umas porcarias.

    O cinema argentino, chileno, turco, iraniano estão muitooo à frente do nosso, infelizmente.

    Tínhamos tudo, atores e um mercado razoável, mas a Globo vem e embosteia tudo, é um midas às avessas.

  4. Follow the money

    Bom, acho bem bom que este ponto tenha sido destacado (saudações Tagutti e Assis).

    Queria ler mais, também, do Klaus.

    Acho que ele apontou o caminho da análise; o favorecimento, sim, a decisão de favorecer, os produtores.

    Cheguei eu a imaginar que até poderia inspirar um roteiro para um… filme, rsrs.

    Imaginei até um seguinte diálogo.

    Um produtor:

    “que qualidade o quê! Isso é papo de “intelectualóide”! Qualidade é sucesso; é grana: é viagem moda, decoração, gastronomia e degustação, hehe”

    e o outro complementendo:

      “…e cobertura no Leblon, haha!”

    Continuo achando, contudo, que quem quiser dar seu carinho ou seu baratinho para o cineminha nacional eu nem ligo. Eu não vejo nem em tv aberta.

    Só lamento muito ver renuncia fiscal pra financiar a mentira.

    Mas….(já ouvi):  “O que é a realidade? A arte tá aí pra distrair? Pra emocionar?”

    Insisto: não é uma discussão sobre “criação”, “ficção”; tampouco sobre “verdade”: é uma questão sobre a mentira. A mentira todos sabem (aliás, como lembrava o Millor, ninguém sabe) identifificar.

    E tome carinho e baratinho, haha.

  5. CINEMA É ENTRETENIMENTO

    Uma parcela da sociedade acredita que os filmes são da Globo, pelo povo , para o povo.O resto é apenas um atestado de incompetência dos seus desafetos.

    1. Sim, tem casos de filmes de

      Sim, tem casos de filmes de baixíssimo orçamento, coisa de R$100mil, que conseguiu arrecadar centenas de milhões.

      Mas para isso precisa ser gênio.

       

      E, ao meu ver, me parece todos interessados numa mamadinha.

       

      É o assunto. A Globo mama demais. Assim eu não posso mamar também.

       

      A solução é uma só. A mamadeira tem que ser maior, uahuauahahua.

      Oooo gente sem noção.

  6. Guerra ideológica

    O aspecto comercial é importante para a Globo, mas ela sempre conseguiu, através de suas novelas/seriados/programas de auditório/jornalismo, etc., impor seu padrão de sociedade, visão de mundo aos seus telespectadores. Filmes como “Eaí, comeu?” não sao incentivados só pela alta possibilidade de retorno financeiro, mas também pelo aspecto idiotizante, bem de consumo rápido para jogar no lixo logo após o fim da sessão.

    A polêmica em torno do “O Som ao Redor”, que segundo o diretor visava fazer uma leitura atual de “Casa Grande e Senzala”, é bem representativa de como a Globo boicota produções que instigam o espectador a pensar. Produções boas existem, mas a distribuição é boicotada, a divulgação é zero, só restrita a meia dúzia de pessoas, enquanto na Argentina e no Chile vemos bom cinema crítico no “mainstream”, conquistando grandes audiências e concorrendo em mostras internacionais.

    O monopólio da distribuição de filmes a que aludiu Caio Blat é tóxica pois, além de estabelecer uma vantagem detestável, asfixia o surgimento de uma safra de bons diretores que querem passar ao largo das produções globais idiotizantes.

     

  7. A Globo não precisa de $$$$ público.

    Existem inúmeras produções culturais, não somente as cinematográficas, que não precisam de dinheiro público para se realizarem. Eu acho um acinte um artista derenome tal qual Cláudia Raia vir ao Minc pleitear recursos para seu espetáculo Cabaret! Além do detalhe que os ingressos são caríssimos. O Minc peca em “prestigiar” esses artistas. Eles nçao precisam de dinehiro público, seja pela isenção fisscal, seja por convênios e outros tipos de apoio. O Minc temque atuar, e isso é uma coisa que nos revolta aqui, aonde o grande “empresário” não tem interesse. Tem colocar dinheiro nas culturas populares, na cultura dos quilombolas, nos mestres, nos projetos em localidades de vulnerabilidade social. Ficamos indignados quando vemos na nossa frente passar um projeto para um circo Thyanni (R$ 60,00 o ingresso mais barato), Claúdia Leite, Seu Jorge, Titãs, peças de teatro de globais, Rock´n Rio, etc. Outro aspecto que nos causa “espécie” são as contrapartidas apresentadas pelos produtores. Pela Lei a contrapartida tem que ser no valor de 20% do total do projeto. Pode ser em pecúnia, serviços, espetáculos gratuitos e outros. Mas aí é que mora a maladragem. As contrapartidas são geralmente inconsistentes e sem jeito de mensurar. Sem contar com as precárias prestações de conta. Existe uma industria de produção (?) cultural mamando no Minc.

    1. Show da Cláudia Leite não

      Show da Cláudia Leite não deveria nem ser classificado como atividade cultural. No máximo, é entretenimento de gosto duvidoso. E é o que você falou. Único jeito dos “técnicos” do MinC tomarem algum semancol é aprovando uma “Lei de Cotas” pra Rouanet, ou algo do tipo, pra excluir “superprodutores” e “super-artistas”. 

      Isenção fiscal para quem já faturaria milhões sem incentivos? Enquanto tem um monte de atividade cultural subfinanciada no nosso país? Que que isso? Programa de transferência de renda pra artista mimado?

      Impressionante como quase todo filme global a gente vê o símbolo da Petrobras, do MinC, da Prefeitura do RJ, do Governo do Estado do RJ, e 2 meses depois se lê uma notícia que o mesmo faturou não sei quanto milhões. É uma mamata sem fim essa palhaçada.

  8. Tudo que a Globo toca, ela pasteuriza e padroniza pra baixo.

    Esse “Cinema Nacional” com cara, padrão e atores/atrizes da Globo eu não assisto, é tudo lixo. Não sei porque mas da a impressão que vc vai ao cinema ver uma capítulo de novela, tal é a semelhança estética com o “padrão Globo de qualidade”.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador